Eu sinto
Sinto o cheiro de mofo que vem das paredes
Elas ainda guardam em si a chuva da noite passada
O ar condicionado range forte
Cospe gelo para todo o lado
Mas faz umas pausas de vez em quando para me permitir pensar
Pensar, em que?
Em mim?
No passado. Presente. Futuro?
Está escuro
Como o céu sem estrelas
Mas eu sinto
As paredes me observando
"Ela não dorme? É quase uma da madrugada"
E eu aqui, pensando
No passado. Presente. Futuro.
O edredom sob o corpo aquece
Minhas mãos acariciam minhas pernas
E minhas costas tortas, encostadas na cabeceira de uma cama de ferro mais velha que eu, choram de dor
Imploram por repouso no colchão de molas velho
E eu, pensando
No passado. Presente. Futuro.
O estômago súplica por alimento
"Até quando sem comer?"
Enquanto faço do som dos roncos alheios, músicas para os meus ouvidos
Me deixando hipnotizar
Pensando
No passado. Presente. Futuro.
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Trinta aleatoriedades
PoetryNuma noite quente, sob o clima de um ar condicionado barulhento e uma irmã que não parava de roncar, esta não tão bela mulher que vos escreve sentiu-se ansiosa, angustiada, aterrorizada. Questionava-se sobre as suas escolhas, seu passado, presente e...