XII - Terror no banheiro

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Sentir o gosto de Aphelios em seu paladar era definitivamente algo que Sett jamais imaginaria conseguir em menos de duas semanas, mas de fato era aquilo que ele tinha após levá-lo a um orgasmo tão intenso que o tirou de seus eixos.

Ainda com o mel de Aphelios em sua língua, Sett não evitou de perceber o quão líquido era, sem a viscosidade costumeira que normalmente teria, e quando engoliu, sentindo o seu próprio gozo em sua mão, pôde comparar o quão diferente estavam as texturas. Aquilo apenas indicava a frequência que Aphelios se esvaziava, e essa informação com certeza o desconcertou. Imaginar que ele se saciava ainda mais frequentemente com outra pessoa o incomodava profundamente.

Sett sentiu o peso do olhar de Aphelios e levantou os olhos para ele, vendo um olhar satisfeito sobre si. Recebeu um curto sorriso e apenas alguns gestos:

"Isso foi ótimo, não sabe como eu precisava."

Sett franziu o cenho, estranhamente incomodado. Por que ele não estava falando mais?

"Eu vou indo na frente."

E para a sua surpresa, Aphelios se vestiu, se virou, destrancou a porta e se foi.

Aphelios havia saído daquele cubículo.

Ele havia o deixado ali.

Só.

Uma sensação de... vazio. Uma estranheza. Seu peito pesado, o estômago embrulhando. Sett se sentia estranho, se sentia pesado, se sentia... triste?

Ele se levantou, se limpou com papel higiênico e o descartou no lixo. Sett se vestiu devagar, com os olhos baixos, sem nenhum foco onde olhava. Perdido em seus pensamentos tentava entender o que sentia, havia algo que doía o seu peito e lhe dava tristeza, mas não sabia reconhecer o que era. Não era por menos, afinal, aquela era a primeira vez em que fora abandonado sozinho depois de uma transa. Era Settrigh afinal de contas, então abandonar alguém pós sexo era o seu papel, era ele que todos buscavam aproveitar cada segundo, até o último momento para conquistá-lo antes que metesse o pé, e agora, depois de tê-lo feito gozar, Aphelios simplesmente dá as costas e vai embora desse jeito? Ele nem teve a consideração de beijá-lo.

Sett ainda mantinha a cabeça baixa quando se aproximou da pia para se lavar. Higienizou as mãos e aproveitou a água refrescante para molhar o rosto e a nuca a fim de se tranquilizar, mas uma sensação horrível fez todos os seus pêlos se arrepiaram completamente.

Os olhos se lagrimaram sem a sua consciência.

Havia alguém atrás dele.

Ele sabia disso.

E o pior: era aquela mesma presença que havia sentido em sua casa.

Os músculos tensos, os olhos arregalados. Sett sentia uma gota de suor deslizar por sua têmpora. Sua respiração estava tão pesada quanto ofegante, e tudo o que ouvia era o som abafado da torneira ainda aberta derramando a água contra a superfície da pia. Sett sentia seu coração acelerado e batendo tão forte que doía o peito. Engoliu em seco, queria se mover, mas não conseguia, parecia paralizado.

O que era aquilo atrás de si?

Por que sentia uma sensação tão desesperadora quanto aquela?

Settrigh começou a hiperventilar.

Medo.

Pavor.

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