Antes.— Gosta dela — Kourtney cutucou minhas costelas com uma caneta enquanto nós e a sala toda víamos Rosemary fazer uma apresentação de slides. Até o professor ficava entretido com sua desenvoltura, ela era a queridinha de todos eles, ela babava o saco de cada um deles e agia feito uma garotinha exemplar.
E ela era mesmo uma garotinha exemplar.
Normalmente, todo mundo odeia sabichões, mas ninguém detestava Rose, apesar de não ter síndrome de estrelismo e não possuir grande popularidade, todos que a conheciam gostavam dela.
— Porque não vai procurar uma boceta, Kort — disse para que ela parasse de me encher. A garota apenas riu e voltou a brincar com a argolinha que tinha no seu lábio inferior.
— Minha namorada tá me dando um gelo, estou entediada— respondeu.
— Então resolve encher meu saco? — ela precisava mesmo de uma boceta afinal. Provavelmente eu também, se estivesse ocupado com uma não estaria olhando fixamente para os sapatos de Rose, um par de all-star's amarelos, pensando como eles ficam bem nela.
Preferia saltos, eram mais sexys, só que aqueles sapatos a davam um charme que ainda não conseguia decifrar.
— Se você não estivesse babando seria bem mais fácil ignorar que tá doido pra levar minha amiga pra cama — Koutney nunca foi boa em rodeios e isso as vezes colocava as pessoas em situações constrangedoras.
Queria rebater, negar e rolar os olhos pra ela, se ela estivesse errada. Uma verdade que não conseguia assumir, ainda que quisesse, era a atração surpreendete que sentia por Rosemary.
E o carinho, o estranho afeto que ela estimulava em mim.
— Ela também é minha amiga — a lembrei. — mais do que sua — dentre nós, era eu quem passava mais tempo com Rose, quem a socorria quando ela simplesmente entrava em desespero e se desconectava das redes sociais para estudar esquecendo até de comer.
— Isso se chama friendzone, gatinho — seu lápis batucou sobre sua lousa. Olhei rapidamente para a garota irritante ao meu lado que tinha constatado meus interesses com facilidade demais. Seu cabelo estava preso, as mechas verdes, vermelhas rosas e azuis contidas por um elastico de cabelo.
— Cuida da sua vida — lhe dei um sorriso. — Por favor.
— Se demorar muito vai perder sua chance — avisou. — Ela anda saindo bastante depois do trabalho e dormindo fora. Desmarcou comigo na semana passada porque não estaria em casa.
— Ela pode ter saído pra comer.
— É, Connor, ela saiu às onze da noite pra comer, realmente — deu um risinho abafado. — o questionamento que fica é: comer quem?
Respirei fundo, não conseguia associar Rosemary facilmente a outros caras ultimamente, o que tornava complicado me associar a outras mulheres também.
Durante toda a vida tive uma irmã que nunca precisou de mim ou da minha proteção, Beatrice, minha gêmea, era tão ameaçadora e forte quanto o próprio homem de ferro, então me preocupar com o bem estar de alguém além de mim nunca ocorrera antes.
Comigo, Rosemary despertou um instinto protetor quase que de imediato, desde o dia que nos conhecemos, desde a festa de calouros quando vi o quanto ela era frágil, pequena e ingênua sobre tantas questões, não consegui me afastar. Passei toda a noite da nossa primeira festa grudado nela, ela bebeu demais e no mundo perfeito isso não seria um problema, mas no nosso mundo alguns homens não eram homens, eram monstrons disfarçados esperando apenas uma oportunidade de executar atos atrozes.
Ela confiou tão rapidamente em mim, se aproximou de mim, me deixou confortável comigo mesmo e com as minhas decisões que tantos discordavam. Além de todas as coisas que me faziam não desviar e manter os olhos fixos em Rosemary, havia a beleza dela também.
Abaixo das armações de óculos redondas, haviam lindos olhos castanhos e dóceis; suas sobrancelhas baixas só a faziam parecer ainda mais irritantemente adorável e atraente. Era um misto de "quero aperta-la e rasgar sua roupa" que me perturbava e tomava minha sanidade.
Sempre tive muito autocontrole, calculo muito bem situações que possam deixar outras mulheres desconfortáveis perto de mim e as evito. Tendo uma irmã, gosto de pensar em como um cara deveria agir com ela nas mesmas situações que me encontro.
Se um cara gostasse da minha irmã e ela não lhe desse um único sinal ou brecha, iria preferir que ele ficasse na dele, quieto, em nome da boa convivência e do clima bizarro que poderia se instalar.
Rose não me deu uma única pista, sinal de fumaça ou provocação que indicasse qualquer interesse além da relação de amizade que tínhamos, então eu decidi ficar quieto. Calado e inoperante.
— Acha que ela gosta de alguém? — sussurrei. Não era da minha conta e não faria diferença, porém não custava nada saber...
— provavelmente, ela anda meio distraída, não faz o perfil dela se distrair — apontou. — Ela é do tipo ansiosa e antenta, não abobalhada. E ela tá abobalhada pra caramba.
— oh — realmente, tinha reparado isso uma ou duas vezes, mas não analisei tão a fundo.
Rosemary andava mesmo distante, no mundo da lua, saindo quase sempre as pressas.
Minha cabeça precisava voltar para o lugar.
****Sai do banheiro com a toalha enrolada nos quadris e sob o olhar lascivo de Jeane dei um sorrisinho.
A garota deitada na cama parecia bem mais do que satisfeita e muito, muito cansada.
— Gosto quando faz visitas repetinas — mordeu seu lábio enquanto me observava descaradamente. Não costumava ter ficantes fixas, mas tinha duas ou três amiguinhas que curtiam se divertir sem misturar as coisas quando batia a vontade. — Mas geralmente isso acontece quando você tá bêbado, então tem algo de diferente.
Balancei a cabeça para sacudir os respingos de água.
— Precisava me distrair — se Rose estava distraída por causa de alguém, ficar fixado nela era o pior que poderia fazer a nós dois, então arrumei minha própria distração. E os peitos fartos de Jeane eram uma distração boa demais.
Caminhei até sua cama, a pele negra de Jeane ainda brilhava de suor, os seios estavam esparramados com ela deitada de barriga para cima, os braços atrás de sua cabeça enquanto eu subia por seu colchão e engatinhava sobre ela.
— Pelo visto não foi o suficiente — reparou, contudo um brilho malicioso cobriu seus olhos e suas pernas se abriram para mim a medida que fui a cobrindo com meu corpo.
— Não, não foi — afirmei descendo minha boca sobre a sua, os lábios cheios e convidativos apagando meus pensamentos e a imagem de outra mulher.
Jeane era boa demais de cama para permitir que outra coisa passasse na cabeça de um cara no sexo além dela mesma.
Era uma dinâmica clara e consensual de uso mútuo. Descomplicado, fácil e gostoso.
Enquanto estivesse perdido em alguma boceta não iria me preocupar com coisas estupidas feito o coração.
Era nisso que eu precisava acreditar e me agarrava com toda força. Se estivesse distraído o suficiente, aquela sensação e desejo iriam sumir, não apenas temporariamente, mas por completo.
Rose se reduziria a apenas uma boa amiga e não a garota que queria, todos os dias, ver sorrir.
***
Dois dias seguidos pra compensar kkk
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3 •Me Esqueça, Por Favor - Blue Sky City
RomancePeter Brooks está no auge dos seus trinta anos, com uma vida profissional invejável, dinheiro de sobra e mulheres caindo aos seus pés não importa a direção que olhe. Nenhum homem iria desejar mais que isso. Não é? Ele achava que sim, até finalmente...