Café forte

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o uso de drogas é mencionado durante a fanfic.

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Taeyong é um papai de planta. Seu apartamento — este que, estrategicamente, pegava muito Sol — está sempre recebendo um vasinho novo com alguma planta, e o Lee adorava. Adorava ver seus bebês crescerem, alguns até tinham lindas novas flores!

Já Yuta, achava tudo aquilo minimamente estranho. Desde que foi pela primeira vez na casa do namorado, ficou assustado com a quantidade de verde que viu em um lugar só. Não tinha ideia de quantos vasos tinham ali, apenas chutou que passavam de quinze. E, o pior — na visão de Yuta —, é que Taeyong sabia o que eram e quais eram os nomes de todas.

— Rogéria está com florzinhas novas! — o Lee exclamou enquanto segurava uma jarra de água, parado e dando pulinhos leves no lugar com um sorriso no rosto enquanto observava os brotinhos novos.

Aquela havia sido a frase que iniciou a discussão daquele dia. Yuta havia parado na casa do mais velho depois de alguns copos de alguma bebida que acabou os levando para cama, e agora estavam ali, com uma leve dor de cabeça e naquela situação.

— Rogéria?

— Sim! É a minha violeta, Yu. Já te falei quinhentas e cinquenta e cinco vezes. Quinhentas e cinquenta e seis, agora.

— E eu vou lá lembrar o nome das suas plantas, Tae? — perguntou, se ajeitando na cadeira da mesa pequena que tinha no meio da cozinha e segurando a caneca com um desenho de cacto que Taeyong tinha guardada. — Você tem quase uma floresta toda aqui dentro, além delas serem todas iguais.

O Lee tirou seus olhos das pequenas flores coloridinhas que nasciam no vasinho de sua tão amada Rogéria para encarar o namorado com os olhos pegando fogo.

— Eu quero terminar contigo.

— Que isso, Taeyong?

— Você acabou de falar que meus filhos e filhas são todos iguais, Yu? Foi isso que eu escutei?

— É tudo planta, Taeyong! Planta é tudo igual.

— Não é não! Olha só: a Rogéria é minha violeta, a Marta é minha samambaia, Jeremias e Maria Antônia são minhas suculentas, o Tutu é minha tulipa…

— Tutu?

— Sim, Tutu. E não me interrompe, por favor — continuou falando enquanto apontava para as plantas espalhadas pelo apartamento. — A Elizabeth é minha margarida e ali do lado da Beth tem a Lisa, que é minha Rosa. Ah! Eu não posso esquecer do Bruno, que é meu girassol, da Laura, que é minha outra samambaia ali no cantinho e do Igor, meu cacto. Também tem minhas orquídeas…

Yuta não podia negar que era fofo ver Taeyong naquela situação, usando nada além de uma cuequinha estampada (esta que Yuta lembra muito bem de ter dado para ele de aniversário) e uma camiseta que era quase o dobro do seu tamanho enquanto seus cabelos estavam completamente bagunçados e a carinha amassada pelo sono recente, apontando para cada plantinha nos cantos daquele apartamento e falando o nome de cada uma.

Mas, para o bem da sua dor de cabeça, o Nakamoto teve que intervir.

— Chega, Taeyong. Você não chegou nem na metade.

— É só para você não falar mais que elas são todas iguais, seu bocó.

— Mas amor… — Yuta começou, puxando o mais novo pela cintura até que este ficasse perto de si. — Continua sendo tudo igual. Só muda a cor.

— Já disse que eu quero terminar, não disse? — o Lee repetiu a fala, levando as duas mãos até o peitoral desnudo do namorado e arranhando de leve a pele já meio marcada do japonês. — Se você continuar com essa porcaria eu te expulso do meu apartamento do jeito que você tá agora. Sem camisa e sem sapato.

— Bebê…

— Shh! Cala a boca! — o indicador direito do mais velho pousou cuidadosamente sobre os lábios de Yuta, que suspirou pesadamente enquanto observava Taeyong andar até o armário e tirar de lá uma caneca branca e a encher até a boca de café, tomando cuidado para não derrubar nada no chão e dando um gole em seguida, fazendo uma careta. — Que café forte, Yu.

— Desculpa. Acabei exagerando no pó.

— Do café ou o que você cheirou hoje de manhã?

— Do café, né. Não cheirei nada hoje. Quem parece que cheirou foi você pra tá falando tanto de planta essas horas.

Taeyong revirou os olhos.

— Ainda não sei porque eu namoro contigo, de verdade. Você só me maltrata e faz maldades comigo.

— Às vezes você pede, Tae — Yuta disse, se apoiando no balcão e quase derrubando um vasinho decoradinho do Lee, que praticamente se afogou com o café e quase quebrou a caneca para poder segurar o vaso no lugar.

— Meu Deus, meu filho quase morreu.

— E quem é esse?

— Um baita problemão você não saber o nome do meu filho — Taeyong revirou os olhos, ajeitando as folhas do vaso de violeta. — É o Brad. Brad Pitt.

Yuta riu anasalado, afastando a caneca de café dos lábios para comprimi-los e segurar a risada, sentindo o olhar de Taeyong queimar sobre si.

— Quer parar, Yu? Não vejo graça alguma.

— Ai, amor, só acho engraçado você ter tanto amor pra dar pra planta. Você ama mais elas do que eu.

O Nakamoto demorou para olhar para o namorado de novo, mas quando o fez, encontrou Taeyong sentado no chão com o rosto enfiado entre as palmas.

— Ei, ei, ei, o que foi? — perguntou enquanto largava a caneca de café em cima do balcão e se ajoelhava para ficar na mesma altura do Lee, levando uma mão até seus cabelos e tendo o coreano a retirando dali logo em seguida.

— Não fala comigo, Yuta — nada de "Yu" ou apelidos carinhosos. Taeyong estava realmente bravo?

— Paixão, eu não consigo saber o que tá acontecendo se você não me falar.

Taeyong espiou o outro pelo vão entre seus dedos.

— Quem você acha que eu sou?

— Lee Taeyong, meu namorado.

Exatamente, Yuta, porra!

Yuta havia se esquecido do quão sentimental Taeyong ficava depois de uma noite de bebedeira.

— Sou seu namorado.

Yuta franziu o cenho.

— Sim, e…

— Eu amo meus filhos, mas por favor nunca mais fala que eu amo mais eles do que você, por favor — Taeyong tirou as mãos de cima de seu rosto e as levou até as bochechas do japonês, segurando seu rosto com certa força e fazendo-o olhar para si. — Não quero que você me deixe por causa das minhas plantinhas.

Yuta quis rir, mas segurou. Acabou optando por sorrir levemente e se aproximar do namorado, deixando um longo selar em sua testa, enxugando as lágrimas de seus olhos com os polegares.

— Eu não vou te deixar, meu amor. Eu te amo muito pra isso.

— Eu também te amo, Yu…

— Só me promete que não vai mais falar de planta quando a gente tiver de ressaca.

Yuta!





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