Capítulo 1: Miles Behind Us

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O
coelho saltitou duas vezes para frente, parou e farejou com seu focinho, sentindo a leve brisa balançar a grama e provocar ondas em sua penugem bege. De repente...

Twish!

Um dardo sibilou no ar e antes que o pequeno animal pudesse reagir...

Thunk!

O projetil atravessou seu pequeno corpo, prendendo-o no tronco de um velho carvalho, não demorando muito para que uma linha vermelha escorresse até o solo sob a copa da árvore. As folhas e os galhos se remexeram, quando um jovem caucasiano saiu dos arbustos. Ele era um rapaz mediano em estatura, com uma constituição magra, mas forte o suficiente para conseguir sobreviver naquele mundo de dor e morte. Seus cabelos pretos como ônix eram lisos e não viam uma tesoura a muito tempo, cobrindo parcialmente o rosto do jovem, deixando apenas seu olho esquerdo visível.

Ele suspirou, baixando a besta que carregava consigo. Ele a atou envolta de seu torso pela bandoleira, enquanto seus pés calçados pisavam o chão fora dos arbustos em que esteve escondido. Aproximou-se calmamente da carcaça presa na árvore, enquanto puxava as luvas do bolso de seu casaco e as colocava sobre as mãos, cobrindo-as para realizar seu trabalho.

— Acho que isso vai dar para hoje — ele comentou, tirando o dardo do cadáver, antes de pega-lo pelos pezinhos. Dizem que pés de coelho dão sorte, ele pensou, colocando o coelho morto em um saco que trazia consigo. Espero que estejam certos.

De repente, uma vozinha muito conhecida chegou aos seus ouvidos.

— Você conseguiu, Carl!

O jovem ergueu seu olhar, apenas para encontrar uma garota por volta de seis anos correndo até ele. Ela usava um chapéu de xerife na cabeça, cobrindo parcialmente seus curtos cabelos louros, os quais emolduravam seu rosto redondo. Ela vestia uma camisa branca sob uma camisa xadrez, com uma calça jeans e botas de cano-baixo para combinar com o restante de sua vestimenta.

A garotinha parou diante dele, sorrindo ironicamente.

— Mas eu poderia ter feito igual — disse a garotinha, com uma felicidade infantil.

Carl sorriu para sua irmãzinha, dando um leve peteleco no chapéu da garota, que teve de segura-lo para não deixar cair.

— Ainda não, Judy — Carl colocou a sacola sobre o ombro. — Vamos sair daqui, não quero atrair os Errantes.

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Seu velho carro estava parado no lado direito da estrada, apesar de ser um carro da década de oitenta, ele ainda era um belo quebra-galho para se mover por longas distâncias, algo que Carl já fazia muito tempo.

— Pode entrar no carro, Judy — disse Carl para sua irmã, indo em direção ao porta-malas. — Já, já eu vou entrar.

Judith obedeceu sem pestanejar, deixando seu irmão sozinho ao abrir o porta-malas do carro. Não havia muita coisa ali, apenas uma mochila e um pé de cabra. E agora um coelho morto, ele pensou, colocando o saco no porta-malas.

Uugh...

Carl se voltou de imediato ao escutar o tão malditamente familiar grunhido. Um errante estava do outro lado da estrada, seus olhos cegos fitando Carl, suas orelhas apodrecidas escutando-o e suas pernas tortas mancando até ele, enquanto sua mandíbula carcomida abria e fechava. Carl rosnou, fechando o porta-malas com força e produzindo um estrondo, que chamou mais a atenção do errante, que aumentou sua velocidade cambaleante.

TWD: Here We RemainOnde histórias criam vida. Descubra agora