023| olhar de maldade

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DÉBORA

   E lá estava eu naquela lounge depois de tanto pensar durante a semana inteira sobre rever o Thiago.

  Acabei vindo porque apesar de tudo eu amo ele, amo mesmo. E não quero ficar nessa de novo. Mas também já coloquei na cabeça que o melhor era seguir como estavamos, apenas na amizade. Se eu consegui controlar o sentimento por todos esses anos não acho que seja difícil de voltar.

  Vim pra cá antes dele, peguei o narguilé do canto que eu tinha usado da última vez e fiquei observando o movimento enquanto não chegava.

  Aqui era animado, e eu nunca tinha nem ouvido falar, mesmo sendo há dez minutos da minha casa. Era gostoso pra quem gosta da baderna, porém mais tranquilo.

[...]

  Em uma hora mais ou menos o Thiago chegou, um pouco molhado pela chuva que resolveu cair do nada.

  São Paulo!

— Tá porra, parça. Que ódio. — Ele sentou do meu lado no sofá.

— Deu tá te castigando pelos seus pecados. — Brinquei, por mais que acreditasse fielmente.

— Odeio chuva. — Sacudiu o cabelo em cima de mim.

— Chapa não, parceiro! — Empurrei o braço dele.

  Thiago riu e veio me dar um selinho, mas eu virei a cara rápido fazendo ele me dar um beijo na bochecha.

— Não vamos mais ficar, parça. — Eu disse rindo. A cara de confusão dele me deu certo tédio.

— Oxi, Débora?!

— Melhor continuar como tava, sem maldade. — Carburei um pouco da fumaça com sabor de framboesa. — Eu sei que se eu continuar ficando contigo, vou te estranhar e a gente vai parar de se falar de novo.

  Ele ficou um tempo tentando raciocinar o que eu disse, mas concordou. Ele sabia que eu tinha razão.

— É de que? — Roubou a mangueira da minha mão.

— Framboesa. Vou pegar uma dose, vai querer? — Perguntei levantando pra ir no bar. Só que o Thiago nem disfarçou em secar a minha bunda. Dei um tapa na cabeça dele. — Para de ser besta.

— Vai ser difícil... — Ele murmurou, mas logo ajeitou a postura. — Pega o mesmo de sempre pra mim.

  Concordei com a cabeça passando por ele. Coloquei a mão na bunda sabendo que ele estaria olhando. E não é nem que eu não goste que ele olhe, é Justamente por gostar muito que eu não quero. O foco é amizade.

  Peguei a minha dose de red e pra ele uma de jack de maçã verde, ambos com gelo de coco.

— Que sede! — Ele disse depois de dar um gole enorme no copo dele.

— Vai com calma que cê tá de moto. — Avisei.

  Thiago fez careta de tédio.

— Qualquer coisa você me aloja na sua casa.

  Ri ironicamente.

MANDRAKA - VeighOnde histórias criam vida. Descubra agora