Send Me Orchids - Ran Haitani

Mudança

"Seu sorriso, ele me come viva
E eu não posso mais me afastar."

✧*:.｡.Rindou pov.｡.:*✧

- Ikumi! Cadê ela?! - Me aproximei ofegando pelo tanto que havia corrido. O corredor do hospital tinha uma atmosfera fria e melancólica.

- Ali no quarto... Onde está o Ran?

- Ele ficou no escritório. Mikey disse que ele está quebrando tudo, gritando que é tudo culpa da Kira.

- Maldito doente... A vontade que eu tenho é de encher ele de tiro.

- Nem me fale. A Kira tá acordada?

- Tá, vamos falar com ela.

Assim que entramos no quarto ao nosso lado, me deparei com Akira meio deitada, apoiada nos travesseiros na cama hospitalar. Ela estava coberta com curativos nos braços, pescoço e também no rosto, e tinha um pequeno machucado no lábio inferior.

Ela não pareceu notar a nossa presença, estava de cabeça baixa com um olhar triste. Seus dedos acariciavam levemente a sua barriga por cima do tecido fino da camisola hospitalar.

- Kira! - Ikumi e eu nos aproximamos, ficando um de cada lado de sua cama.

- Como você está? - Perguntei segurando sua mão.

- Eu... Não sei. Me sinto estranha. Onde o Ran está?

- Esqueça aquele idiota! Ele é o culpado por tudo isso!

- Nós vamos ligar para o Hanemiya e pedir pra ele te buscar. - Expliquei.

- Eu quero voltar pra casa.

- O quê...? Por quê?! Ran só te machucou esse tempo todo!

- Todo mundo que eu amava se foi... Ele é tudo que eu tenho agora.

- Isso não é verdade. - Segurei sua mão - Você tem a nós.

- Com licença. - Um médico entrou no quarto com uma prancheta e alguns papéis na mão. - Senhora Haitani?

- Doutor! Por favor, me diz que o meu bebê está bem! - Akira se inclinou para a frente com um olhar de desespero.

- Bem, a senhora sofreu um grande trauma, por muito pouco a queda não foi fatal. - Ikumi e eu nos entreolhamos - Mas... Infelizmente nós não conseguimos salvar o feto.

- Não... - Akira ficou pálida, cobrindo o rosto com as mãos enquanto sussurava baixo - não, não, não, não, não...

- Segundos os exames... Não é indicado que tente engravidar novamente. Seria uma gravidez de risco tanto para o bebê quanto para a senhora. Eu sinto muito.

Àquela altura Akira não ouvia nada do que o médico estava dizendo. Ela apenas abraçou suas pernas enquanto chorava alto. Seu choro angustiado ecoava dentro do quarto tornando a atmosfera desconfortável e depressiva. Ikumi estava focada em consolar sua amiga com pequenas palavras de conforto, quando o médico chamou a minha atenção.

- Senhor Haitani?

- O que é?

- Escuta... Não seria bom falar disso na frente dela, mas ela não está ouvindo. O trauma que ela sofreu foi muito pior do que parece. Nós não encontramos o rompimento de nenhum órgão, mas é importante ressaltar que ela não pode fazer muito esforço. Um aborto espontâneo por si só já enfraquece muito o corpo.