4. A noite todos os gatos são pardos

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Lilith

Finalmente as aulas voltariam. Sei que é incomum a maioria das pessoas gostarem de voltar para escola, mas a maioria não estuda em Hogwarts e não tem os amigos que eu tenho. A verdade é que ficar em casa no mundo trouxa se tornou entediante depois que conheci o mundo mágico de verdade, nem mesmo as ameaças do retorno de Lord Voldemort me fariam parar de vir à Hogwarts.

Mamãe não entende, mas é libertador ficar aqui. A sensação de felicidade é incomparável a qualquer outra, e a adrenalina que eu sinto todo ano, com o perigo de outro ataque à espreita e consequentemente quebrar as regras para impedir esse ataque é o que me faz sentir viva. São essas sensações que dão sentido à vida e a minha existência no total.

Todo o trajeto até a escola é exatamente igual em todos os anos. Malfoy passa esbarrando em mim no corredor em direção a cabine do último vagão com Crabbe e Goyle em seu encalço, o trio de ouro fica em alguma cabine nos vagões do começo e eu espero por Gina, Luna e Neville nos vagões do meio.

Sempre me sinto ansiosa no 1° dia de algo e por isso sou a primeira a chegar no vagão. Gina entra logo depois junto com Neville e nós três esperamos pela chegada da segunda corvinal do quarteto.

Não se passa muito tempo até que a porta se abra e entre uma cabeleira loira, me levanto do banco e corro em sua direção quase nos derrubando no chão, mas conseguimos retomar o equilíbrio a tempo. A sinto sorrir e a largo para olhá-la. Incrivelmente linda, seus cabelos estão ainda mais longos e continuam em um tom de loiro areia bem claro, mas eu sei que se mexer por entre os fios consigo encontrar uma ou outra falha que ela mesma cortou com a tesoura sem motivo nenhum.

— Senti sua falta — digo-lhe quando a abraço mais uma vez antes de soltá-la para que pudesse cumprimentar aos outros. Diferente de Gina, que eu sempre encontrava nas férias e passava uma semana na casa uma da outra, Luna sempre viajava com o pai durante as férias o que impedia que nos encontrássemos com frequência.

— Olha, Crabbe — exclamou Malfoy, conseguindo a atenção de todos nós que estávamos no vagão. Normalmente ele passa a viagem toda trancado em sua cabine com seus amigos sonserinos. Quando ele, raramente, sai pra desfilar entre os vagões é acompanhado por um dos seus seguranças gigantes, como apelidamos Crabbe e Goyle. Mas ele nunca entra em cabines que não estejam somente pessoas importantes da sonserina, ele nem chegava a olhar para dentro da nossa cabine. — O quarteto fantástico.

— Não sabia que o magnífico sangue puro, príncipe da sonserina, Draco Malfoy, consumia conteúdo trouxa. — Eu comento impassível. Sei muito bem que o que ele quer é receber atenção e que quanto menos eu demonstro, menos diversão ele tem, percebi isso desde a minha última discussão com ele, e devo admitir, é muito divertido pra mim.

— Só Malfoy era o suficiente, mas foi ótimo receber seus elogios.

— Sai fora, doninha — gritou Gina o empurrando para fora e trancando a porta com um agitar de varinha. A cara do loiro fechou na hora, era notável o nojo em seus olhos quando olhava para a grifinória. Não demora muito e seus olhar dispara pra mim, mas com o ódio que ele sempre sente quando não consegue o que quer.

— As vezes eu acho que ele te odeia, tipo odeia de verdade. — Neville comentou.

— E nas outras vezes você tem certeza disso. — Luna completa com total indiferença, sentando ao seu lado e comendo os doces que Tia Molly mandou na bolsa de Gina.

Neville se distrai com algo que ele viu pela janela e achou interessante antes de continuar a falar. — Não, tipo, REALMENTE odeia... do tipo ódio assassino.

— A gente entendeu, Nev — respondo deitando a cabeça no colo da ruiva que ainda estava vermelha de raiva do sonserino. — Queria jogar ele da janela do trem. — Gina riu ao meu lado antes de concordar e começar a divagar sobre como o mundo seria bem melhor sem o Malfoy. Seu ódio pelo sonserino tinha o triplo de intensidade que o dele por nós, isso era nítido.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora