Podemos começar de novo, por favor?

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A primeira semana sem falar e nem ver Adalyn foi a mais difícil, eu pegava o celular o tempo todo para checar as mensagens e o registro de chamadas. Foi o que aconteceu quando contratei Daniel para ficar no Adam Point, cheguei até a escrever uma mensagem para ela, mas Adalyn estava o maior tempão online e não era comigo. Fiquei com o coração apertado, com medo dela estar conversando e conhecendo outras mulheres, pois depois da discussão que tivemos, não me surpreenderia se ela tivesse baixado o Tinder de novo.

A gente não namorava, mas seja lá o que tinha rolado entre nós duas, era uma coisa só nossa, sem espaço para outras pessoas.

Na segunda semana sem ela, fui para um churrasco na casa de Dylan, foi a minha oportunidade de conhecer ele melhor, as coisas entre ele e Laura estavam tão bem que comecei a ficar com um pouco de inveja. Queria aquilo para mim, o companheirismo, a compressão, o amor... Por que eu não podia ter nada disso? Nem Dylan e nem Laura tocaram no nome de Adalyn e para ser sincera, foi a melhor coisa que eles fizeram por mim. Só de pensar em Adalyn me dava vontade de chorar, parecia um teste de resistência não falar com ela, é diferente de quando a pessoa que você ama está morta, você se conforma. Quando a pessoa está viva e ignorando a sua existência, você vai vivendo dia após dia tentando se convencer de que não se importa, mas no fundo, você se importa pra caralho.

Na terceira semana, Adalyn me mandou mensagem.

Adalyn: Tenho umas coisinhas aí. Se estiver tudo bem para você, vou mandar uma amiga minha ir buscar.

Talvez tenha sido infantilidade minha não responder, apenas curtir. A amiga dela chegou à noite, por volta das 20h, juntei tudo o que era de Adalyn e coloquei dentro da mochila que ela tinha esquecido. Demorou alguns dias para eu sentir o que estava acontecendo; eu estava vivendo outro tipo de luto, mas dessa vez parecia bem pior.

Dois meses depois, eu já tinha perdido as esperanças de que eu e Adalyn fizéssemos as pazes. Ela tinha parado de vir jogar com a Butterfly, Ingrid e Fernanda tinham me dito que era por causa de uns trabalhos da faculdade, mas eu sabia que era mentira. Adalyn não estava jogando por minha causa. Ela não queria me ver.

Quando fui até o Adam Point pegar a conta de luz com Daniel, foi Jazmyn quem veio até mim.

"Adalyn saiu da equipe", ela diz, meio constrangida. Fico me perguntando se ela e o restante das meninas estão por dentro do que aconteceu entre eu e ela. "Ela me pediu para te agradecer por tudo."

"Foi por causa da faculdade?", pergunto, curiosa. Se fosse por conta dos estudos eu ia entender, mas se fosse porque ela não queria nem a minha amizade, aquilo ia me deixar muito puta da vida. "Ou teve algum outro motivo?"

Jazmyn dá de ombros, a franjinha caindo sobre os olhos. "Ela disse que você ia entender."

Dá para ouvir uma voz na minha cabeça dizendo que a culpa de tudo isso é minha, que até a Butterfly vai pagar o preço pelo meu medo de assumir um relacionamento com alguém vinte anos mais nova que eu.

"E vocês entendem?", questiono, num tom bem claro e direto. "Eu não queria atrapalhar a equipe."

"Relaxa, Carrie", Ingrid surge de repente, jogando umas notas em cima do balcão para Daniel. "Relacionamentos são assim mesmo, às vezes só não dão certo. A gente encontra outra pessoa, a equipe vai ficar bem."

Daniel concorda, balançando a cabeça. "Minha namorada diz que não dá para confiar em quem é amigo de ex. Então deve ser uma coisa boa, né? Ela ficar longe. Assim, da próxima vez que você embarcar num relacionamento, não vai ter estresse."

Uma parte minúscula dentro de mim fica bastante magoada com a decisão de Adalyn de sair da Butterfly, principalmente depois de eu ter contratado um funcionário. Ela adora jogar Legaue of Legends nas horas vagas e o fato de ter saído da equipe só para não ter que esbarrar comigo me deixa enfurecida por ela não se importar mais.

Mandou bem, Carrie. É isso aí! (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora