Connor série: Shadows of Wolf (livro 1)

I

"Está noite, eu quero me divertir de verdade

Eu me sinto vivo

E o mundo, eu vou virá-lo do avesso, Sim!

Estou flutuando por aí em êxtase

Então não me pare agora."

- Don't stop me now (Queen)

Estou na praça da cidade com minhas amigas Jasmim e Lídia, hoje é a festa anual de outono da cidade, os meninos do clube estão com uma barraca e nós viemos ajudá-los com o que precisarem. Jasmim por ser mulher de Elijah e eu por ser amiga de infância do Connor, vice-presidente dos Shadows.

Todos sabem que sou apaixonada por ele desde sempre, mas escondo esse sentimento pelo meu próprio bem, Connor ou como conhecem ele no clube "Rocky" sempre foi muito mulherengo desde o primário, ele vivia saindo com líderes de torcidas e eu como sempre era a gorda estranha da escola, não me iludia muito.

Começamos a ser amigos num dia em que uns meninos mais velhos vieram mexer comigo enquanto eu almoçava com as meninas. Como Connor era mais velho e todos tinham medo dele por seu pai ser o fundador do motoclube da cidade, ninguém mexe com os filhos e amigos do clube. Ele me defendeu dos meninos e depois desse dia, ele sempre andava por perto, me perguntava se eu estava bem e se não tinha ninguém me incomodando.

Os anos se passaram e eu comecei a frequentar o clube com Connor, seus amigos e as meninas, mas sempre escondida porque se o meu padrasto descobrisse eu estava morta, não tive a infância e adolescência mais tranquila, sofria abusos físicos de James (meu padrasto) desde meus seis anos, com onze começaram os abusos sexuais, ele aproveitava que minha mãe trabalhava durante a madrugada e invadia meu quarto enquanto eu dormia, até que um dia a três anos atrás quando eu tinha quinze anos, minha mãe chegou mais cedo e pegou ele me abusando, ela chamou a polícia e ele foi levado, a juíza deu cinquenta anos de prisão para James, quando Connor descobriu ele ficou furioso, porque eu nunca tinha contado nada para ele e nem para ninguém, nem as meninas sabiam.

Ele se sentiu culpado por dias e ficou esse tempo sem falar comigo, até que um dia ele foi até meu trabalho durante meu horário de almoço para conversar comigo.

Eu e as meninas estávamos ajudando a tia Aída (mãe de Connor) com a barraca de comida do clube, servíamos lanches de quase todos os tipos, enquanto os rapazes do clube ficaram nas barracas de jogos. Eu estava distraída com um cliente quando eu escuto Lídia resmungar algumas coisas atrás de mim.

- Ele só pode estar de brincadeira.

Quando me virei para ver do que ela estava falando, eu vi Connor chegando de mão dada com Britney, uma das Vadias do clube. Eu fingi que não vi nada e continuei atendendo à moça que estava na minha frente, mas tia Aída percebeu e me abraçou por trás para falar no meu ouvido.

- Você sempre vai ser a minha favorita, sabe disso, né?

- Favorita de quê, tia? Para eu ser sua favorita, eu tinha que ser alguma coisa da senhora – eu falei rindo para ela.

- Você sabe do que eu estou falando, não se faça dona Hailey.

Eu dei risada e fui preparar o lanche que já estava na fila. Nem percebi quando Connor chegou na barraca, só percebi quando ele me abraçou por trás e me deu um beijo na bochecha.

- Oi, querida, como você está?

- Estou bem e você QUERIDO. - falei revirando os olhos, porque eu odiava quando ele me chamava assim na frente dos outros.

- Eu estou bem, obrigada por perguntar ruivinha.

Ele saiu de perto e foi falar com a tia Aída, quando eu olhei para frente Britney estava com os braços cruzados me encarando com a cara de nojo, revirando os olhos para mim, como eu nunca falo nada, deixei para lá, mas sei que Lídia e Jasmim perceberam e vão falar sobre isso mais tarde enquanto a gente se arruma para a festa do clube a noite.

O resto da tarde passou tranquilo e voando, teve uma pequena confusão com o Doc, porque o marido de uma das mulheres que ele fica apareceu lá, mas os rapazes resolveram rápido e o moço vai à festa do clube beber de graça a noite, por "cortesia do Doc".

Já eram seis horas quando eu e as meninas fomos para a casa de Lídia nos arrumar. Os pais dela não estavam na cidade e ela era a que tinha mais espaço no quarto para três mulheres se arrumarem.

Eu optei por uma calça de couro preta, body preto decotado, jaqueta jeans e uma bota de cano curto no pé. Lídia preferiu ir de saia jeans, um cropped vermelho, meia rastão e uma bota de cano alto. Já Jasmim, como é namorada de membro, colocou uma calça jeans, uma blusa branca, bota igual à minha e a jaqueta de Old Lady dela.

Perto das dez horas estávamos as três prontas, a motorista da vez seria Lídia, por isso ela não ia beber hoje, ficaria responsável por me levar para casa, já que Jasmim dormiria no clube com Stranger. O caminho até o clube foi bem tranquilo, fomos escutando música e jogando conversa fora e fofocando sobre as coisas que aconteceram na feira mais cedo. Quando viramos a rua já dava para ver várias motos estacionadas ao longo da rua, a grande maioria Harley's, Lídia estacionou na nossa vaga de sempre e entramos no clube que ainda estava começando a encher pela hora, mas já estava bem movimentado, achamos Stranger na multidão e fomos até ele, que estava conversando com um prospecto no bar, quando a gente se aproximou ele cumprimentou todas e já agarrou Jasmim pela cintura.

- Boa noite, meninas, Hailey o Connor está lá no quarto dele e mandou você subir lá quando chegasse.

Eu encarei as meninas, como não era novidade eu ir ao quarto dele desde quando comecei a vir no grupo, eu dei de ombros e fui. O quarto dele fica no final do corredor, no segundo andar. Como ele tinha mandado eu subir, eu entrei sem bater, me deparando com ele só de calça secando o cabelo, eu paralisei por segundos e depois me virei, com o rosto queimando, enquanto ouvia ele rindo.

- Pode olhar, não tem nada, somos amigos. – Não sei por que, mas essa frase me machucou muito.

- Desculpa, eu entrei sem bater porque o Stranger falou que você estava me esperando. – Provavelmente eu estava vermelha que nem um tomate nesse momento.

- Está tudo bem querida, eu já vesti a camiseta, pode virar. – Ele falou, colocando a mão no meu ombro.

- Certo, o que você queria comigo mesmo?

- Eu queria saber o que a Britney falou para você lá na feira e queria saber se está tudo bem, você anda meio afastada de mim ultimamente. – Ele falou, vindo me abraçar.

- Não foi nada de mais, o mesmo de sempre, está tudo bem, só ando ocupada com o trabalho, faculdade e minha mãe que anda meio doente.

- Tudo bem, mas qualquer coisa, você pode falar comigo, okay?

Eu aceno e lhe dou um abraço apertado. Connor beija o topo da minha cabeça e se afasta para pegar seu colete. Após vesti-lo, ele segura na minha cintura e desce comigo para onde está acontecendo a festa.

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