Máscara na face

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Se em algum momento dessa história eu, porventura, disser que os eventos ocorridos depois daquele dia não mudaram a minha vida drasticamente, saiba desde já que é mentira.

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Acordo às seis como de costume. Demoro alguns poucos segundos para me acostumar com a claridade e forço minhas pernas para fora da minha comodíssima cama. Tateio meu criado mudo em busca dos meus óculos de leitura e quase os derrubo no chão; o susto é tão grande que me ponho de pé imediatamente.

Uma ótima maneira de ser tirada da cama, eu diria, até mais eficiente do que meu despertador de elefantinho rosa que mora em cima do criado-mudo há mais tempo que consigo contar.

Ando em direção ao banheiro e demoro o suficiente para sair apresentável ao mundo.

Ao abrir meu guarda roupa, me recordo que a última vez que pisei em uma loja de roupas foi no dia do casamento do Naruto e Hinata, um ano atrás, e foi apenas para comprar um vestido. Desde aquela época até aqui, a única coisa nova que meu roupeiro ainda ganha é naftalina.

Fecho-o depois de escolher um vestido vinho básico e deixo um lembrete mental de que preciso fazer compras neste fim de semana ainda, mas sei que nesse intervalo de tempo eu já terei esquecido até mesmo a cor do meu guarda roupa.

Memória fraca não é algo que me orgulho, pelo contrário, várias vezes já me peguei em apuros por causa disso, porém minha criatividade e força meio que compensam essa parte, então um equilíbrio é criado pelo menos.

Tomo a minha primeira xícara de café do dia e rumo para o hospital.

Hoje acordei mais disposta do que o normal, então um sorriso espontâneo não sai do meu rosto a medida que cumprimento alguns dos meus vizinhos e outros cidadãos.

Sinto o cheiro de diversidade enquanto caminho. Verduras, frutas, couro, aço. Tudo se mistura e para mim isso é fascinante. Konoha é uma aldeia grande e desenvolvida, com uma desenvoltura invejável, porém simples de certa maneira e eu adoro isso.

Apenas dois quarteirões de distância do hospital, encontro Naruto e Hinata conversando enquanto caminham em direção a casa deles – suponho eu. Ambos carregam sacolas nas mãos, com uma pequenina excessão de Hinata que leva apenas uma enquanto Naruto carrega todo o resto.

Nada mais do que justo para a mulher que carrega no ventre o filho do ninja número um, hiperativo e cabeça oca de Konoha.

— Hina, Naruto! Bom dia! — os cumprimento com um sorriso, apressando meus passos para alcançá-los. Eles param e me observam, devolvendo meu gesto.

— Bom dia, Sakura-chan! — é Naruto o primeiro a me dirigir a palavra. Noto o rosto de Hinata adquirir um tom avermelhado quando ele circula a sua cintura.

Nada mudou até aqui.

— Bom dia! — ela também me cumprimenta. Sua personalidade é tão doce que tenho vontade de abraçá-la apenas quase que instantaneamente, mas não é por isso que os fiz parar e, pela situação cotidiana, acredito que eles também saibam.

Me abaixo ficando a altura da já saliente barriga de quatro meses da Hinata e sorrio ao tocá-la e sentir a resposta ao meu gesto.

— Olá, Boruto! — sussurro para o bebê em desenvolvimento e ouço a risada baixa de Naruto — O que é tão engraçado? — pergunto quando me ergo novamente, encarando meu amigo loiro.

— Nada... — ele está sem jeito e isso é óbvio pelo sorriso forçado que me dá — É só que ainda nem sabemos o sexo do bebê e você insiste em dizer que é menino. — diz coçando a nuca.

Através do tempo - Kakasaku Onde histórias criam vida. Descubra agora