Meus planos para você - Livro 1

Sob seus cuidados

Dia 11, quinta-feira

Ai, minha cabeça! Abri os olhos e já estava claro. O Rafael me assistia, deitado na cama ao meu lado, apoiando a cabeça na mão. Seu lábio inferior estava levemente inchado e ele tinha uma marca roxa no canto do olho junto ao nariz. Sua sobrancelha ostentava um curativo, bem mal feito por sinal.

— Bom dia, senhora. - Ele sorriu pra mim e eu enfiei minha cara no travesseiro gemendo de vergonha.

Ele afastou meus cabelos para liberar meu pescoço e passou seus dedos me acariciando.

— Ei, o que que foi?

— Sai daqui! - Falei abafado pelo travesseiro.

— Não, senhora, hoje a senhora não dá ordens, não.

Ele continuava a afagar meu pescoço. Eu levantei a cara do travesseiro e o encarei brava.

— Você está muito insolente. - Eu enfiei a cabeça de novo no travesseiro.

Eu não me sentia nada bem, havia envolvido o Rafael em uma coisa que na verdade eu queria esquecer. Agora ele estava todo machucado. Aliás, de onde ele tirou que eu precisava de alguém para me defender? Meu deus, que bagunça! Eu sentia seus dedos em meus cabelos e minha cabeça latejando, meus pensamentos eram tão conflitantes quanto o que eu estava sentindo.

— Rafael, vai embora! - O empurrei com a mão no peito. - Por favor, vai embora.

— Hoje não, Lê, hoje eu vou ficar aqui e cuidar de você.

— Eu não preciso de ninguém cuidando de mim! Vai embora!

— Eu sei que não, senhora. Mas não quer dizer que eu não vá fazer isso. Pelo menos por hoje.

Levantei o rosto do travesseiro novamente, o encarei e revirei os olhos. Alcancei meu celular e vi que já passavam das 10h30. Me sentei em um pulo apressado e ele pegou minha mão me segurando.

— Me solta! Tô atrasada! Já deveria estar trabalhando a muito tempo...

— Eu avisei que você não estava bem e não iria trabalhar hoje.

Eu me virei e o encarei com raiva.

— Como é que é? Você fez o quê? - Eu estava puta, como assim ele fez isso e como assim ELE fez isso?

Ele sentou na cama e levantou as mãos tentando me acalmar.

— Calma, Lê, eu mandei um e-mail do seu endereço de e-mail.

Eu fiquei mais furiosa ainda.

— Como você sabe minha senha?

— Eu não sei.

Eu parti pra cima dele e ele se levantou se afastando dos meus punhos fechados que queriam ferozmente acertar seu peito.

— Eu não sei! Não mandei diretamente!

— Rafael, o que é que você fez? - Eu parei de tentar bater nele e o encarei furiosa.

Ele desviou o olhar para o chão e levou sua mão ao cotovelo, meio sem jeito.

— Eu falei com o Mauro.

— Ah é? - Eu levantei a sobrancelha e cruzei meus braços em desafio.

— Eu liguei umas tantas vezes até que ele me atendesse, falei que você não estava bem e ele quase me estrangulou pela linha telefônica. Expliquei por cima o que tinha acontecido ontem e quando ele ouviu o nome do Shane... - Ele fez uma careta quando disse o nome do meu ex. - se acalmou e topou me ajudar. Pedi para ele enviar um e-mail pelo seu e-mail para sua chefe avisando que você estava com enxaqueca e não iria conseguir trabalhar hoje.