Capítulo 26 - Coração Acelerado

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Lisa

O mundo caiu sobre a minha cabeça, houve alguma coisa na universidade e eu perdi a minha bolsa de estudos, eu tenho certeza que isso tem dedo de Mauricio Ambrose, mas não posso me preocupar com isso agora, a reitora me disse que se até o final da semana eu não pagar a minha nova matricula eu teria que me retirar da faculdade. Eu estou completamente desesperada, não paro de chorar um minuto se quer. Eu não posso ligar para a minha mãe, eu vou apenas preocupá-la e sei que ela não tem esse dinheiro para me dar agora, mesmo se eu pedisse um adiantamento para o meu chefe não seria o suficiente. Eu juntei todas as forças que eu ainda tinha e liguei para Lucas, mesmo com tudo que aconteceu entre a gente, eu sabia que ele seria o único que conseguiria me ajudar, mesmo que eu não quisesse um real do dinheiro dele, seria apenas um empréstimo. Mas ele não me atende, não me responde e eu não o encontrei na faculdade.

Estou sentada na cama chorando quando Dianna chega.

- O que aconteceu? Ela pergunta e eu conto para ela tudo que aconteceu para ela. – Não acredito nisso, Lisa. E agora?

- Eu não faço ideia. Seco as lágrimas com a palma da mão. Com meu coração apertado e desesperado ligo para Rebecca assim que Dianna vai para sua aula, ela queria ficar comigo me consolando, mas tinha prova.

- Oi. Ela diz baixinho e eu consigo ouvir algumas vozes no fundo.

- Está ocupada? Pergunto enquanto me deito na cama rezando para que ela não esteja ocupada demais para falar comigo.

- Espera. Ela fica em silêncio por alguns instantes. – Pronto, pode falar.

Eu sinto o ar saindo do meu peito e só então noto que estava segurando a respiração. - Estou encrencada. Minha voz soa trêmula, sinto que posso chorar a qualquer momento.

- O que houve?

- Posso te ver? Quero contar pessoalmente.

- Agora eu não posso, pode esperar um pouco? É muito urgente? Sua voz soa mansa e isso me acalma.

- Pode ser ainda hoje?

- Claro, te vejo a noite. Fique calma.

Eu passo o dia todo dormindo já que não consigo pensar em uma solução, assim que abro os olhos procuro por Dianna, mas ela não está no quarto, para variar. Ouço batidas na porta e ela logo se abre.

- Ok, quem você matou? Rebecca diz rindo, mas assim que ela me olha seu sorriso se apaga. – você está péssima, o que houve?

Eu fico em silêncio, ainda estou tentando formular uma frase, mas eu não consigo falar, não consigo falar nada e sinto as lágrimas em minha bochecha.

- Me diz o que houve. Pede baixinho limpando as lágrimas do meu rosto com o seu polegar.

- Eu vou embora. Falo pausadamente para não chorar compulsivamente.

- O que? Por quê?

- Perdi a bolsa, tenho que pagar a matricula até o final de semana.

- Como assim perdeu a bolsa?

- Eu não sei, talvez tenha sido Mauricio Ambrose ou alguém que me odeia. Eu fungo.

- Fica calma, isso é fácil de resolver, você não precisa ir embora, eu pago sua matricula sem problema nenhum.

Eu levanto bruscamente da cama e a pego de surpresa, pois ela me olha assustada. – Você acha que eu estou à venda?

- O que? Claro que não, eu só quero te ajudar. Ela também se levanta.

- Eu te chamei aqui apenas para desabafar, eu não quero seu dinheiro. Minha voz sai mais alta do que eu gostaria então me viro para a janela de costas para Rebecca. Ela fica em silêncio e eu só ouço as nossas respirações sincronizadas.

- Lisa. Ela chama e eu a olho, nossos olhares ficam fixos uma na outra e eu preciso desviar antes que ela consiga perceber o quanto esse seu olhar me deixou nervosa.

- Me desculpa. Eu só queria ajudar você, sabe... Esse lugar não vai ser o mesmo sem você. – Ela continua me olhando nos olhos e dessa vez vejo tanta verdade dela. – Eu não vou ser a mesma sem você. Ela da um passo em minha direção e nos estamos tão próximas que eu tenho medo que ela possa ouvir como meu coração está batendo rápido. – Diz que me desculpa. Sua voz sai como um sussurro, o jeito que ela pede desculpas faz meu coração derreter dentro do peito e seu olhar me deixa tímida.

- Não consigo ficar brava com você. Cruzo os braços.

- Ótimo. Ela sorri. – Vamos dar um jeito, você não vai precisar ir embora. Eu tenho que ir agora, o pai da Carol se suicidou. Vou ficar com ela na casa dela.

- Meu deus! – Coloco a mão na boca em choque. – Como ela está?

- Péssima e vão ler o testamento amanhã logo cedo.

- Coitada...

Ela vai até a porta e eu a acompanho.

- Diz para ela que eu sinto muito.

- Claro. E você não faz nada sem falar comigo antes, vou dar um jeito de você ficar aqui. Eu prometo.

- Como? Pergunto.

- Confie em mim.

- Eu confio.

- Boa noite. Ela diz sorrindo eu sorrio de volta e vou abraçá-la como despedida, mas nesse momento sem querer nossos lábios se tocam.

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