Meu Policial

Me Perdoa?

Cá estou eu na minha patética vida de rejeitado, que desde quando comecei a sentir essas coisas que tiram o nosso ar por outra pessoa, tinham logo que ser por um homem? Mas o que eu posso dizer sobre eles se nem se quer me entendo? Como vou entender o irmão de Vitor? E por falar no nele, que de uns dias pra cá desde que tenta me arrumar uma garota se tornou no amigo mais insuportável que alguém pode ter.

''Eu to avisando hein, depois não reclama'' Encaro-o, Vitor está na mesa de sempre atrás de mim na sala de aula '' Se você não comer ela eu vou hein'' Vitor me ameaça como se pra mim aquela loira significasse alguma coisa. E desde quando começamos a ter essa disputa? Tento ignorar suas palavras, mas ao olhar pra frente vejo que a loira está olhando e sorrindo pra ele agora e não mais pra mim, bom, pelo menos isso eu não estava gostando em nada de ser tão babado.

''Toda sua''

''Gavi!'' ele segura meu ombro me fazendo olha-lo, e começo a chegar a conclusão que talvez Pedri seja tão idiota quanto.

''Não me diz que ela não te atrai?'' quase reviro os olhos e como eu pensei antes seria muito mais fácil se eu estivesse sentindo essas coisas por uma garota.

''Ela é gata''

''Então, qual o problema?''

Penso rápido em uma desculpa convincente.

''Eu prefiro morenas.''

''Ah, entendi, por que não me disse logo? Eu pensei que só pra você ter sua primeira vez ela servisse, exigente você hein...''

Graças a Deus o professor entra e volto a minha atenção para frente e tento me concentrar nos estudos, mas não consigo. Meu pensamento me bombardeia e eu ainda tento entender o que eu fiz de errado para Pedri me tratar daquele jeito. É normal sair dando beijinhos por ai, fazendo a pessoa suspirar e perder o folego pra depois simplesmente ignora-la?

Quando chego em casa me jogo na cama e lá estou de novo com o doce sonho que me restou de Pedri a camiseta em baixo do meu travesseiro. Jogo ela em baixo da cama, não quero mais saber nada desse idiota.

Dias depois...

Vitor me conta como se fosse à conversa mais interessante do mundo que comeu a loira e que foi delicioso, e que eu preciso experimentar, quase peço que me poupe dos detalhes, mas ele continua dizendo que vou ficar tão viciado que só vou pensar em comer qualquer menina que eu ver. Chego a sentir náuseas desses assuntos, mas finjo estar interessado em uma morena da sala ao lado só pra ver se ele para um pouco de tentar jogar menina pra cima de mim.

Na saída da escola chove muito e Pedri vem buscar o irmão de carro, meu coração acelera só em ver o carro dele, como isso é possível? Aperto meus dedos na alça da mochila em puro nervoso, isso tem que acontecer logo agora que eu já estava superando?

Como moramos na mesma Rua Vitor me puxa pela mão para que eu entre no carro com ele. Me molho um pouco no percurso até o carro e a sensação dos pingos de agua gelados caindo do meu cabelo faz lembrar-me daquele banho que Pedri me deu com a mangueira e depois saindo e me deixando sozinho no fundo de sua casa.

Ao entrar em seu carro coloco a mochila no colo e passo o cinto de segurança por meu corpo, tento me mover o menos possível não quero olha-lo. Sinto o seu perfume tão familiar pra mim, vinho amadeirado, como eu ia esquecer esse cheiro delicioso? Evito olhar para o espelho, pois sei que os olhos de Pedri estão me observando no banco de trás começo a mexer no relógio no meu pulso para disfarçar meu nervosismo.

Chegamos em menos de dez minutos em nossa rua, Vitor desce e me diz apenas tchau antes de bater a porta e sumir entrando em sua casa. Ele vai mesmo me deixar aqui sozinho com o irmão idiota?