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Carlota.

- Filha é apenas pra você conhecer o rapaz! Ele é de uma família confiável- Minha mãe sempre me colocando nesses vestidos gigantescos, o pó de arroz da minha cara já está derretendo de tanto que a Tia Ju está apertando esse espartilho.

Sem contar que eu tenho mais reações vendo as pernas das mulheres do bordel do que ver um homem com a barba a fazer, parece que por boa parte do tempo eu sou mais como os meus irmãos Pedro e Marcos, eles são tão livres e felizes, eu sou feliz? Tenho mais um tema para os meus poemas, sonho um dia ficar conhecida por isso, papai e mamãe acham besteira, querem que eu arrume logo um pretendente, para que eu brinque de casinha, é tão frustrante não ter absolutamente ninguém a falar a não ser a Tia Ju.

Tia Ju é irmã de mamãe, ajuda ela dês de que me entendo por gente, de certo modo, me sinto tão confortável com ela, nunca vi titia casada, mais nunca avia perguntado o motivo, mamãe só falava que ela era muito a frente de tudo, que era uma mulher " resolvida " com ela mesmo, nunca entendi muito bem.

- Ora, agora a menina é obrigada a fazer sala pra esse cara de rato que você chama de rapaz, pois olha se você não quiser falar com ele, eu mesmo boto ele pra gastar os sapatos mal engraxados daqui- Titia me falou e minha mãe balançou a cabeça desaprovando nossos risos contínuos.

- Mamãe eu realmente não quero nem saber de ninguém, minha própria companhia já basta de tal forma que não me sinto vazia, se a senhora não manda-lo em bora, titia descera com a espingarda de papai- Pisquei disfarçadamente para titia enquanto mamãe colocava a mão na cabeça em uma gigantesca insatisfação, saiu do quarto em um ar tão dramático, se ela estivesse com o roupão de toda sexta anoite quando espera papai seria mais cômico, como eles sempre intitularam sexta é dia das crianças dormirem mais cedo, inocentes.

Crianças nas tais quais tem 19, 24 e 27, ser mais nova tem seus grandes benefícios, mamãe fala que se eu estivesse com as freiras seria tão melhor, titia e papai me protegem com unhas e dentes de tudo.

Comecei a escrever poemas como forma de distração, papai e Marcos o mais velho como comerciantes viajam o mundo, sempre que da me trazem livros, meio velhos e amarelados, mais de certa forma muito especiais, cada um trás um sentimento de rebeldia, liberdade e libertinagem.

'' Rosas com espinhos quase venenosos

Folhas macias

Tarde gélida

Imagem quase distorcida ao meu olhar."

Eu não consigo mais de três versos, estou parada e isso é tão exaltante.

- Bom dia, caiu da cama? - Tia Ju estava sentada na mesa da cozinha tomando um café.

- Por pouco ontem não adormecia, estou presa em meus pensamentos poéticos novamente- Falei dando um sorriso fechado e quase pouco lateral, ela me olhou, me analisando.

- Você ainda tem umas copias de seus poemas não tem?- Me perguntou se levantando da mesa, mias atenta a cada movimento que dava.

- Tenho, porque te interessa?- Tia Ju me apoiava, mais não a ponto de querer as copias de alguns dos meus poemas.

- Acho que você se esqueceu que dia é hoje- Falou segurando um riso.

- Dia do roupão de seda- Falei rindo, é um jeito que eu e meus irmãos juntamente com titia temos de nos dispensar nesses dias tão cheios de " carinho " dos meus pais, só de pensar me da tal repulsa.

- Exatamente, só que tem um porem, sairei hoje anoite, depois te explicarei onde, mais você vai atrás do que quer, e de hoje não passara, pegue seus poemas e me entregue no jantar, sem que ninguém perceba, antes deu sair, darei quatro batidas distintas na sua porta, para que saia disfarçadamente, para que seus pais não a vejam, deixarei os poemas lá fora quando for dar comida os cavalos, então você pegara seus poemas e sairá colocado pela cidade - Olhei com tal admiração a tal loucura que ela acabara de citar.

- Certo, mais posso colocar meu nome? - Perguntei e minha tia levou a mão ao seu rosto.

- Logicamente que não, seu pai terá um treco, coloque suas inicias CA, Carlota Almeida.- Falou em animação batendo palmas discretas.

Ficamos conversando um pouco até nos dispersarmos totalmente dos planos, tomamos café e subi ao meu quarto, hoje por algum fato muito desconhecido por eu mesma não estava para conversas, estava querendo ficar na minha, mais pensativa eu poderia me arriscar, por partes gostaria de ficar quieta, só que quando se tem irmãos paz é uma coisa que não se reina nesse lar, eu sei que somos maiores de idade mais quando Marcos esta em casa com papai viramos crianças de 7 anos novamente.

Escutei duas batidas rápidas em minha porta.

- Entre - Falei arrumado minha cama, faço o máximo de esforço para me mover o mínimo anoite para de manhã não ter muito trabalho ao fazer a cama.

- Marco esta chamando a gente para andarmos a cavalo - Pedro, o irmão do meio, ao mesmo tempo que é um desgosto para o meu pai, é o menino de ouro de mamãe, seus olhos de cachorro pidão castanhos encantam as mocinhas, passear com eles a cavalo é uma tortura, ainda mais por conta que eles param pra conversar com as moças.

- Avise que já vou, qualquer coisa vou a encontro de vocês depois, tenho algumas pendencias para fazer ainda - Ele assentiu com a cabeça e fechou a porta, como ainda estava de camisola, optei por colocar uma calça, meus cabelos estavam presos, são volumosos e claros iguais os de mamãe, a diferença que o meu é um castanho claro, o da mamãe e de tia Ju são loiros. Terminei de me arrumar e eles já aviam saído.

Minha fiel escudeira Rubi estava a minha espera, minha égua branca de porte médio, já estava com a cela - Vamos lá meu bem - Sorri, passei a mão nela e subi indo em direção a cidade.

E claro, chegando na cidade Marcos e Pedro já estavam vendo quem seria a futura noiva.

Nunca me interessei a casamento, e muito menos a homens/meninos, tia Ju sempre me falou que foi do mesmo jeito, mais teve uma pessoa que mexeu com a cabeça dela, mais a pessoa foi embora, nunca soube o nome dele.

Enfim, isso não me interessa, tenho que ir rumo ao meu sonho de poéta.

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⏰ Última atualização: Apr 12 ⏰

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