Não era Amor Part I

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A porta se fechou e Gizelly se sentiu bem e verdadeiramente sozinha. Novamente. Jack olhou entre Gizelly e a porta, soltou um gemido ofegante e começou a trotar entre os dois, o gemido ficando cada vez mais alto quando percebeu que Rafaella não voltaria.

– Venha cá, camarada. – Gizelly se virou e se sentou no chão, ele correu e cheirou a mão dela até que ela passou o braço em volta dele. – Nós vamos ficar bem, não precisamos dela.

[...]

A raiva ferveu nela. Gizelly passou dias com raiva, mas não reagiu da maneira que pensava. Ela não destruiu coisas, ela não chorou, gritou ou bateu nas coisas. Ela apenas se sentou em seu sofá e pensou. Gizelly poderia ter destruído seu apartamento inteiro novamente, seria catártico, mas então ela teria que pagar para substituir tudo e ela achou muito hilário estar cercada de móveis pelos quais Rafaella pagou. Além disso, ela gostou bastante das louças coloridas e na verdade não sabe de onde Rafaella as conseguiu.

Não, ela não perderia o controle como sempre, ela era melhor do que isso. Em vez disso, ela apenas sentou e pensou sobre tudo o que aconteceu no passado.

Todos aqueles meses, todo aquele tempo que ela passou trabalhando para conhecer Rafaella, ela fechou os olhos para tudo que Rafaella fazia porque a amava. E o tempo todo ela estava mentindo.

Gizelly a amava muito antes de Paris. Talvez isso fosse o que mais doía, o fato de Rafaella ter sido genuína e sincera apenas por uma fração do tempo em que Gizelly a conhecia. Como ela poderia saber se as coisas que amava nela, qualidades que a fizeram se apaixonar por Rafaella em primeiro lugar, eram reais e não apenas uma invenção, uma manipulação?

Gizelly arriscou sua vida, sua carreira por Rafaella. Permitiu que ela entrasse em sua casa, levando-a a lugares que ela nunca tinha compartilhado com ninguém antes.

A seus olhos, a falta de defesa de Rafaella a tornava culpada. Gizelly concluiu que Rafaella estava tentando controlá-la, moldá-la na arma perfeita para usar sempre que quisesse. Gizelly teria feito isso, Gizelly teria feito qualquer coisa por ela.

Ela se perdeu, tornou-se algo que não era. Inferno, ela realmente acreditava que merecia a felicidade que sentia, apenas para ser arrancada dela.

Então ela percebeu que sua raiva inicial era dirigida a Rafaella, mas do jeito que ela se sentia agora era toda dirigida a si mesma. Foi sua própria culpa, ela se meteu nessa confusão. Ela questionou as intenções de Rafaella no começo, mas seus lindos olhos e seu sorriso falso a conquistaram. Agora, ela estava sentada com o coração partido.

Ela trancou a janela pela primeira vez desde que Rafaella invadiu a casa e saiu para trabalhar. Ela estava questionando tudo agora, Rafaella envenenou sua mente contra a CIA? Era a organização dela o tempo todo que estava por trás da morte de seus pais? A mente de Gizelly estava em todo lugar, ela não sabia mais o que acreditar.

Enchendo sua xícara de café, ela se sentou na mesa de Gustavo.

– Gustavo, me dê algo para fazer. Estou ansiosa por uma tarefa. – Gizelly não conseguia mais ficar sentada em seu escritório, Rafaella havia marcado sso também.

– Bem, finalmente consegui pesquisar esse nome que você me deu, Rafaella Kalimann? Acho que encontrei alguma coisa. "Foda-se! Ela está em todo lugar?"

– Não, isso não. Outra coisa. – Gizelly tomou um gole de café e se deliciou com o ardor em sua garganta, permitindo-lhe sentir algo que não era um turbilhão emocional.

– É realmente muito interessante, acho que você vai...

– Eu disse não. – Ela avisou.

– C-certo, bem, parece que Tom Dubois está usando seus velhos truques: brigas de rua clandestinas, temos informações de que ele as está usando como disfarce para o tráfico de drogas. O fentanil que ele está vendendo já matou quatro pessoas e outras centenas sofreram uma overdose. – Gustavo explicou.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora