Capítulo 54

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                                                                                     Anastasia


Choro durante a primeira hora do voo de duas horas e meia para Orlando. Não consigo evitar. Meu coração não está apenas partido; parece que foi arrancado do meu peito.

E eu fiz isso comigo mesma.

Eu disse a Christian que não posso morar com ele. Eu disse a ele que acabou.

Meus colegas de assento, um homem careca de cinquenta e poucos anos, na janela, e uma adolescente loira, no assento do corredor tentam fugir enquanto assoo o nariz pela quinta vez. Só que não há para onde ir. Bem, a garota loira tecnicamente pode se levantar e ir ao banheiro, mas ela já fez isso três vezes para se afastar de mim, agora, mantém-se sentada, me olhando de vez em quando. Eu não a culpo. A única coisa pior que um bebê chorando em um avião é um adulto chorando.

— Você, hum... está ok? — o careca finalmente se aventura e eu balanço minha cabeça, forçando um sorriso lacrimoso.

— Sim, desculpe. Foi só um... — Engulo um nó na garganta. — Um rompimento ruim.

— Oh, legal — diz a adolescente, visivelmente se animando. — Eu pensei que você tinha acabado de descobrir que tinha câncer ou algo assim.

Eu estremeço, me sentindo uma idiota. Porque ela está certa: poderia ser muito pior. As pessoas têm tragédias reais, coisas ruins que não podem evitar. Enquanto a dor que sinto é totalmente autoinfligida. Tive um caso com Christian Grey, um bilionário de fundos de investimento que está tão longe do meu repertório que parece viver num planeta diferente. Me apaixonei por ele, sabendo que não tínhamos futuro e, agora, estou pagando o preço.

— Uma vez eu também tive um rompimento ruim — confidencia a adolescente, mordendo sua unha verde e brilhante do polegar. — O idiota me traiu com minha melhor amiga no Ensino Médio. Beijou-a atrás das arquibancadas, você pode acreditar?

— Oh, uau, isso é terrível. Sinto muito — digo sinceramente. Ensino Médio ou não, isso doía do mesmo jeito. Pelo menos Christian nunca me traiu. Ele desapareceu por três dias após um incrível fim de semana juntos, mas até onde eu sei, nenhuma outra mulher estava envolvida.

Bem, exceto Emmeline. Ela ou seu clone igualmente perfeito estava sempre entre nós.

— Sim, bem, acontece — diz a garota, dando de ombros filosoficamente. — E você? O que o idiota fez?

— Ele... — Engulo novamente. — Ele me perseguiu no aeroporto e me pediu para morar com ele.

Tanto a garota quanto o homem me encaram como uma água-viva brotando da minha cabeça, então, corro para explicar. — Mas ele não quis dizer isso. Não da maneira como as pessoas normalmente fazem. É apenas uma conveniência para ele. Ele vai se casar com outra pessoa. Ele me disse isso quando nos conhecemos e...

— Ele está noivo? — a menina exclama horrorizada, e eu nego com minha cabeça.

— Não, não. Eles ainda não começaram a namorar. Pode até não ser ela, necessariamente. É que ele tem um critério muito particular, e eu não me encaixo. Em absoluto. Temos química, mas isso não é suficiente para um relacionamento de longo prazo. Eu não sou o tipo de garota que ele gostaria de apresentar a seus amigos ou clientes. Na melhor das hipóteses, sou apenas uma diversão para ele e, mais cedo ou mais tarde, ele ficará entediado e se afastará. E então — respiro fundo — então, será muito pior.

— Então você, o que... mandou esse sujeito pastar antes? — O homem parece fascinado, como se estivesse tendo uma visão especial da psiquê feminina. — É como atacar primeiro na batalha para minimizar suas perdas?

Eu aceno e assoo o nariz novamente. — Algo parecido.

Exceto que se o objetivo era vencer a batalha, eu já perdi. Meu coração pertence ao homem de quem me afastei e é difícil imaginar que dói mais do que agora. Ainda assim, tenho certeza de que fiz a escolha certa quando terminei com ele. Se me sinto assim depois de um fim de semana juntos, quão pior seria se eu estivesse com Christian há algum tempo?

Não, este é o único caminho. Arrancar o Band-Aid junto com um pedaço do meu coração, neste caso e seguir em frente.

A ferida será curada com o tempo. Ou não?

O Titã De Wall StreetOnde histórias criam vida. Descubra agora