Me encontro mais uma vez fugindo. E fugindo de que, vocês certamente se perguntam. Estou fugindo deles. Eles que me perseguem todos os dias, dessa vez, escolheram me caçar em uma mansão escura e sombria. Estou escondida dentro do armário do quarto principal, esperando pacientemente a chance de fugir dessa casa e finalmente escapar deles.
Escuto seus passos pesados no corredor, o som arrastado das correntes que prendem seus pulsos colidindo contra o chão, se aproximando cada vez mais do quarto onde estou. Somente com a fresta da porta aberta, espio para ver as sombras imensas deles nas paredes enquanto entram no quarto, e me assusto com o barulho alto que o ranger da porta emite. Passos lentos e calculados ressoam pelo quarto, até que, depois de vasculhar os lugares onde eles pensavam que eu estava, ouço os passos deles se afastando cada vez mais pelo corredor.
Aproveito a chance e, o mais silenciosamente que posso, vou até a saída da casa. Desço incontáveis escadas escuras, enxergando apenas um palmo a minha frente. Caminho por salas e mais salas de uma mansão que um dia fora iluminada e aconchegante, antes deles tomarem o lugar da pobre família que aqui morava. Sem tempo a perder, não me atento aos diversos quadros nas paredes que estampavam os rostos dos antigos moradores da residência.
Quanto mais perto chego, mais alerta fico. Checando todos os caminhos antes de continuar, logo estou vendo a saída em minha frente. Com a luz vinda da única janela que não fora tapada, consigo enxergar o caminho que me levará à liberdade. Cada vez mais empolgada, coloco a mão na maçaneta, pronta para aproveitar a vida a qual fui privada.
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Esconde esconde ou pega pega?
Short StoryInspirada pela música Dance of The Sugar Plum Fairy