Can't love you anymore.

Capítulo 11 - Hard to Love

(Lian Kilen)

Acordar com grito é a pior coisa do mundo, ainda mais um tão estridente que poderia me deixar surdo por dias. Me levantei rapidamente e olhei para a figura assustada, quando vi quem estava na minha frente também fiquei confuso, Kuea estava lá, parado como uma estátua, olhando pro meu rosto como se fosse um fantasma que assombra a sua família por gerações.

-VOCÊ. – Eu e ele falamos ao mesmo tempo.

-Não acredito que o gostosão que beijei ontem era o meu ex, Jesus o que eu to fazendo da minha vida? – Kuea murmurou baixinho, ele estava se condenando e eu também estava com o mesmo sentimento.

Após dançarmos no baile beneficente, fui para um bar novo que Yi queria me apresentar, ele disse que era sócio e o nome do bar era Pentágono, sempre quis ter um bar e estava procurando um para comprar, o Pentágono continha um publico jovem muito atraente que sempre vinha na sexta, eles queriam se divertir após um dia estressante de faculdade, estágio ou trabalho.

-Já vou indo. – Kuea cortou minha linha de raciocínio e se direcionou a porta do quarto para sair.

-Nem pensar, você vai pra casa como? Eu que te trouxe para cá.

-Porra, mas que merda, eu deixei meu carro naquele bar. – Ele disse um palavrão na minha frente? – Devo ter jogado pedra na cruz né, só castigo. – Kuea cruzou os braços e fez uma careta, fofo.

-Então... você não gostou de ficar comigo?

-Quem gostaria de ficar com o ex Lian? Eu estava bêbado e não reconheci que era você – Essas palavras soaram como um tiro em meu peito.

-Eu também não ficaria com você se você não tivesse com aquela mascara ridícula. – Também tentei feri-lo com palavras, mas parece que não fez efeito algum.

-Foda-se garoto. – Ele pegou o celular no bolso da sua calça e ficou ainda mais furioso. – Descarregado. Você tem algum carregador para emprestar?

-Não, você vai ter que ficar e eu te levo para sua casa, use o banheiro debaixo para se arrumar, o quarto de hospede tá em reforma. Ele rapidamente saiu do quarto, mas voltou logo em seguida.

-A gente transou?

-Não você dormiu no meu carro e eu te trouxe para cima e te coloquei na cama.

-Nossa, ainda bem. – Ele ficou muito aliviado, era como se um peso saísse de suas costas.

Kuea saiu assim que conseguiu sua resposta, algo me intrigava em seu novo comportamento, agora ele estava mais solto e até conseguia falar palavrões na minha frente, ele não queria passar a imagem de garoto perfeito, aquele que era feito para casar e se tornar um dono de casa que cuida dos filhos, isso me fez perceber como eu realmente não o conhecia, anos longe de uma pessoa pode fazer ela se tornar um desconhecido para você.

Segui para o banheiro e fiz minha higiene pessoal, tentei ser o mais rápido possível para não o deixar esperando muito tempo lá embaixo, afinal, ele queria ir para casa logo. Vesti qualquer coisa no armário e fui encontra-lo.

Kuea estava no sofá, seu cabelo estava minimamente arrumado e ele estava com as bochechas rosadas olhando uma foto no porta retratos que fica na mesa de centro.

-O que você está vendo? – Falei apenas para puxar assunto, eu sabia exatamente a foto que ele está segurando, era uma que a gente tirou em um passei que nossas famílias fizeram juntas, a foto em questão continha o Kuea, meus pais e eu.

- Uma foto.

-Se gostou dela, você pode levar.

-Não gostei tanto assim, você tá nela. – Mais um ataque.

-Pensei que você tinha me perdoado.

-Mas eu estou te tratando bem até – Ele sorriu maliciosamente.

-Você me ataca a cada duas frases Kuea.

-Você quer que eu te ataque em toda frase?

-Não, pode ficar assim. - Ele continua olhando a foto atentamente, gravando cada detalhe e analisando tudo, Kuea finalmente quebra seu silencio momentâneo

-Eles sabem?

-Do que?

-Do motivo que fez a gente terminar, sua mãe e seu pai me adoravam, mas quando a gente terminou não recebi nenhuma mensagem deles.

-Eu não contei... – Não tive coragem de contar para os meus pais o motivo que fez a gente terminar, apenas escondi tudo debaixo do tapete e disse que ele não queria mais noivar comigo, eu sabia que estava sendo infantil, mas não queria ver meus pais decepcionado comigo

-Ah sim. – Ele tirou a foto do porta retrato, dobrou e colocou no bolso. – Você deve ter uma cópia, vou tirar sua cara no photoshop, pode ficar tranquilo.

Sai da sala e fui para a cozinha, fiz café e uns sanduiches e disse para ele que ia deixa-lo em casa depois do café da manhã, ele assentiu e comeu silenciosamente o que preparei, Kuea tinha um semblante triste em seu rosto, ele gostava muito dos meus pais, e meus pais também gostavam dele e o tratavam como se fosse um filho. Depois de comer peguei a chave do carro e fui deixa-lo em casa, o garoto ficava olhando a paisagem da janela e as vezes olhava para mim, mas com uma cara desagradável, seu olhar era afiado, era como se fosse me matar a qualquer minuto. Quando estou quase chegando no portão da mansão, Kuea fala:

-Lian, seus pais me odeiam agora?

-Nunca... acho que eles gostam mais de você do que de mim.

-Que bom então...

Kuea sai do meu carro e entra, ele segue para o jardim da sua casa e se senta em um banco perto do grande chafariz, pega a foto que guardou em seu bolso e fica olhando para ela, fiquei algum tempo parado observando a cena, mas ele finalmente se da conta que não fui embora e olha para meu carro, os olhos dele tinha lagrimas e ele limpou com seu moletom, rapidamente dei a partida e sai de lá, essa foi a pior parte da minha manhã, eu nunca o vi tão vulnerável assim e isso me deixou com peso na consciência.