Capítulo 28 - Entre Irmãos

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Lucas

As coisas têm sido bem complicadas essa semana agora que o Simon voltou muito mais bonito, malhado e inteligente. Minha relação com os meus pais ficou ainda pior, eles usam meu irmão como exemplo o tempo todo e eu sinceramente não aguento mais. Ainda não engoli que Simon vai assumir a presidência do grupo Ambrose no meu lugar assim que o meu pai se aposentar e se ele acha que eu vou ver isso acontecer quieto, está muito enganado, mesmo que meu sonho seja trabalhar com cinema eu quero mudar o jeito do grupo lidar com os negócios e além do mais, Simon não pode roubar tudo que eu tenho assim.

Ele quem foi embora viver livre, quem aguentou toda a pressão e cobranças dessa família fui eu e mereço algum reconhecimento. No final do dia seria a leitura do testamento do senhor Albert Nordé, pai da Carol e ela me fez prometer que eu estaria lá com ela durante a leitura, eu já não tinha conseguido comparecer ao velório ontem, eu conseguiria ir a tempo. Ela não fala, mas sei que tem medo do conteúdo e mais medo ainda do que a avó pode aprontar.

Ela é a garota mais mandona que eu já conheci eu nem sei por que eu obedeço. Recebo uma ligação do escritório do meu pai marcando uma reunião com os acionistas no mesmo horário e a secretaria foi bem categórica sobre a presença obrigatória. Vai ter que dar tempo de ir até os dois, não era tão difícil assim os compromissos eram todos no Upper East Side.

Coloquei meu terno cinza e uma gravata preta, combinei os horários com o meu motorista e fui para o escritório. Lembrei no caminho que há dois dias Lisa tinha me ligou tento retornar, mas dessa vez ela quem não atende.

- Boa noite, senhor Lucas. O senhor Ambrose o aguarda na sala de reuniões.

- Muito obrigado.

Assim que entro na sala vejo que Simon e meu pai já estão lá, um do lado do outro. Sento do lado do Simon.

- Atrasado, irmãozinho. Ele sussurra no meu ouvido, mas resolvo ignorar o comentário. A reunião se arrasta por horas e eu quase não consigo entender direito os dados e o que eles falam, anoto algumas coisas para estudar depois, mas pelo visto vou ter que jogar sujo se quiser ficar com essa presidência, obviamente Simon está mais preparado. Olho no relógio o tempo todo impaciente, eu estou bem atrasado e eu sei que a Carol precisa de mim e eu prometi que estaria lá. Ela vai me matar.

Depois de infernais três horas a reunião termina, cumprimento alguns acionistas e me despeço do meu pai.

- Aonde você vai? Vamos sair para jantar em família. Meu pai diz ríspido como sempre.

- Eu já tenho compromisso.

- Me deixe adivinhar, seu compromisso é mulher. Simon diz com um sorriso presunçoso no rosto.

- Cala a boca. O fuzilo com o olhar. – Marcamos outro dia. Termino de falar e já saindo da sala e correndo para o carro para tentar chegar ao escritório dos Nordés. Assim que o motorista estaciona em frente ajusto meu terno e entro no prédio.

- Eu vim para a leitura do testamento. Falo na recepção.

- Acabou há uma hora, mas pode subir

- Droga! Onde a Carolina está?

- A senhora Nordé continua na sala, mas pediu para não ser incomodada.

- Diga a ela que é Lucas Ambrose. Ela apenas me olha e coloca o telefone na orelha.

- Ela não quer receber ninguém. Como eu disse.

- Eu vou falar com ela de qualquer jeito. Digo já entrando no elevador.

- Eu vou chamar os seguranças. A funcionária grita, mas eu a ignoro.

Vejo Carol sair de uma das portas no enorme corredor vestindo um vestido branco e com seu cabelo loiro enrolado em um coque. Seu rosto está vermelho e os olhos inchados.

- Posso saber por que você está causando alvoroço aqui? A voz é fria e ela mal olha para mim.

- Eu sinto muito por ter perdido a leitura, eu tive um compromisso inadiável. – Tento explicar e me aproximo dela.

