Capítulo 5.

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04 meses depois...

A noite chuvosa estava me deixando preocupada e o táxi demorava a chegar.

Minha mente levou-me imediatamente a Jamie, que andava meio diferente nas últimas semanas. Eu acabara de receber uma mensagem dele me pedindo para encontrá-lo em nosso restaurante favorito, para conversar.

Nada bom, pensei, com medo do que estava por vir.

Imediatamente senti medo de que ele quisesse terminar nosso relacionamento, e confesso que não estava preparada para isso. Afinal, tudo parecia muito bem e a cada dia eu me apegava mais ainda a sua presença.

Será que havia entendido tudo errado a respeito dos sentimentos dele por mim? Não sei..., mas logo iria descobrir. Respondi que estava a caminho tentando deixar a ansiedade de lado, afinal, ela não poderia me levar a lugar nenhum.

Não eram nem 19h e eu já estava cansada, após o dia enlouquecido que tive hoje. Meu chefe me pediu para acompanhá-lo em uma reunião de clientes do outro lado de Boston, onde agora eu me encontrava tentando pegar um taxi. Sem abertura para dizer não, segui-o e apresentei nossos dados, conquistando mais dois contratos para nossa carteira de clientes.

Meu celular estava sem bateria e nada do taxista aparecer, bufei irritada, cansada e com fome, eu só queria um pouco de comida e os braços de Jamie ao meu redor. Mas ao invés disso, me encontrava embaixo de uma pequena cobertura, tentando não me molhar com a chuva forte enquanto meus pés latejavam dentro do scarpin perto.

Foi então que recebi uma ligação de Anne, minha irmã, e atendi confusa pela chamada repentina.

- Claire, Claire, está ouvindo? - perguntou ela, com a voz embargada.

- Estou Anne, o que aconteceu? - respondi, preocupada por sem tom de voz - Preciso que fale rápido, minha bateria está acabando.

- O papai teve um infarto Claire - Disse, entre soluços - ele está entre a vida e a morte no hospital. Eu estou viajando para lá agora, com medo de não ter nem tempo...

Nessa hora, o mundo ficou em silêncio para mim e deixei de compreender suas palavras do outro lado da linha. Sem conseguir responder, senti minha visão turva e minhas pernas amolecerem.

Meu Deus, meu Deus, por favor não deixe meu pai morrer, pensei completamente desolada.

- Claire? Você me ouviu?? - Perguntou ela, sem conseguir parar de chorar.

- Estou indo - respondi - Nos encontramos lá.

Sentindo que meu próprio coração iria parar naquele momento, tentei colocar o celular na bolsa, mas trêmula como estava, errei e ele acabou no chão, exatamente dentro de uma poça de água.

Como se não fosse suficiente tudo o que eu já estava sentindo, peguei o aparelho na mão e vi que ele tinha quebrado, sem dar qualquer sinal de salvação.

O taxi apareceu e entrei nele sem nem conseguia raciocinar direito, visualizando a imagem de meu pai na minha frente.

- P-por favor me leve o a-aeroporto - Pedi, ao que ele prontamente atendeu.

As lágrimas começaram a escorrer por meu rosto e senti o controle fugindo das minhas mãos. Meus soluços se tornaram incontroláveis. Mas o taxista assustado, não me perguntou o que eu tinha, apenas estendeu uma caixa de lenços para mim e levou-me ao meu destino.

Chegando lá, comprei a passagem e entrei no primeiro avião que consegui para Dingle, sem levar nada além da minha bolsa e roupa do corpo, rezei para que Deus o curasse, para que eu pudesse vê-lo ao menos mais uma vez.

Apartamento 87Onde histórias criam vida. Descubra agora