Único

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A hora se aproximava.

Não havia como escapar, ela era o sacrifício para um novo ano de prosperidade para a vila, mesmo que tivesse que entregar aquilo tinha de precioso, sua pureza, a única coisa que restara depois que sua família foi morta ainda quando era uma criança, agora no auge de seus dezoito anos fora escolhida para se entregar a um demônio que deveria proteger a vila.

Rin não entendia direito o porquê disso. Ela nunca ouvira falar de sacrifícios humanos aos yokais que viviam ali, ela acreditava que era algum forasteiro que viera a pedir tal coisa, mas a jovem não tinha certeza. Ela apenas sabe que hoje será levada o último pedaço de dignidade que lhe resta. Como virgem ainda poderia ser casar, ter uma família, mas agora, após essa noite, só lhe restará os prostibulo isso se tivesse a sorte de sair viva. Não havia alternativas para ela, o líder da vila já lhe dissera que não poderia voltar caso fugisse de seu destino.

Caminhou até o cômodo indicado pelas servas, ela não tinha certeza se aquelas mulheres eram humanas, mas algo gritava em seu íntimo que eram mais yokais, afinal em um palácio como este, que pertencia a um grande yokai, nada mais normal que serem tais seres a cuidarem do local. Era impossível não temer ao mesmo tempo admira a elegância dos corredores pelos quais era conduzida, a madeira brilhante nas paredes, as pinturas em nanquim e tintas coloridas que mostravam batalhas estavam espalhadas pelo ambiente de forma a contar uma história que ela não conseguia prestar atenção em que falavam de tão ansiosa se encontrava.

— Senhorita, seu banho está pronto, venha para que possamos lavá-la.

O coração de Rin deu um pulo ao perceber que a mulher a sua frente estava falando com ela. Sem conseguir falar pela ansiedade que tomava conta de seu corpo a cada minuto, Rin apenas acenou e se deixou guiar para a banheira, que diferente das que chegara a usar na vila, essa era grande e espaçosa que seu pequeno corpo quase desaparecia ao mergulhar. A água estava quente e perfumada que fora fácil relaxar, ela conseguia esquecer, mesmo que por alguns minutos que seu destino cruel. Ela foi lavada com sabonetes perfumados e a pele massageada com óleos perfumados, Rin começou a fantasiar que era uma noiva e não um sacrifício, e esta era a preparação de suas bodas, e iria conhecer seu belo noivo e começaria uma vida feliz. Era ingênuo pensar assim, entretanto era um consolo para seguir sua vida.

Após o banho um belo quimono de seda foi exposto. Seria a sua vestes para a noite. O tecido suave vermelho com estampas de flores era incrivelmente macio e a jovem estava agradecida pelo toque macio contra sua pele. Ela sempre viveu de trapos, roupas que os outros não queriam mais e era a primeira vez que vestia algo tão suave. Ela amou. Sua vida fora tão miserável e solitária que esta fantasia estava quase a levando a lágrimas.

— Então assim que princesas são tratadas. — Murmurou para si enquanto tinha seus longos cabelos negros penteados e enfeitados com grampos dourados e flores. Seus lábios foram cobertos com tinta rosa e seus olhos delineados com cores suaves. Quando as criadas trouxeram um espelho, Rin ficou encantada. Era ela mesmo ali? Sua pele normalmente encardida pelos banhos escarço e frios, estava clara e brilhante, seus cabelos estavam brilhantes e perfumado, ela parecia uma pequena boneca de porcelana, Rin quase chorou de emoção, ela estava tão bonita que realmente estava acreditando que era uma princesa.

— Venha, o senhor a aguarda.

Desta vez Rin foi guiada ao que parecia uma sala de jantar e orientada a esperar pois o senhor chegaria a qualquer momento.

"E assim, eu serei sua oferenda"

Sentada sozinha, Rin ouvia as altas batidas de seu coração, a ansiedade estava tomando conta da jovem, apesar de ter se refrescado, sentia as palmas de suas mãos suarem e o nervosismo começou a tomar conta. Ela, por mais que estivesse resignada, não queria morrer. Rin tinha sonhos, mesmo sabendo que deveriam acabar esta noite, ainda sonhava em forma uma família como a de seus pais. Um marido, filhos, acreditou enquanto se mantivesse casta poderia sonhar mas agora era a oferenda para que um yokai enfurecido não destruísse a vila. O som da porta se abrindo tirou Rin de seu pensamentos. Chegara o momento e a jovem não conseguia desviar o olhar do chão, continuava sentada o mais ereta possível. O som de passos suaves se aproximavam e era cada vez mais difícil fingir quando as batidas de seu coração soavam cada vez mais altas.

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