Capítulo 18. Um lugar seguro

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Mare


Depois da noite passada, não consegui dormir direito. Ainda está de madrugada quando me levanto, visto uma roupa normal e coloco um casaco grande. Preciso ficar sozinha, preciso pensar. Vou até o jardim, ninguém me vê, sou bem ágil na verdade.

Me sento em um banco, a várias flores ao redor e as luzes já estão sendo apagadas. O sol deve raiar em poucas horas. Gosto desse período, antes do sol, mas depois da noite.

Minha cabeça está a mil por hora. As vezes penso que deveria ir embora, acabar com tudo isso. Sei que acabaria prejudicando o meu reino... e eu acho que estou começando a me apaixonar por ele.

- Droga! - digo pra mim mesma, abaixo a cabeça apoiada nas minhas mãos.

- Insônia majestade? - levanto a cabeça com tudo, não senti ninguém se aproximar. Mas quando vejo a pessoa, relaxo - Essa insônia tem nome, Tiberias Calore.

- Evangeline - abro espaço pra que se sente.

- Mare - ela diz ao meu lado - eu sei o que houve ontem, na verdade eu te entendo, sabia?

Olho pra ela confusa. Qualquer pessoa com olhos, infelizmente, podia notar minha irritação ontem.

- Somos mulheres em reinos governados por homens - ela diz calma - mas somos tão fortes quanto eles, isso os assusta. Uma mulher, rainha, sem um rei, governando um dos reinos mais poderosos do mundo, meu anjo isso até me arrepia. - ela diz passando a mão pelo braço, eu rio dela - Mare, você é poderosa, e os homens tem medo do seu poder. Mas você é um exemplo, pra cada mulher, criança ou minoria, você é maior que tudo isso, você não é só uma rainha, você é a primeira e única Rainha Vermelha - ela me olha nos olhos agora - não deixe que eles diminuam quem você é, são eles que devem se curvar perante a montanha!

Evangeline e eu não éramos amigas quando pequenas, ela era insuportável. Mas o tempo fez muito bem pra ela. Evangeline se tornou algo a mais, não só uma princesa, mas uma verdadeira líder.

- O que você quis dizer com que me entendia? - pergunto a ela.

- Bem - ela suspira - Tolly e eu governamos juntos, tudo meio a meio, sem brigas - balanço a cabeça concordando - mas é ele que as pessoas chamam de rei, Mare. Não importa se ele corrije, já colocaram a coroa nele. Sou eu quem tomo grande parte das decisões, eu quem passo mais tempo na sala do trono, monto estratégias... Mas para várias pessoas, ele é o rei, e eu sou apenas mais uma princesa.

Vejo a dor nos seus olhos, sei como é ser diminuída, como é tirarem seu valor. Seguro suas mãos.

- Mas eu não desisto Mare - ela aperta minhas mãos e me encara - pois eu sei meu valor e ninguém vai diminuir ele. Eu sou maior que tudo isso, e eu não me curvo!! Mulheres como nós, são o futuro, somos nós que estabelecemos nosso lugar, seja ao lado de um rei, ou governando sozinha. Você que escolhe, majestade.

Meus olhos estão marejados, Evangeline se tornou uma grande aliada e amiga.

- Obrigado - susurro.

- Que isso Barrow - ela bate no meu braço - agora quanto ao Calore - reviro os olhos e ela sorri - ele é bom Mare, e honrado, tenho certeza que não quis te magoar, ele realmente gosta de você. O que é incrível já que ele só gosta daquela moto.

Não consigo segura e caio na gargalhada, Evangeline me acompanha.

- Eu vou indo - ela diz se levantando - minha mulher deve estar sentindo minha falta. Você vem?

- Depois, preciso de mais um tempo. Muito obrigado Eve.

Ela acena com a cabeça e sai. Ela está certa, não posso culpar ele por algo que foi meu avô que planejou.

 A união de dois sangues Onde histórias criam vida. Descubra agora