Capítulo 3

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Já estava avistando minha casa no meio de toda aquela névoa que rodeava a pequena cidade de Colmar no meio desta madrugada. Estava me sentindo um pouco melhor. A tosse e todo frio haviam passado graças a Haos que trouxe calor ao meu corpo ao me tocar. Depois da longa conversa que tivemos me sinto pronta. Não vou negar que estou receosa do que vou ter que enfrentar, mas sou capaz de qualquer coisa para ter a minha irmã de volta.

Paro em frente a porta e giro a maçaneta, na esperança da minha mãe ter deixado a porta aberta. Porém, a mesma não abre. Passo a mão no bolso da minha calça e não sinto a presença da chave. Bufo impaciente, e consigo ver o ar quente que saí pela minha boca. Olhei pro lado e vou até a lateral da casa. Sempre esqueço a janela do quarto aberta. Só espero que minha mãe não tenha fechado. Quando dou de cara com a janela, um pequeno sorriso de lado toma conta do meu rosto. Me penduro na mesma e pulo para dentro. O quarto estava escuro e completamente bagunçado com brinquedos da Emile espalhados por todo o lado. Olho para o relógio sobre a cômoda e vejo que já são 23:00 horas da noite. Vou até o espelho e fico ali olhando o meu estado físico. Cabelo completamente bagunçado, roupa úmida por causa da chuva e os olhos inchados devido ao choro.

- É melhor trocar de roupa . - Falo comigo mesma.

Abaixei-me para tirar os sapatos. Ao me levantar vejo pelo reflexo do espelho o ursinho favorito da minha irmã sobre a cama de baixo do beliche que dividíamos. Ela sempre dormia agarradinha com ele. Dou um leve sorriso ao lembrar. Viro e ando até o tal beliche e sento ao lado do ursinho marrom vestido por uma camisa amarela. Tiro do meu pulso a pulseira da Emile e coloco dentro do bolsinho que tem na camisa dele. Me lembro quando ele chegou em casa. Era na manhã do aniversário de 3 anos da Emile. Eu e minha mãe estávamos na cozinha preparando um café da manhã e Emile estava na sala assistindo desenho animado. Foi então que pude ouvir meu pai gritando que havia chegado em casa. Meu pai sempre foi um homem trabalhador, quase nunca estava presente em casa para termos uma vida confortável. A noite toda trabalhava como segurança em um shopping e de dia trabalhava na cafeteria, que atualmente quem toma conta é a minha mãe. Não demorou muito até Emile pular em seu colo. Logo fui atrás e ele nos envolveu em um grande e demorado abraço. Quando nos soltamos ele tirou de uma das sacolas que trouxe um ursinho de pelúcia e entregou para Emile dizendo um " Feliz aniversário meu amor." A mesma agarrou o ursinho de uma tal maneira como se fosse a maior riqueza do mundo. " Vou chama-lo de Tody papai!" ela disse com um certo brilho nos olhos. Três dias depois do aniversário de Emile meu pai desapareceu. Ninguém fazia a menor ideia de onde ele poderia estar, nem uma pista sequer. Depois de longos e dolorosos 4 anos adotamos a ideia que ele faleceu. Não temos nenhum motivo para isso, porém pensamos que deste modo nos machucaríamos menos. Tenho medo que a mesma coisa que aconteceu com meu pai aconteça com a Emily, mas em relação a essa história eu tenho a chance de trazê-la de volta.

- Não se preocupe, eu vou trazê-la de volta! - Sussurro e pegando o ursinho. Abraço-o deixando escorrer algumas lágrimas pelo meu rosto.

Logo após alguns minutos abraçada com o urso limpo minha face e coloco Tody ao lado do travesseiro. Volto para frente do espelho e observo meu reflexo retirar de dentro do bolso interno da minha jaqueta preta o amuleto de Haos. Segundos após colocá-lo em meu pescoço ele irradia ums intensa luz. A mesma que eu vi sair de dentro do bosque.

A luz aos poucos vai cessando, e então quando o que só resta em meu quarto é a mais completa escuridão, troco de roupa e deito na cama de cima do beliche. O sono me tomou por completa. O ideal seria tomar um banho quente pra tentar me aquecer, mas parece que meu corpo não está de acordo com meus pensamentos. Sei que amanhã vou me arrepender disso, mas eu posso lidar com um depois. Agora, tudo o que eu quero é descansar e deixar meu cérebro me enganar com a falsa ideia de tudo isso não passou de um pesadelo. Lentamente meus olhos foram se fechando e a última coisa que me recordo de fazer foi por a mão no amuleto que estava em meu pescoço e apertá-lo.

Vastel - Os Seis AmuletosOnde histórias criam vida. Descubra agora