- É claro que teve. Ela sorri sem humor e da um passo para trás.

- Carolina, eu estou aqui agora.

- Mas agora eu não preciso mais de você! – Ela grita. - Na verdade eu nem quero te ver. Você é incapaz de cumprir suas promessas. Vai embora. Aponta para a saída, mas eu a ignoro.

- Você não ouviu? Ela está novamente com aquele tom que eu tanto odeio. Frio e superior.

- Não me trata desse jeito, não sou um dos seus funcionários. – Me aproximo dela. –Eu sei que eu prometi estar aqui, mas estou aqui agora. Ela ri sem humor novamente e solta os cabelos com as pontas dos dedos.

- Se você não sair daqui agora eu vou chamar os seguranças. Ela caminha até a entrada do elevador e eu a puxo pela cintura fazendo-a ficar de frente para mim.

- Você fica tão linda quando está brava. – Toco seu rosto.

- Me solta. Ela diz baixinho enquanto com a minha mão livre desliza pelo seu cabelo longo e a beijo. Nosso beijo é rápido e ansioso, eu não tinha noção do quanto estava com saudade daqueles lábios, do seu corpo quente junto ao meu. Encosto-a na porta de uma sala qualquer e aperto sua cintura enquanto ainda estamos nos beijando. Paro o beijo para respirar.

- Eu te odeio. Ela sussurra enquanto envolve seus braços em meu pescoço me puxando de volta para o beijo e dessa vez sinto meu corpo pegar fogo, assim como sempre que a toco, meu coração perde o controle dentro do peito e a minha pele queima desejando-a.

- Chega! – Ela me empurra. – Vai embora! Agora e eu estou falando muito sério, Lucas. Sai daqui. Ela grita.

Seus olhos agora estão mais raivosos que o normal e sabemos que perdi essa batalha, mas se ela acha que vou deixar isso para lá, não conhece nenhum pouco quem é Lucas Ambrose. Saio ajeitando meu terno e volto para a minha cobertura, durmo pensando em como beijar aquela garota teimosa mexe com a minha cabeça e com o meu coração.

No dia seguinte vou para a minha aula de cinema e não encontro Lisa lá o que é estranho. Ela nunca falta. Preciso procurar por ela depois. Depois da minha aula estou andando pelo campus e vejo Carol e Rebecca paradas na entrada do campus.

- Preciso falar com você. Digo andando na direção delas que se entre olham.

- Oi, Lucas. Rebecca responde e sai andando. – Te vejo mais tarde, Carol.

- Você não deveria estar na faculdade ainda. Digo.

- Eu tenho coisas para resolver aqui, se me der licença. Ela sai andando, mas me coloco de novo na sua frente.

- Fala sério, Carolzinha. Até quando isso vai durar?

Ela abre a boca para falar, mas uma limusine para na nossa frente e Simon desce dela vestindo um terno azul marinho irritantemente alinhado e assim como sua barba castanha.

- Atrapalho o casal? Ele pergunta.

- O que você está fazendo aqui? Digo olhando seriamente para ele.

- Preciso falar com você.

- Não vai me apresentar, Lucas? Carolina estende a mão para Simon que beija a mão dela.

- Simon Ambrose, senhorita. É uma honra.

- Carolina Nordé, prazer. Ela sorri. Essa interação faz meu estômago revirar. Olho para Carolina com o olhar mais frio que consigo.

- Sério? Você vai flertar com o meu irmão só por que eu me atrasei? Carol abre a boca como se não estivesse entendido bem e nesse momento noto que ela não se lembra dele, realmente já faz muito tempo desde a última vez que Carol e Simon estiveram no mesmo lugar. - Eu sou um idiota mesmo. Eu aqui querendo me desculpar e você flertando com o babaca do meu irmão. Dou alguns passos para trás saindo de perto deles. - Vou te deixar sozinha com o Ambrose favorito de todos. Ele é ótimo, você vai amar.

Três Mundos e Outras CoisasOnde histórias criam vida. Descubra agora