Capítulo 33

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                                                                                          Christian


Culpa, forte e desconhecida, saboreio cada mordida do branzino amanteigado que é o meu prato principal. Anastasia pediu uma salada grega, e meu peito dói quando a vejo comer, sua atitude incomumente subjugada.

Ela se abriu para mim.

Ela me contou sobre seu doloroso segredo e tudo o que pude fazer foi deixá-la continuar, como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez. Como se eu já não soubesse de toda feiura. Ela não me contou tudo, é claro como o fato de a mãe dela ter sido presa por prostituição, ou que ela morreu em um acidente de carro enquanto era perseguida por um amante cuja conta bancária esvaziara mais cedo naquele dia. Mas o que ela me disse foi o suficiente. O suficiente para saber que seu medo de ser como sua mãe, o medo que ela falou em seu trabalho da faculdade ainda esteja lá, tanto uma parte dela quanto o cabelo ruivo e a pele levemente sardenta.

E eu, idiota que sou, usei esse medo contra ela, enviando-lhe presentes caros para que ela não tivesse escolha a não ser me ver pessoalmente. De certo modo, sou como a mãe dela, disposto a fazer o que for preciso para conseguir o que quero.

— Eu sinto muito — digo baixinho quando ela continua a comer sem falar. — Anastasia, Gatinha, sinto muito por você ter passado por tudo isso.

Meu celular vibra no meu bolso, mas eu o ignoro. O trabalho pode esperar.

Ela olha para cima do seu prato, piscando. — Quê? Oh, não, tudo bem. Minha mãe não foi abusiva nem nada, e em todo caso, ela morreu em um acidente quando eu tinha onze anos, e meus avós me criaram a partir daquele momento. Eu estava apenas contando tudo isso para o caso, você sabe... — Ela para, uma cor bonita se espalhando por sua pele clara.

— No caso de ficarmos sérios?

Seu rubor se aprofunda. — Eu não estava...

— Tudo bem. — Porra, é mais do que bem. Eu gosto da ideia. Amo, na verdade.

Para minha surpresa, percebo que quero que ela pense em ficarmos sério, nos imagine juntos no futuro... Porque eu mesmo já estou fazendo isso.

Empurrando o pensamento inquietante, concentro-me no tópico em questão. — Anastasia, me escute — digo quando ela recomeça a comer. — Eu não dou a mínima para a sua mãe. Bem, eu dou... Adoraria voltar no tempo e ter tirado você dela muito antes de você ter onze anos, mas eu não me importo com o tipo de mulher que te deu à luz. Isso não determina quem você é, não muda minha opinião sobre você de qualquer maneira.

Ela pousa o garfo, seus lábios se curvando em um leve sorriso. — Você não acha que o sangue fala alto?

— Não, eu não acho. — Como eu poderia, com pais como os meus? Hesito por um momento e depois digo sem rodeios: — Meu pai foi morto na prisão quando eu tinha dois anos ele estava lá por assalto à mão armada e agressão e minha mãe era alcoólatra. Não o tipo funcional do completo, vinte e quatro por sete bêbada. Ela morreu de insuficiência hepática quando eu tinha dezoito anos.

Eu não contei a ninguém isso em décadas; na verdade, eu me esforcei bastante para apagar meu passado da mídia assim que tive recursos para isso. A única coisa que meus amigos e conhecidos atuais sabem sobre minha infância é que fui criado em Staten Island por uma mãe solteira, que faleceu de uma doença hepática rara. Sem feiura, sem drama, apenas a educação medíocre de classe média baixa. Por alguma razão, porém, quero que Anastasia saiba tudo para entender com que tipo de homem ela está lidando. Porque se há algum fundo de verdade para todo o negócio do "sangue fala", o meu é muito mais manchado do que o dela.

O Titã De Wall StreetOnde histórias criam vida. Descubra agora