Cantina, rabiscos e água com açúcar.

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São Paulo
Março, 2023.

A sala de aula já estava cheia e enquanto alguns copiavam o enorme texto passado pelo professor de literatura e outros conversavam, Rafaella encarava o relógio pendurado na parede branca da sala, contando os minutos para o fim da aula, a primeira aula chata naquela nova escola.

Quando o sinal barulhento tocou, a movimentação na sala começou, alguns alunos praticamente correndo para fora da sala e outros correndo para mostrar seus cadernos ao professor que dizia que olharia em sua próxima aula, que para a infelicidade de Rafaella era no dia seguinte.

M: Vamos ficar na sala hoje, gente! A Gizelly está devendo a tia da cantina - avisou assim que todos os outros alunos deixaram a sala.

Mr: Ainda, Gi? Ela não vai te bater por causa de um real - brinca.

B: Se você quiser, eu pago a sua grande dívida, Gizelly - oferece sorrindo.

G: Eu tenho honra, tá? - coloca a mão no peito, fingindo-se de ofendida.

R: Isso tudo não pode ser só pela tia da cantina, qual o problema, Gizelly? - franze as sobrancelhas.

M: Ela está evitando a Ivy! - entrega a capixaba - E aquela garota praticamente mora na cantina - arrasta uma cadeira para o lado da mesa de Rafa, sentando-se mais perto da amiga.

R: Quem é Ivy? - encara as duas confusa.

G: Aquela que você beijou no oitavo ano -  sorri mordendo a língua.

Bianca arregalou os olhos e encarou Mariana que já a encarava sorrindo.

Mr: Dá para acreditar? A Rafa e a Ivy? - sussurrou.

A carioca negou com a cabeça e encarou a Kalimann mais nova, com as mãos no rosto, envergonhada pela exposição.

B: Eu trouxe bolinhos - interrompe as piadas de Gizelly e Manu - Um para cada.

Bianca pegou o pote com os bolinhos na sua bolsa e fugindo das mãos nervosas de suas amigas procurando pelos bolinhos, a carioca correu para a frente da sala, parando em frente à lousa.

B: Eu escolhi cada um pensando na cor preferida de cada uma - explica brevemente.

Bianca foi até a mesa de Gizelly, pegou o bolinho com cobertura laranja com estrelas brancas perfeitamente colocadas, provavelmente pela mãe da carioca.

G: Laranja para a furacão - estendeu o bolinho para a capixaba que logo pegou agradecendo a amiga.

Entregou para Manu e Mariana, as duas que coincidentemente tinham azul como preferida, os bolinhos com cobertura azul, com uma carinha feliz feita por confeitos roxos, decorados por Íris. Deixando Rafaella por último, ela sentou novamente em seu lugar e virou-se para encarar a mineira levemente esperançosa.

B: Eu não sei a sua cor preferida, mas espero que você goste - sorriu constrangida antes de tirar o bolinho do pote - Sem perguntas, por favor! - disse alto, para que todas ouvissem.

A mineira a encarou confusa por alguns segundos, até desviar o olhar para o pequeno bolinho nas mãos trêmulas da carioca, a cobertura rosa juntamente com os confeitos brancos em formatos de corações, fez a mineira entender todo aquele constrangimento da carioca e a fez sorrir também.

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