Capítulo 11- Entrelinhas.

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Ouço uma música tocando ao longe quase indecifrável, me mexo no colchão desconfortável e me viro de barriga para baixo ainda ouvindo o som enquanto resmungo para abaixarem o volume.

- Cacete, alguém atende essa porra. - Uma das meninas xinga e eu abro meus olhos assustada, AQUELE ERA MEU TELEFONE TOCANDO.

Quando apanho meu aparelho próximo do colchão, mal consigo enxergar a tela direito por causa do brilho do telefone, apenas deslizo o dedo para atender enquanto limpo a garganta.

- Alô? - Minha voz soa mais sonolenta do que planejei, mas não me importo e enfio a cara no travesseiro mais uma vez.

- Abelhinha? - A voz curiosa de Richarlison soa do outro lado da linha me despertando no mesmo instante. Ai meu Deus do céu. - Por que não tô te vendo? - MERDA! PORRA! PORRA!

- Ah, Oii Richarlison. Bom Dia! - Digo me levantando rápido para não acordar as meninas que já resmungavam sobre o barulho. - Só um segundinho! - Caminho em direção a porta rapidamente, só que no meio do caminho no escuro sinto algo se enroscar em meu pé me fazendo tropeçar, saio "Catando Cavaco" e acabo batendo na porta com toda a força.

- Caralho, Deborah, você caiu?!- Richarlison pergunta e agradeço a Deus por estar tudo escuro.

- NÃO! - Respondo firme e de pressa. - O celular escorregou da minha mão e bateu na porta. - Rio um pouco alto e saio do quarto com os olhos entreabertos por conta da luz forte que incomoda e pisco algumas vezes tentado me adaptar, caminho até o sofá me deitando no mesmo coçando os olhos e bocejando

- Caralho abelhinha, você fica ainda mais gata com essa cara amassada. - Sorrio instantaneamente ao finalmente conseguindo focar no rapaz sorridente na tela do meu celular. Richarlison está deitado, sem camisa e com airpods nos ouvidos com um sorriso lindo demais para minha sanidade.

- Para com isso! Ninguém fica bonito quando acorda. - Ele revira os olhos.

- Você fica! - Balanço a cabeça negativamente ainda sorrindo. - Te liguei mais cedo só que cê não atendeu, fiquei preocupado. - Queria tanto dizer o quanto tenho vontade de apertar aquelas bochechas quando ele fica envergonhado, mas decido apenas continuar sorrindo aguardando que ele conclua a frase. - Como foi a festa ontem? - Pergunta coçando a cabeça enquanto me olha.

- Foi ótima, chegamos agora de manhã. - Comento animada. - A amiga da Val é muito show de bola, nos divertimos muito. Dançamos bastante, tiramos fotos. Já tinha um tempo que não me divertia assim, sabe? Foi a primeira vez que eu amanheci me divertindo sem querer ir embora em momento nenhum por me sentir desconfortável! A gente foi comer pastel com caldo de cana depois. - Não consigo controlar a emoção, falo com tanta empolgação que acredito que talvez possa assustá-lo. - E agora me lembrando, a gente chegou em casa com um empadão que não sei onde foi parar. - Então ele sorri com as minhas palavras, sorri como ninguém nunca sorriu para mim antes, meu coração se acelera numa velocidade assustadora e me convenço que era pela ansiedade de ter falado tão rápido.

- Seu olho parece uma jabucatiba de tanto que tá brilhando, é bom te ver animada desse jeito, abelhinha, vivendo - Franzo o cenho tombando a cabeça para o lado.

- Vivendo? - Ele assente erguendo as sobrancelhas.

- É ué, a primeira vez que te vi cê tava mó travadona, só tristeza, e agora tá aqui mal me deixando falar, tá na sua cara que cê tá bem. - Acredito que eu tenha feito uma cara estranha, pois Richarlison começou a gaguejar. - Ma-mas digo no bom sentido. Cê tá brilhando mais que a careca do Daniel Alves depois de ele sair do barbeiro. - Não consigo controlar minha risada, sai mais alta do que eu gostaria e vejo que Richarlison ri de volta, num sorriso que me tirou o fôlego.

TUDO O QUE FIZ PARA TE TER- Richarlison Andrade • +18 • PLUSSIZE.Onde histórias criam vida. Descubra agora