Boate

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"O tempo passa tão lentamente"

✧*:.。.Ran pov.。.:*✧

- Estou de volta, querida! - Exclamei à porta enquanto tirava meus sapatos. Eu esperei, mas não recebi nada além de silêncio.

Meu corpo gelou quando me ocorreu a possibilidade de Akira ter saído de casa, mas logo me tranquilizei com a lembrança clara de que tranquei a porta quando saí.

Quase no mesmo instante eu pude ouvir a voz de Akira à distância, no quarto. Eu me aproximei lentamente evitando fazer barulho, tentando escutar o que ela falava.

- Calma Kazu, eu tô bem! - Disse rindo - Aconteceram tantas coisas que você nem acreditaria... Eu me casei! Com Ran! ...O quê? Não, não mande polícia pra cá. Diga ao Naoto que eu estou bem!

Senti um grande sentimento de ódio surgir em mim ao ver aquilo. Akira estava deitada na cama de barriga para baixo enquanto conversava através do telefone móvel que ficava sobre a cômoda.

Impulsivamente avancei em sua direção e tomei o telefone de sua mão, o aproximando do rosto para gritar alto e claro no aparelho.

- FICA LONGE DELA, PORRA! - Atirei o telefone contra a parede com toda a força que tinha, fazendo o aparelho se partir em pedaços.

- R-ran?! Mas que porra?!

- Que merda você acha que tava fazendo, por acaso enlouqueceu?!

- Eu só estava avisando para o meu amigo que estou viva! Você viu o tanto de cartazes com o meu rosto por aí?!

- Eu não quero ver você falando com ele, nem com ninguém daquele grupo! Entendeu?!

- Você não vai me proibir de falar com meus amigos!

- ELES NÃO SÃO SEUS AMIGOS, NÃO SEJA IMBECIL! QUANTOS DELES FORAM NA SUA CASA PRA SEQUER VER SE VOCÊ ESTAVA VIVA?! QUANTOS DELES AO MENOS SABEM QUE VOCÊ TENTOU SE MATAR TRÊS VEZES E FALHOU EM TODAS ELAS?!

- ...

Um silêncio quase palpável inundou o quarto. Eu pude perceber como a feição de Akira mudou rapidamente de raiva para tristeza. Seus olhos se encheram de água e ela simplesmente começou a chorar, abaixou a cabeça cobrindo o rosto com as mãos.

- Porra. - Me abaixei na frente dela, ficando entre suas pernas - Eu não queria te magoar, amor. Mas você não devia ter feito isso. Eles podem rastrear a gente e me prender, de novo. Você quer que isso aconteça? Quer passar o resto da vida sem me ver?

Akira balançou a cabeça negativamente, quase desesperada. Ela não suportaria perder mais uma pessoa importante em sua vida, e eu sabia disso. Ela havia se tornado frágil e emocionalmente dependente graças aos anos que passou sozinha.

- M-me perdoa... Eu não quis...

- Tudo bem. - A abracei com força - Só não faça isso de novo, ok? Vamos continuar só nós dois por enquanto até a poeira abaixar.

A apertando contra meu peito, eu afaguei seus cabelos levemente bagunçados e beijei sua testa. Podia sentir perfeitamente sua respiração desacelerando aos poucos.

- Eu trouxe algo pra você. - Mudei de assunto imediatamente despertando a curiosidade da mais nova. - Vá pegar, eu deixei lá na cozinha.

Akira apenas acenou com a cabeça e obedeceu ao meu comando, me deixando sozinho no quarto. Suspirei pesadamente enquanto encarava os destroços do telefone que joguei na parede, pensando a respeito da situação.

Send Me Orchids - Ran Haitani Onde histórias criam vida. Descubra agora