Beijo depois da briga

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Pai! A palavra parecia pairar em cima de sua cabeça. Petruchio sempre quis ser pai. Mesmo que sua juventude tivesse sido intensa entre mulheres e mulheres, ele sempre quis ter uma família como a que seus pais tiveram, com muito amor, companheirismo, uma vida a dois com sua esposa como um ser indivisível. E desde o dia que viu Catarina descer a escada da casa de seu Batista com uma melancia na barriga, ele soube que ela estava destinada a ser mãe de seus filhos. Sim, filhos no plural. Afinal, ele queria sim uns dez filhos. Ao mesmo tempo, percebeu que Catarina não era uma mulher que teria dez filhos, uma vida tranquila no campo e sem ambições. Catarina era diferente, Catarina era uma mulher moderna, uma mulher que queria trabalhar fora, que lutava por um mundo mais justo para as mulheres e não uma mulher que tinha filhos ou se casava. Mas, naquela realidade em que ela não queria estar vivendo, parecia que o destino gostava de sua ideia de dez filhos.

— Pai? Eu vou ser pai? - ele perguntou estático observando ela sentada no sofá, ainda tonta pelos últimos acontecimentos.

Clara olhou para ele estreitando seus olhos e rugiu nervosa. Tal mãe, tal filha.

— Você já é pai, Petruchio. - Catarina o alertou percebendo a filha atenta.

— Vou ser pai de novo? - ele emendou com um sorriso no rosto querendo se aproximar de Catarina que ergueu a mão no ar o impedindo.

— Estou ainda muito assustada com tudo, não chegue perto de mim!

Júnior saiu do lado da mãe, chegou perto do pai e lhe deu um pisão em seu pé.

— Fez a mamãe passar mal! Meu irmão tá na barriga dela! - ele rugiu e Petruchio teve a certeza que tanto Clara, quanto o filho, haviam puxado a personalidade de Catarina.

— Mas como isso é possível? - ele perguntou olhando Catarina nos olhos.

— Sabe melhor que eu como isso é possível. - ela respondeu nervosa, todos assistiam, pareciam hipnotizados como em uma história de filme.

— Arriégua seu Petruchio, mas ocê não sabe como é que faiz bebê agora? - Calixto comentou.

— Não é isso seu jumento! E não te chamei pra conversa!

— Oceis tão é estranho. O senhor nem comemorou como antes. - Calixto comentou. - Achei que ia chorá, abraçá a barriga dela e…

— Estou com fome, mamãe. - Clara reclamou sentindo seu estômago doer.

— Eu também. - Júnior disse fazendo coro a irmã.

Catarina olhou para Neca desesperada. A empregada e amiga resolveu ajudar.

— Mas vem comigo que faço um sanduíche de ovo com queijo pr'oceis comer com leite.

Júnior e Clara mais que depressa seguiram ela até a cozinha.

— Oh Neca, faiz pra eu também! - Calixto pediu indo atrás dela.

— A sua esposa tá aí pra isso. - Neca ignorou o pedido.

— Eu faço sanduíche pra você meu maridinho. - Mimosa fez a voz como se estivesse falando com um bebê.

Buscapé segurou um riso quando ouviu Neca implicar com Mimosa pela forma que tratava Calixto e Mimosa retrucar dizendo que ela tinha inveja, negou com a cabeça pensando que elas nunca mudariam. Chegou perto de sua madrinha que estava sentada apoiando a cabeça em sua mão.

— Madrinha a senhora perdoa eu que não consegui entregar um jantar perfeito?

— Não foi sua culpa Buscapé. - ela levantou a cabeça o olhando nos olhos. - E no final eu até gostei que tudo deu errado. - olhou de rabo de olho para Petruchio que encarava os dois andando em círculos pela sala.

De repente no futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora