A conversa entre Tokito e Tomioka foi bastante baseada em alguns vídeos do Ludoviajante, eu vi esses vídeos meses atrás e achei que seria uma conversa que eles teriam
Esse daqui foi mais tranquilo só pra eu me preparar pro de Gyomei :D
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Tomioka não conseguia tirar a frase dita por shinobu de sua cabeça.
"Se continuar assim você não irá conseguir mais lutar."Mas, não.
Ele iria encontrar um modo de se manter vivo mais um dia, uma forma de fazer algo acerca de uma situação para qual não havia nada a fazer.Iria continuar a existir, iria continuar com essa torturante vida, com sua existência. Uma existência dolorosa.
Que não trazia nada de bom além de dor, não somente para ele, mas também para as pessoas ao seu redor.No momento encontrava-se em uma batalha, uma missão dada a ele e Tokito.
O garoto havia por ter, acidentalmente, machucado o tornozelo - e Tomioka não estava nem um pouco melhor, talvez até pior.Como esperado, o sentimento no peito era o mesmo de duas semanas atrás, quando correu atrás de Kocho.
Sua respiração estava desregulada, mas em poucos segundos ele largou a espada e se jogou contra o demônio.
Se fosse pra morrer, que morresse lutando!"Abraçou" ele, segurando seus braços contra o corpo, e nisso Tokito surgiu atrás e cortou a cabeça daquele oni.
Tomioka tinha um corte enorme em sua costa, enquanto Tokito tinha sua perna machucada com um machucado no tornozelo.- Tokito-san, deixe-me ver sua perna - dizia, e o garoto concordava, se sentando no chão.
Soltava algumas tosses e pedia perdão.
Rasgava parte de sua calça para fazer pressão contra o machucado no tornozelo dele, então se levantava e se virava, voltando a andar, sem nem dizer adeus.Queria fumar, não havia parado.
Todos os dias ele fumava no mínimo quinze cigarros.
E hoje ele não havia fumado nenhum cigarro.
Estava irritado, agitado.
Precisou sair de perto de Tokito pois sabia que pela dependência de nicotina trataria ele mal - mesmo sem querer.Se sentou, olhando ao céu.
Nao tinha como fumar, mas queria.
Queria muito.
Precisava.
Estava desesperado.
Irritado.
Não conseguia prestar atenção.
Puta merda, ele mataria só pra fumar!Sabia que não existia nada de prazeroso em fumar.
Não, não, não.
Tinha uma coisa, que por mais errado que fosse, que por mais humilhante que seria falar, sentia um agrado, uma satisfação em saber que cada cigarro fumado ele estava mais próximo de sua morte.Agarrava seu próprio pescoço, arranhando, desesperado pelo estímulo prazeroso liberado pela dopamina.
- Tomioka-san? - escutava uma voz atrás dele, Tokito, falar.
- Sim? - dizia, endireitando sua costas, e tentando deixar não transparecer a sua dependência.
- Queria saber se o senhor estava bem, e agradecer. Sabe, por ter me ajudado.
- Não tem problema, Tokito-san.
- Posso me sentar contigo? Pra olhar o céu.
- À vontade.O garoto se sentava, se aconchegando.
Sentiu uma onda de adrenalina vir derrepente, como um tsunami.
Sentia-se em perigo.Parecia que o ar não chegava ao cérebro, mas sabia que respirava.
Infelizmente respirava.Mantendo a postura, passava a mão no rosto.
Os dois olhavam o céu noturno, parecia um momento pacífico - desconsiderando o fato de Tomioka estar desesperado.
Eles estavam em um silêncio, um silêncio confortável, já que nenhum dos dois gostavam de conversar.
Mas então, Tokito começa a falar- Sempre que eu lembro do tamanho do universo eu me sinto em paz. - ele disse, sua voz estranhamente gentil, considerando o modo que costumava falar - Nada é permanente, então a dor, tristeza, vai passar. Nos só precisamos aguentar.
Então, tomioka se tocava, Tokito havia percebido oque passava com ele.
Ele permanecia quieto, mas soltava um leve 'hm' como resposta, deixando claro que entendeu, e que concordava com o pensamento do mais novo.- E me pergunto outras coisas..
