Minha senhora

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Quando eu o vi entrar no escritório na segunda-feira e caminhar relutante em direção a minha sala, fechei a cara e tratei de fechar a porta bem antes que ele chegasse perto. Ele parou no meio do corredor e abaixou a cabeça indo se sentar em sua mesa. Tratei de encaminhar os e-mails de um novo projeto para o Rafael, deixando claro que eu não iria mandá-lo embora.

Ele tentou entrar na minha sala mais duas vezes naquele dia, mas eu não permiti, sempre fechando a porta na sua cara.

Na terça-feira eu estava em casa e trabalhei o dia todo. Minha comunicação com ele era por intermédio da Claudia ou da Angélica.

Na quarta-feira, ele fez mais tentativas e eu as ignorei. Ao fim do expediente, fiquei enrolando para que ele fosse embora antes de mim, mas ele não foi.

Era quase 8h da noite, o andar estava praticamente vazio. Ele se levantou da sua mesa e veio em direção a minha sala. A porta estava fechada então ele se sentou em frente a ela apoiando as costas e abraçando os joelhos. Achei aquilo patético, fui até a porta e a abri.

— Você é patético! - Desviei dele e fui em direção ao elevador.

Ele levantou rápido e veio atrás de mim.

— Lê, por favor! Me ouve! Eu só te peço isso! Por favor!

Peguei o primeiro telefone que eu vi e chamei o Erick.

— Não faz isso... me desculpa...

Eu segui meu caminho até o elevador e ele veio atrás tentando fazer com que eu o ouvisse. Quando o Erick apareceu no corredor o Rafael desistiu de me seguir e eu fui pra casa.

Na quinta-feira, as meninas vieram me chamar, elas não estavam acreditando no quanto o Rafael havia mudado, a Cláudia até havia conversado amigavelmente com ele, mas eu não queria ouvir, não queria saber.

Na sexta, quando cheguei ao escritório me deparei com duas pequenas chaves conhecidas em cima da minha mesa, uma era da coleira do Rafael e a outra da gaiola. Peguei as duas na mão e olhei para o escritório, mas ele não estava lá, talvez não tivesse chegado ainda.

Uns 20 minutos depois ele apareceu e foi direto pra sua mesa e tirou a jaqueta, estava calor e ele estava com uma camiseta branca justa ao seu corpo, vi de longe a coleira em seu pescoço e a marcação do arnês sob o tecido.

Não é possível, pensei. Era fato que a moda fetiche havia tomado as passarelas e que aquela coleira se encaixaria nisso perfeitamente, mas não era sobre isso.

O dia passou e ele não tentou falar comigo em nenhum momento. Até achei estranho. No fim do expediente as meninas me chamaram para um happy hour e insistiram para que eu fosse, acabei aceitando, precisava beber.

No bar, conversávamos sobre trivialidades quando de repente elas pararam e olharam para a entrada com caras de espanto. Eu me virei, o que vi me fez sentir um frio na espinha que me congelou, o ambiente inteiro ficou silencioso em minha cabeça.

Era o Rafael, que vinha em nossa direção com um ar decidido, sem camisa mostrando para quem quisesse ver o arnês em seu corpo e com a calça preta que eu havia adorado. Eu não consegui decidir se ficava ou se saia correndo, o mundo todo estava em câmera lenta. Quando ele chegou bem perto da gente abaixou a cabeça em sinal de respeito, ajoelhou no chão e disse.

— Senhora, eu preciso de você, não consigo mais viver sem estar sob suas ordens, você é minha dona e eu sou seu escravo para você fazer o que quiser comigo. É a senhora que manda em minhas vontades e necessidades, eu sou só mais um lixo no mundo sem estar sob a sua coleira. - Ele solenemente se abaixou em posição de súplica e esperou por mim.

Eu estava congelada no lugar, em choque com aquela cena. As meninas começaram a falar no meu ouvido coisas que eu não ouvi e a me empurrar em direção a ele, mas eu definitivamente não sabia o que fazer, como que por instinto disse em alto e bom som:

— Levanta!

Ele se levantou e eu virei um tapa bem forte em seu rosto. Todo mundo ficou olhando para gente esperando uma reação dele, mas nada aconteceu. Ele levou as mãos às costas e abaixou a cabeça, afastando as pernas. Dei outro tapa em seu rosto e ele não reagiu, nem se mexeu. Definitivamente não era o que eu estava esperando.

Revirei os olhos, respirei fundo e me preparei para empurrá-lo com as mãos quando meu coração parou, engoli em seco e pisquei pra ter a certeza do que eu estava vendo e, sim, eles estavam lá! Os piercings, ele os tinha colocado, uma argola em cada um dos mamilos! Eu não estava acreditando! Isso ia muito além de qualquer coisa.

Percebendo que eu não bati nele novamente, Rafael levantou a cabeça e viu o que havia chamado minha atenção, me encarou e pegou minhas mãos que estavam paradas no ar.

— Senhora, eu faço o que for possível para te agradar. Por favor me perdoe, eu imploro.

Soltei a mão direita de seu aperto e levei meus dedos ao seu mamilo, o toquei de leve e ele sorriu.

— Eu sei que eu fui um babaca, filho da puta, e eu me arrependo muito do que eu fiz! Eu aceito de bom grado tudo o que a senhora quiser fazer comigo como punição e vou agradecer de joelhos a qualquer coisa que você fizer.

Eu estava hipnotizada por seus piercings.

"Porque ele não para de falar? Fica quieto. Como ele pode ser tão barulhento?" pensei.

— Lê, você não é só dona do meu corpo e das minhas vontades. Você também é dona do meu coração.

Eu levantei os olhos e o encarei por alguns segundos.

— Rafael, como você é barulhento, fica quieto! - Eu não conseguia pensar!

Ouvi as meninas incentivando ele a me beijar, mas ele não o fez, só ficou me olhando nos olhos, sentia sua mão tremer na minha. Sustentei aquele olhar por alguns segundos e vi as lágrimas se formando em seus olhos, mas eu não conseguia me mexer.

Ele sentiu uma lágrima escorrer e soltou minha mão abaixando a cabeça, suspirou, soltou os ombros e se virou em direção a saída.

"Vai Leticia! Faz alguma coisa!", meu subconsciente gritava comigo.

— Eu não mandei você se mexer! - Ele congelou no lugar. - Vira pra mim! - Ele se virou e voltou a me olhar nos olhos, seu rosto já estava molhado pelas lágrimas.

Levei minha mão até seu rosto, colhi uma lágrima com o dedão e levei a boca.

— Você tem um gosto bom... é salgado. - Ele sorriu amarelo. - Vem aqui! - Agarrei a tira do arnês que atravessava seu peito e o puxei com força e o beijei, segurando seus cabelos com a mãos.

Ele me abraçou com força e eu senti sua pele quente e seus braços me envolvendo. Não sabia o quanto eu havia sentido a falta dele até aquele momento. Meu peito se encheu de alegria e de calor. Afastei nossos rostos um pouquinho e disse:

— Você me paga!

— Eu estou ansioso por isso, minha dona!


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Nota da Escritora:

Você não sabe o quanto eu fico feliz em saber que você chegou até aqui junto comigo!

Esse é meu primeiro livro, meu bebezinho, o que achou dele?

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Beijos no Popoti!

Meus planos para você - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora