Cardigan

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E quando eu senti como se eu fosse um cardigã velho debaixo da cama de alguém, você me vestiu e disse que eu era o seu favorito.

Taylor Swift - Cardigan.

Normalmente eu não me importava quando alguém ia embora da minha vida, não mesmo, a não ser que fosse meu irmão, Tae. Mas isso já era tão... Costumeiro. Era algo monótono. Eu me acostumei a ficar na minha própria presença, a não ter ninguém.

Quando algo acontece repetidas vezes na vida de alguém, as pessoas costumam enjoar ou ficarem bravas por aquilo, o meu caso era o segundo. Eu estava farta das pessoas irem embora de minha vida, eu não era o suficiente? Minha companhia não era o suficiente? O que tinha de errado comigo? Eu estava realmente frustrada, mas era algo tão estúpido que eu ficava brava por isso também. As vezes ficava brava por sempre trombar com as pessoas erradas e ruins e achar que elas eram as boas e certas para mim, para as pessoas ao redor. As vezes.

Da minha mesa, com um livro em mãos, esse que tinha o nome de Por Lugares Incríveis, eu não prestava realmente atenção nele nesse momento, apesar de ser um livro que me agrada bastante. Eu ouvia e as vezes desviava o olhar para o balcão de atendimento, onde sem saber, a atendente fazia alguém repensar em suas atitudes grosseiras e falta de educação. Sorrindo e mostrando suas pérolas lindas e brilhantes para o garoto que adentrou a cafeteria/biblioteca um pouco estupefato e raivoso, como se visse algo que não o agradou. Ele teria falado de uma forma ou pouco rude com a garota simpática, reclamado do atraso do seu café e bufado várias vezes.

"Está tudo bem com o senhor?", bastou apenas isso, um franzir de sobrancelhas, um sorriso acolhedor e um olhar atento para o garoto suspirar, dessa vez parecia cansado e culpado por descontar indiretamente na atendente atenciosa. Ele abaixou a cabeça e pediu desculpas, uma, duas, três vezes. Sua voz se tornando gradativamente baixa e rouca.

— Aqui está o seu café, tenha um ótimo dia, moço!— entregou o copo vintage ao garoto que sorriu agradecido e se desculpou mais uma vez.— Todos nós temos dias difíceis.— colou um papelzinho no copo.

Ele apenas concordou e saiu, com meu olhar o acompanhando até o lado de fora, onde as grandes janelas de vidro me permitiam o vê-lo. Parece ter finalmente notado a existência do papel, estava pronto para amassar quando leu, e apesar do papel ser pequeno, ficou inúmeros segundos com os olhos levemente arregalados ali, um sorriso grande nasceu em seus lábios e algumas lágrimas encheram seus olhinhos pequenos.

Ele encarou a atendente, que levantou as duas mãos, os polegares levantados formando dois "joinhas".

Aposto que era mais uma de suas frases que geralmente colocava em copos de gente estressadas e tristes, ou sentimentos parecidos assim.

Desviei o olhar, tentando me concentrar no livro, minutos depois escutei seus passos perto de mim.

— Você lê mais rápido do que aparenta.— levantei meus olhos para si, ignorando o salto em meu coração por ouvir sua voz rouca e sentir seu perfume forte, porém suave pelo ar.

— Desde quando acredita no que as aparências dizem?— retruquei, não muito afim de conversar.

Ela sorriu, um sorriso bonito.— Não disse isso.

— Não?

— Não mesmo.

— O que disse, então?— desafiei.

Flores, livros e cafeteria - Jenlisa (Lisa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora