Dear, Jasper - Bella Jasper

Você não serve pra mim

"Você não serve pra mim"

"Você não serve"

"Pra mim"

"Não serve pra mim"

- Edward!

Mais um grito inundou o quarto. A casa, pra ser exata. Um grunhido de dor escapava, suas mãos socavam o travesseiro, seus olhos fechados.

Aquelas foram as últimas palavras dele para ela, para então depois depositar um beijo frio em sua testa.

Bella continuava sonhando com a mesma coisa todos os dias há dois meses. A mesma frase, a floresta. A imagem do Cullen, parecendo doloroso ao dizer tudo aquilo. Ao mesmo tempo firme.

Ela desejava ter sido mais rápida. Desejava não ter ficado tão paralisada. Mas era o que ele queria. Como convenceria do contrário?

De repente, seu pai adentrou o quarto, abraçando-a com força, consolando sua filha, nervoso. Bella ainda se debatia em seu colo, transtornada.

Quando isso pararia?

Aqueles pesadelos horríveis e a lembrança do homem que amava.

Forks, dia seguinte.

Bella acordou visivelmente cansada. Era assim a semanas. O olho cansado coberto por olheiras. Cabelo para traz, quieta e em seus próprios pensamentos. Não tinha vontade alguma de ir a escola, de ver aquelas pessoas e só lembrar de uma.

De qualquer forma, se forçou a ir. Charlie a acompanhava até a picape, sempre. Algum medo o assombrava, e com razão. Ela dirigia calmamente, e seus pensamentos turbulentos e uma autossabotagem extrema. O que ela ainda fazia ali? Digo, viva. Swan pensava.

E todos os dias. Estacionava o carro na garagem e subia as escadas. Rotina sórdida.

Pensou em sentar na antiga mesa dos Cullens, mas uma memória de seu pai, pedindo para que conversasse mais com outros amigos, a fez despertar. Faria isto por ele. Por Charlie.

Se sentou no lugar vazio da mesa dos colegas. O lugar que costumava ser dela. Viu o olhar de Jessica em uma desaprovação sutil. Enquanto os de Mike brilharam em animação. Angela e Eric permaneceram carismáticos ao vê-la.

- Bella? que bom que está aqui. Estávamos falando sobre algo que você vai gostar! - Angela disse, com seu sorriso singelo.

- Sim! estávamos falando sobre irmos ao cinema semana que vem. Lançou um filme novo! Dizem que vai ser o melhor de 2009! - Foi a vez de Eric. Seu corpo balançava conforme sua agitação.

- Sim.. E-e o que acha? - Mike disse, incomodado com algo, gaguejando enquanto pronunciava.

- E o filme fala de quê?

- Sobre mortos-vivos que devoram uma cidade de mulheres no século 18. - Jéssica disse, na intenção de fazê-la desistir de ir. Suas palavras cortaram a de Bella, visivelmente desesperadas.

-Na verdade, não é..

- Aposto que vai ser um bom filme. ‐ Swan disse, tranquila, olhando para os amigos. Sua expressão ainda era neutra.

Após a aula do dia seguinte, Isabella estava decidida a ir até Jacob Black. A voz de Edward pedindo para que ela não fizesse algo imprudente a fazia sentir que estava o provocando, no controle de algo que não existia, mas ela queria.

Pegou a picape, dirigindo firmemente até a reserva. Mas o quê ela diria a ele? Era óbvio que Jake já sabia sobre a sua situação, mas o que pediria?

"Oi, você pode me ajudar a me colocar em perigo?"

E sua mente lhe fez uma pergunta.

O que era realmente bom para se arriscar? Talvez tirar férias na casa de sua mãe em Phoenix e se atirar naquele mar.

Talvez esperar a neve cair e andar com o carro de maneira rápida, ou andar sozinha naquela floresta.

Esperando que algum animal feroz devorasse seu corpo, ou algum vampiro faminto visse seu corpo na terra.

Não. Nenhum desses.

A picape.. Ela pensou. Não tão perigosa. O que então?

O ferro velho.

Ela pensou.

Motos! Perigoso, fatal e com certeza, se divertiria. Bella o veria, tinha certeza. Na manhã seguinte se dirigiria para lá. Enquanto isso, iria pra casa.

A garota entrou em seu carro rapidamente, apenas queria ir para casa. Ou não. Não se sentia pertencente a nenhum lugar agora.

Por um momento, sentiu o aperto que seu automóvel fazia quando Edward adentrava. Pode sentir o frio, aquele que parecia tão quente.

E naquele instante, desejou ir até a casa dos Cullens, só pra ter certeza de que aquilo era real. Que realmente Bella não teria mais ele.

Quando tomou consciência, já estava em casa. Era noite. As luzes acessas e o som da televisão alta. Seu pai já estava em casa.

Abriu a porta, dando de cara com Charlie no sofá, duas latas de cervejas e um pacote de salgadinho aberto. Ele a olhou, dando um sorriso reprimido.

Não trocaram palavras, apenas sorrisos tímidos. Isabella gostava disso. Seu pai não era intrometido, invasivo nem nada do tipo.

Então apenas subiu as escadas calmamente. Pensou em tomar banho, mas sentiu vontade de algo antes.

Se sentou na cadeira, abrindo o laptop calmamente. A luz apagada fazia a claridade incomodar levemente.

Checou o E-mail, com certeza esperança. Caixa vazia. Suspirou.

Querida, Alice.

Algo tem mudado por aqui, ao mesmo tempo que não. Sinto algo estranho vindo, ao mesmo tempo algo ruim.

Decidi que amanhã farei algo diferente. Envolve um lobo. Jacob Black.

Espero que dê certo. Quero vê-lo de novo. Sinto que é a única forma.

Bella.