𝟎𝟎𝟒 - 𝑻𝒚𝒍𝒆𝒓 𝑮𝒂𝒍𝒑𝒊𝒏

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É terça-feira, são 5:30h da manhã. Enid dorme um sono pesado e ronca alto, não consigo dormir, mas infortunadamente não é por seus sons que ecoam ao quarto, e sim pelo ocorrido fatídico.

A nova diretora, Merli Winston imortalizou sua chegada à diretoria da Nevermore Academy. A mesma anunciou a entrada do Hyde serial killer em nossa escola, integrado como se fosse um dos excluídos.
O jovem que tramou assassinar a todos nós, agora fazia parte de nós, assistindo às mesmas aulas, comendo no mesmo refeitório, sentando à mesma cadeira. Para a minha não surpresa tivemos a indignação de todos, mas, foi anunciado um diagnóstico de amnésia temporária, que eu imagino ser forjado, e logo grande parte dos alunos compraram a história. E ainda, para maior infortúnio do que a compreensão absurda dos demais excluídos, agora Tyler estava em minha turma de matemática avançada. Felizmente era a única aula que tínhamos juntos, pois ele era 1 ano mais velho, ou infelizmente, pois assim não poderia observá-lo para entender suas reais intenções.

Ao decorrer da aula naquele dia, percebi que o mesmo manteve o olhar firme em seu caderno, sem vacilar no contato visual. Esteve o tempo todo cabisbaixo sem ao menos olhar para a lousa.
Não conseguia evitar pensar em nosso último encontro e em como ele estava emocional e próximo. Sempre que fechava meus olhos eu podia sentir sua respiração gélida sob mim, junto ao toque de seu abraço desconsolado. Aquele era o Tyler do qual eu havia me apaixonado. "Havia me apaixonado?!" Me questionei, não acreditando no que se passara por meus pensamentos. 

Pensei no que a visão com ele poderia significar e inquieta decidi sair do quarto onde Enid dormia, e me dirigi ao pentágono. Caminhando até o centro, observo uma sombra distante. Me aproximo cautelosamente e vejo Tyler Galpin sentado com sua cabeça apoiada às pernas.

Pensei no que a diretora Winston nos repassou. Ela disse que Tyler cumpriria uma pena de trabalho comunitário na cantina de Nevermore até se formar, e então, seria encaminhado para um reformatório onde ficaria até os 21 anos, para cursar o ensino superior, tudo isso caso obtivesse bom comportamento. Ele não poderia sair das limitações de Nevermore e nem mesmo fazer trabalho comunitário no parque dos peregrinos. Foi um acordo feito com o juiz sob os laudos psiquiátricos do mesmo.
"Realmente, Galpin, sua vida está acabada." Pensei comigo, vendo-o erguer a sua cabeça e me fitar pasmo.

— Por que está aqui? — questiono-o me aproximando sem hesitar. — Você não deveria estar em seu alojamento, hyde?

— Até onde eu saiba estou limitado às instalações de Nevermore. — ele comentou sarcástico. — E você? Barbie anjo da morte, não deveria estar em seu berço gótico?

— Até onde eu saiba eu também posso caminhar pelas instalações de Nevermore. — hesito, mas falo pentelhando-o — E, pelo restante de Jericó também.

— Haha. Pelo menos alguém que cometa infrações tem que sair impune. — disse ele, ironizando por eu tê-lo torturado no passado. — E com essa me retiro. — disse, enquanto se levantava, usando um avental que noto ser o da cantina.

— Você acredita que não saiu impune? — eu o pergunto, mas noto que o mesmo me ignora, ao passar por mim sem ao menos me olhar nos olhos. — Ei! Volte aqui! Eu estou falando com você. — ele para quase que imediatamente, e retorna a mim, ficando tão próximo que consigo reparar nas bolsas abaixo de seus grandes olhos. Sua aparência parecia mortificada, ele finalmente era um excluído completo. O brilho que habitava em seus olhos havia desaparecido e apenas restavam mágoas e um humor ácido.

— Seus sentimentos permanecem intactos. — disse ele, como se pudesse me ler por inteiro. Senti um arrepio em meu corpo, como se houvesse medo e excitação presentes, mas eu sabia que ele poderia farejar e se satisfazer, e eu não estava disposta a ceder facilmente.

Quando penso em me afastar, sinto suas mãos pesarem em meus ombros e o mesmo se abaixa e aproxima seu rosto do meu, selando nossos lábios em um selinho tímido. Sinto minha alma saindo de meu corpo, mas não demonstro qualquer reação, sinto a elevação da temperatura ambiente, como se meu corpo gélido pegasse fogo.
Ele fecha os olhos e pede passagem com sua língua, novamente não tive ação, então o mesmo apenas entrou em um beijo apaixonado me apertando contra si, como se houvesse qualquer carinho entre nós.
Ele rapidamente separa e posso ver algum brilho em seus olhos, como se o rapaz que eu havia conhecido ainda estivesse lá.

— Parece que estou beijando um cadáver. — ele diz, prestes a retomar o beijo, quando de repente sinto minha visão escurecer e meu corpo cair lentamente. 

𝙥𝙧𝙚𝙨𝙖𝙜𝙞𝙤 𝙙𝙞 𝙢𝙚𝙧𝙘𝙤𝙡𝙚𝙙𝙞́ - Tyler x Wandinha x XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora