02 |  croissant de macaron

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Quando entro na padaria pela porta dos fundos, o aroma doce invade meus pulmões - é o perfume da oitava fornada de croissants que retirei do forno esta manhã. Meu segundo plano tem que funcionar, estive conversando com Nino Lahiffe, o melhor amigo de Adrien. O garoto contou que o loiro estava com vontade de experimentar algum doce diferente e o que seria melhor do que croissants recheados com macaron? Parece perfeito!

Todas as minhas tentativas anteriores fracassaram, algumas queimaram, outras murcharam e assim por diante. Realmente não é fácil alterar toda uma receita para acrescentar recheio. Mas acredito que desta vez deu certo. Eu me aproximo do forno e o abro, funcionou mesmo!

Os croissant-macarons, apelidados por mim de forma terrível, ficaram perfeitos, como eu havia imaginado. Eu já havia testado a receita antes, mas desta vez decidi adicionar corante à massa para torná-la mais especial. Fiz três croissant-macarons na sua cor favorita, verde.

Eu pedi a Alya que falasse com Nino e o convencesse a trazer Adrien aqui para comprar algo para ele, assim ele não suspeitaria que eu o tivesse chamado. Porém, parando para pensar, talvez tenha sido uma má ideia. Nino e Alya são pessoas que não sabem muito bem esconder as coisas. Mesmo que ela esteja me ajudando nessa.

Planejei cuidadosamente para que Adrien chegasse à padaria exatamente às 15 horas. Cronometrei tudo com precisão e pedi aos meus pais que deixassem eu tomar conta do estabelecimento hoje e dei uma desculpa qualquer, como:

- Vocês precisam de um tempo, talvez possam ir a um restaurante! - eles hesitaram um pouco, mas acabaram cedendo depois de um tempo.

O relógio marca 14h30 e preciso arrumar tudo às pressas. Mesmo que ninguém veja a cozinha, preciso me limpar e embalar os croissants da forma mais caprichosa que eu conseguir. No ano passado, Adrien abandonou o curso de moda e agora cursa cinema na faculdade e faz outras atividades em seu tempo livre. Ele me contou que não queria seguir por aquele caminho e, surpreendentemente, seu pai o apoiou, claro que com certas condições. Agreste sempre quis seguir os passos de sua mãe, Emilie, e ser ator. De qualquer forma, é um garoto talentoso e com muitas habilidades.

Com o último croissant embalado em papel-manteiga vermelho decorado com pequenos corações pretos, o coloco na caixa com os outros dois. Ela tem a tampa transparente em formato de coração, já que o Dia dos Namorados está chegando e domingo decorei a padaria inteira para o momento. Pelo menos assim, posso disfarçar e fingir que a decoração é apenas a habitual e que não tenho nada a ver com isso.

O sino da porta soa e ecoa pelo ambiente. Pego a caixa e suspiro antes de sair da cozinha, quando passo pela porta me deparo com o garoto loiro, os olhos focados em algo em seu celular. Ele parece tão distraído que só percebe minha presença quando eu pigarreio.

- Oi, Marinette! Desculpe, estava verificando meus horários. - diz Adrien. Sei que ele tem tempo livre até as 18h hoje e depois segue para seu curso de mandarim. As terças são um dos poucos dias em que ele tem mais de uma hora livre, e é por isso que decidi executar esse meu plano hoje.

- Tudo bem, Adrien. O que você quer? - depois de anos, finalmente consegui superar minha gagueira na frente dele, pelo menos em conversas simples. Ou seja, não podemos passar de uma breve conversa.

- Nino me disse que tinha que buscar algo aqui e que tinha que ser exatamente hoje, e que eu só pedisse a você. - fala Adrien. Fico me perguntando o que aqueles dois disseram a ele, balançando a cabeça negativamente sem que ele perceba.

- Sim, aqui está! - ando até uma sacola que está no canto direito do balcão, já deixei separado para que nada de desastroso acontecesse. Entrego para ele e confirmo na agenda de informações, demoro um pouco para achar o pedido de Nino e enfim confirmo com a cabeça que já está pago. Nino tinha realmente encomendado um doce de Dia de Namorados para Alya, então aproveitei para emendar isso ao plano - Adrien! - o chamo quando ele está se virando para ir embora.

- Sim? - ele se vira para me olhar e então eu congelo, abro e fecho a boca, mais nada sai dela. Era só o que faltava, nem conversamos direito, o que deu em mim?

- É... Até amanhã! - é tudo o que consigo falar. Um sorriso de canto se abre em seu rosto e posso jurar que minhas pernas ficaram mais fracas. Ele acena para mim e logo percebo que estou acenando de volta. O sino da padaria toca novamente me tirando do transe, ele foi embora.

Eu estraguei tudo de novo. Olho para baixo e vejo os croissants solitários me olhando com reprovação, pelo visto vou ter que entregá-los para meus pais, já que meu estômago se revira e posso ter a certeza de que não vou comer mais nada pelo resto do dia.

𝐂𝐔𝐏𝐈𝐃𝐎𝐍, adrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora