VEIGH
Mano, eu não acredito que realmente rolou.
Débora tava dormindo perto do meu rosto, e eu só conseguia pensar em toda essa doidera que aconteceu rápido pra caramba.
E parça, era impressionante que essa mina foi com quem eu cresci. A Débora e eu compartilhamos uma vida de história juntos. Pensar que tínhamos acabado de transar, era doidera.
E o foda de pensar é que eu ressignifiquei tudo em pouco tempo. E era absurda a atração, a conexão que a gente desenvolveu nesse bagulho.
Quando ela me deu esse último gelo, foi diferente. Não foi como se eu tivesse magoado uma amiga. E ver que ela tava conhecendo outra pessoa, me deu um certo desespero de pensar na possibilidade de não poder mais ter esses momentos com ela.
[...]
— Titi?
Escutei a voz rouca da Débora no meu ouvido.
— Chora?! — Falei sem conseguir abrir os olhos. Ela tinha acabado comigo, pode pá!
— Minha mãe foi pra igreja. Bora levantar?
Não respondi por preguiça.
— Thiago?
A voz dela por mais firme que foi, não me fez despertar realmente. E pareceu até que ela tinha desistido por ter ficado tudo silencioso.
Só que eu conhecia a Débora o bastante pra saber que não ficaria por isso.
Comecei sentir beijos no meu pescoço e me deixavam arrepiado, mas fingi que não aconteceu nada. Ela percebeu e riu me fazendo arrepiar de novo.
— Se eu acordar, eu vou foder com você! — Eu disse ainda de olhos abertos.
Débora subiu pra cima do meu colo e deu uma quicada um pouco sútil. Ali me desestabilizou.
Apertei com firmeza a cintura dela fazendo ela repetir o movimento.
— Vamo logo, vida?! — Ela disse me dando um beijo na bochecha.
— Me chama de vida de novo? — Pedi rindo fraco.
Era diferente ver ela me chamando de algo além de Thiago ou "parça". E eu gostei muito.
— Tá carente, parça?
Ela tinha voltado.
Abri os olhos e tive a visão da Débora só com um camisetão da Oakley.
— Cê quebra o clima hein, filha?!
Dei um tapa na bunda dela.
— Tá boiolando já?
— Só é da hora as vezes ser tratado com mais carinho. — Levantei com ela ainda no colo.
— Agora tá desses?
Não que eu queria algo além do que eu tava vivendo ali com ela, até porque pra mim é uma parada perfeita. Só que as vezes é chato sim lidar com a secura dela.
— As coisas mudam, né?! — Repeti algo que ela sempre fez questão de reforçar.
Débora me olhou por alguns segundos e saiu de cima de mim.
— Tá vendo, parça. Era melhor a gente não ter ficado mesmo. — Ela disse voltando pra baixo da coberta.
— Não tem a ver, Débora.
— Tem sim, mano. — Desviou o olhar do meu.
Encarei ela por muitos segundos.
— É difícil de te entender, Débora. — Confessei levantando pra começar me arrumar.
Eu não tava bravo, nem nada, só que pra mim era muito complicado decifrar o que ela realmente queria. Era um morde e assopra do caramba.
— E não é pra me entender.
— Sabe qual a sensação que eu tenho? — Perguntei enquanto colocava a calça. — Que você me tem quando quer. Eu faço suas vontades, mas quando eu te peço uma mínima coisa, você se fecha.
— Não coloca em mim a responsabilidade das tuas ações. Quando um não quer, dois não fazem!
— Não tô falando que eu não queria, mano. Só que sempre tem que ser do seu jeito. — Coloquei minha camisa rápido. — E eu não tô desesperado pra ficar com ninguém, Débora.
— Quer dizer o que com isso?
— Que eu vou pensar em mim, tá ligada? E nem é por você não ter me chamado de "vida". Mas é por como você leva as coisas. Eu não sou um brinquedo, parça!
Vi a boca dela abrir, mas sem som nenhum. Ela sabia que não tinha o que dizer, eu tava certo.
Desde o começo a gente vive em pró do que ela quer fazer. Quando éramos amigos, e ela queria ficar comigo, quis romper nosso contato. Quando ficamos e ela viu que a minha consideração era outra, quis romper contato. Acho que esse desentendimento, que nem foi nada demais, foi o estopim pra mim.
Sai dali com cuidado, porquê sabia que ninguém ali poderia me ver.
Peguei minha moto e sai de lá rápido.
Eu não queria parar de ficar com a Deb, ela é uma pessoa foda pra mim, mas eu já estive nessa posição antes, e uma vez que você deixa acontecer, não tem como voltar atrás.
Meu último namoro eu precisei lidar com a Bruna o tempo inteiro decidindo sobre tudo, principalmente como eu devia agir. E começou assim, sútil, como se não fosse nada.
Tô fora dessa parada de novo.
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MANDRAKA - Veigh
FanfictionDébora, vc me ignorar só mostra o quanto eu tô certo em pensar que cê tá sentindo o mesmo. Eu tô ligado que é em mim que você pensa quando vai deitar, mesmo que queira me arrancar da sua vida. E eu já não sei como fazer voce entender, ou pelo o meno...