- Como...? - Tomioka perguntava.
- Sobre mim. - Tokito dizia, talvez de modo triste - eu me sinto tão... Mal, como se meu melhor nunca fosse suficiente. Oque eu faço? Não consigo me convencer do contrario.
- Honestamente? Eu não sei. Mas... Talvez se você pudesse se ver do modo que eu te vejo tu saberia o quão incrivelmente forte você é, garoto.
- E não só isso - Tomioka continuava - Você virou um hashira tão novo, tão rápido, e é, em minha opinião, um dos mais fortes. E com certeza já deve ter passado por situaçoes horríveis, e ainda está aqui. Lutando.- Mas eu só estou falando baboseiras, perdão - dizia Tomioka, passando a mão atrás do pescoço.
- Não, não! - dizia, sua voz não mais sem tom, como se nunca estivesse com vontade de falar - Obrigado, muito obrigado, Tomioka-san.
- Uh, não tem problema, garoto - disse, e de modo automático sua mão foi de encontro ao cabelo dele, dando leves tapinhas - Lembre-se, você não deve nada pra si mesmo além de chegar vivo ao fim do dia, okay? E você está se saindo muito bem, estou orgulhoso.Dizia, pois sabia que era isso que o menor precisava.
Pois Tomioka teria feito de tudo para ouvir essas palavras saindo da boca de seu treinador.E ao ouvir isso, Tokito não conseguiu mais segurar, abraçou o homem e se deixou chorar.
Mesmo sendo um hashira, ele tinha sentimentos, precisava daquilo, precisava demonstrar que ainda era humano.Tomioka ficava desconfortável e timido, não era acostumado em receber qualquer tipo de contato físico, mas logo colocava as mãos ao redor do garoto.
Ele sempre achou que estava incomodando, atrapalhando, por isso ficava no seu canto. Então quando alguém o nota acha que fez algo de errado que acabou atraindo a atenção dessa pessoa.- Parabéns, você acabou de se tornar minha figura paterna - disse, seu tom de brincadeira mas sabia que no fundo tinha uma parte de verdade.
- Certo, então vá falar com Kocho-san sobre esses teus machucados
- Sim, pai!Sorria, um sorriso verdadeiro.
Um sorriso que há tempos não aparecia no rosto daqueles dois pilares.-----
Andava de volta pro proprio estado, o sangue do corte em sua costas já estava seco.
Sentia os olhos pesados, não havia dormido, sequer fechado os olhos.No meio do caminho, escutava barulhos atrás de si.
Nem se incomodava em demonstrar algo, porque, sinceramente, ele gostaria de ser morto, seja por Oni seja por um humano.
Isso livraria os outros caçadores do peso e estigma sobre o suicídio.- Mas que-! - escutava uma voz que conhecia muito bem - Que porra de corte é esse?
Permanecia quieto, enquanto Shinazugawa surgia ao seu lado.
O outro pilar estava olhando pra ele, seu olhar irritado igual sempre - por mais que no fundo, bem no fundo, ele tivesse uma outra emoção que Tomioka não conseguia decifrar.- Me responde, arrombado!! - Dizia, puxando ele pela gola
- Shinazugawa-san, se você me odeia porque continua insistindo em falar comigo? - dizia, seu tom de voz cansado, colocando sua mão sobre a do pilar do vendo, pedindo silenciosamente pra ser solto - Me deixa em paz.O pilar do vento encara a ele, sua expressão indecifrável, mas logo soltava a gola, e o hashira da água voltava a andar.
Havia sido um dia difícil, e ainda precisou se encontrar logo com o homem que mais o odiava?
Odiava?
Nah.
Ninguém odiava Tomioka mais que ele mesmo.
Ele não costuma se dar o mérito, mas sabia que caso existisse uma competição de 'quem odeia mais Tomioka Giyuu' ele estaria em primeiro lugar.
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Seis Passos do Inferno
FanfictionAs pessoas sempre associaram azul a cor da tristeza, talvez pensando na solidão e mistério do mar. Para Tomioka, não passava de um medo criado, e Tomioka sempre criou ameaças imaginárias, seja elas medos da sociedade, de altura... Ansiedade, talve...