Neteyam virou para trás num sobressalto. A garota apertou seu braço, assustada. Ele passou à frente dela e sacou seu punhal. Estava pronto para se defender de uma possível criatura. Nayla cambaleou alguns passos para trás, medrosa."Tem animais na ilha?" Ele perguntou em tom baixo, cauteloso.
"Não." Ela respondeu. "O que eu me preocupo é outra coi-."
Aonung apareceu por entre os arbustos, se desvencilhava de um galho preso em seus cabelos. Quando conseguiu, o atirou com força no chão. Tinha os olhos semicerrados e o cenho franzido. Direcionava para a prima um olhar implacável, fervoroso. Ela estremeceu apenas por vê-lo, e buscou desviar o olhar.
"Aonung." Neteyam falou, preocupado. Guardou o punhal na cintura e caminhou até ele, mas, ao tentar toca-lo, ele afastou sua mão com um empurrão.
"Está satisfeita?" Dizia à Nayla ao se aproximar dela à passos lentos. A garota congelou. Pôs as mãos à frente para se defender. "Fazendo essa cena toda, saiu como a coitada de novo."
Ela engoliu em seco. Ele riu em escárnio. Neteyam sentiu-se afugentado. Ele estava mais agressivo e reativo que o comum. Tinha a sensação de que a qualquer momento o veria agredir a garota. Ele andava em círculos em torno dela, como se fosse um pregador ao cercar a presa. Ela estava pálida.
"Não é bem assim." Sorriu, nervosa. "Você sempre cisma em ter algo que não pode."
Neteyam assistia enquanto sentia que não deveria intervir. Não entendia sobre o que eles falavam, estava curioso.
"Ah é?"
"Nada disso aconteceria se você não fosse u-." Foi interrompida. Ele agarrou em seu pulso, puxou a garota com brutalidade e agarrou seu pescoço. Não apertava para sufoca-lá, mas era forte o suficiente para machucá-la com o apertão. Ela tentava se desvencilhar. Arranhava e apertava a pele de seu rosto, colo e braços, mas ele era mais forte e mais habilidoso. Neteyam tocou nos ombros dele para acalma-lo. Tentava puxa-lo para trás, mas ele apenas lhe lançou um olhar mortal e mostrou as presas. Neteyam se sobressaltou e levantou as sobrancelhas. Não havia presenciado Aonung totalmente irado. Talvez fosse daquilo que todos temessem.
"Aonung..." Clamou.
"Seu cérebro é menor que de uma piranha." Ele rosnava à centímetros do rosto dela. Ela rosnava de volta. Sua respiração era sentida por ela. Mostrava às presas ao falar. A garota estava horrorizada, mas não recuava. Ele cravava as unhas na pele de seu pescoço. Ela agarrou os cabelos dele e puxou. Mas ele não se afetava por nada do que ela fazia e continuava a asfixia-la. Nayla esticava o pescoço em busca do ar.
"Você sempre quer o que é meu, mesmo eu tendo pouco." Grunhiu com asco. Esboçou uma expressão de nojo e soltou o pescoço de Nayla. "Só se ofereceria mais se ficasse de quatro pra ele." Empurrou a garota e deu às costas. Ela caiu de joelhos no chão, angustiada. Nayla respirava fundo e descompassado. Recuperava o ar, inspirava profundamente em desespero.
"Aonung, vamos conversar." Neteyam suplicava.
Tentou pegar na mão dele, mas Aonung afastou-se de seu toque de maneira repulsiva. Neteyam coçou o cabelo, encarando o Metkayina. Estava perdido. Não queria machuca-lo, seria difícil separa-los. Pensava no que poderia dizer ou fazer para acalma-lo.
"Você já conversou bastante com a Nayla." Aonung forçou um sorriso.
"Eu só estava esperando a hora de conversar com você." Neteyam explicou, paciente.
"Neteyam quis conversar comigo primeiro." Nayla soltou com um sorriso cínico no rosto. Penteava os cabelos que estavam bagunçados após a briga. "Aonung sempre é tão agressivo, não consegue não apelar pra algo tão sujo como ele, não é?"
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𝐀𝐖𝐀𝐊𝐄 • neteyam x aonung
Fiksi PenggemarApós escapar da morte, Neteyam se recupera e retorna a conviver no cotidiano dos Metkayina. O que não imaginava era que seria sua relação conturbada com o herdeiro do clã o que mais o atordoaria e ocuparia o espaço em seus pensamentos dali em dian...