1 - got a sense i'd been betrayed

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Seis da manhã. O despertador toca, mas não é necessário. Wanda Maximoff já está desperta à muito tempo. Ou melhor, ela nem dormiu. O som do chuveiro e o vazio da cama ao seu lado denunciava que Vision já estava desperto. Preguiçosamente rolou o corpo para a direção contrária da porta do banheiro, evitando olhar nos olhos do homem com quem dividia a vida à 6 anos.

- Não vai levantar? Vai acabar se atrasando. - Disse o homem enquanto colocava no pulso o relógio caro com pulseira de couro. Relógio esse que foi um presente de sua esposa.

- Eu conheço meu horário. - Rebateu Wanda com a voz grave pelo sono, levantando-se de uma vez. Nos últimos tempos estava vivendo uma guerra fria dentro de sua própria casa. Ambos assumiram a postura passivo agressivo, mas a morena ainda tentava salvar o que restou de sua relação. Salvar o amor era preciso. Afinal, seis anos não são seis dias. Mas com o que descobriu na última noite, era impossível.

Wanda entrou no banheiro, olhando sua imagem no espelho por alguns segundos. Deveria caprichar na maquiagem para esconder as olheiras e a palidez exagerada de seu rosto. Não soube exatamente quanto tempo ficou embaixo do chuveiro, mas foi o suficiente para o seu agradabilíssimo esposo não a esperar para deixá-la no trabalho.

Wanda não reclamou. Até achou melhor, não conseguiria encarar o homem naquele momento. E após sua rotina matinal feita, Wanda foi até a garagem do prédio, se dando conta que apenas a picape de câmbio manual estava disponível. Amaldiçoou Vision em 5 línguas diferentes, ele sabia de sua dificuldade com carros manuais e ainda assim optou por sair com o automático.

Mas a morena não daria esse gostinho para o homem, não mesmo. Dirigindo como uma recém habilitada, Wanda chegou até seu trabalho, estacionando o carro de qualquer maneira. Afinal, qual a vantagem de ser dona de um escritório de advocacia se não pode ocupar duas vagas? E sem falar com absolutamente ninguém, Wanda trancou-se em sua sala e passou o dia tentando fazer aquilo que faz de melhor: trabalhar.

- Dra Maximoff, o meu expediente já acabou, vai precisar de mim para mais alguma coisa? - A voz da secretária tirou Wanda de seus pensamentos, demorando alguns segundos até raciocinar que passou a tarde "lendo" o mesmo parágrafo do mesmo processo enquanto uma aba de seu computador exibia as últimas compras de seu cartão que dividia com o marido.

- Não, pode ir. - Disse simples, ouvindo o som dos saltos da secretária cada vez mais distante. Wanda era uma das advogadas da família mais renomadas de Nova York, se especializando em divórcio. E por ironia do destino, a morena lutava com unhas e dentes para evitar aquilo que era sua especialidade: o seu próprio divórcio.

O casamento com Victor nunca foi um relacionamento normal. Se conheceram na formatura, quando a turma de engenharia e direito se uniram para pegar o canudo. E naquele momento, o homem jurou olhando em seus olhos que ela ainda se casaria com ele. "Só se eu puder fazer o nosso acordo pré-nupcial", Wanda respondeu no mesmo tom, sorrindo. Sem humor algum, Wanda remoeu as memórias que antes lhe traziam tanta felicidade.

Teria passado seis anos ao lado de um homem que apenas à enganou? Se torturando uma última vez, Wanda encarou os comprovantes. Joalherias, restaurantes, teatros... Tudo que Vision se recusava a fazer com ela, fazia com outra qualquer. Fechou os olhos brevemente, com o nome da joalheria piscando em sua mente.

"Joalheria Romanoff".

Ela sabia onde era. Afinal, todos os relógios caros que presenteou o marido eram de lá. E sem pensar duas vezes, Wanda deixou seu escritório da mesma maneira que entrou. O caminho até o estabelecimento foi feito em completo silêncio, apenas o som do motor que sofria com as mudanças bruscas de marchas prendia a atenção da morena.

Dentro da joalheria, o clima era o completo oposto. Já estavam no fim do expediente, a maioria das funcionárias já haviam ido para casa, restando apenas as proprietárias Natasha e Yelena, que insistiam em finalizar a o balanço de algumas peças.

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