17 | Eu ainda não te castiguei, bonita

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Thaís

— então? — ele falou pondo fim ao silêncio que tinha no carro.

O facto é que eu simplesmente não consigo olhar pra ele. Toda vez que olho pra aquele bendito rosto bonito eu lembro do maldito sonho que eu tive hoje cedo e das malditas sensações que ele me fazia sentir.

— tá gostando de Borussia Dortmund? — gostaria mais se você não entrasse nos meus sonhos. — quê? — perguntou e eu olhei pra ele logo.

— eu falei alto?

— era suposto ter falado alto? — me olha de lado.

— não — me a jeito na cadeira — mas, em relação à Borussia Dortmund tá indo bem.

Ele até pensou em responder mas acabou por hesitar.

— porque você falou aquilo ontem? — pergunto olhando pra ele que ta concentrado na estrada.

Ele da uma risada fraca e por ironia do destino ou talvez porque o destino me odeia mesmo, o sinal ficou vermelho e ele olhou nos meus olhos.

— ainda nisso, bonita? — diz com um sorriso perfeitinho.

— claro, você me deixou curiosa — digo desviando o olhar porque se não eu fico sem pensar direito olhando pra aquele olhos escuros maravilhosos.

— você tem que aprender a deixar algumas coisas passarem — ele volta a olhar pra estrada e eu olho pra ele. — como terapeuta devia saber disso, é que não faz bom pro coração e pra mente. — como ele é debochado.

— quando se trata de uma coisa que eu fiz completamente bêbada e que eu não tenho uma única memoria sobre...— suspiro dramaticamente — fica preocupante.

Ele ri de mim.

— você tava realmente bêbada. — diz sorrindo. Juro, não fiquem ao lado de alguém que vocês tiveram um sonho erótico na noite anterior, é uma tortura.

— não era suposto você saber disso.

— quantas vezes eu vou ter de te dizer que tem muita coisa daquela noite que eu sei e você não faz a mínima ideia, hmm bonita? — quantas vezes eu vou ter de dizer pra não me chamar de bonita?

— para de me castigar, Jude — falo como súplica.

— eu to te castigando assim? — olha pra mim, e que olhar.

Eu assinto com a cabeça e ele humidece seus lábios de forma lenta ainda me olhando.

— eu ainda não te castiguei, bonita.

— e pretende castigar?

— você não imagina o quanto.

O clima ta diferente ou é o sonho que eu tive que me faz confundir algumas coisas?

— como? — pergunto e ele sorri de lado, enquanto gira o volante pra entrar no CT.

— como você preferir. — diz me olhando depois de estacionar o carro.

— e se eu não quiser ser castigada?

— a noite da qual você não se lembra, me recorda que você quer. — diz sério.

Puta que pariu o que eu devo ter feito nessa noite? Não sei, mas se eu falei que quero ser castigada por ele eu não menti.

Se ele gosta de me provocar eu vou provocar ele também.

Eu tiro o cinto de segurança e me aproximo devagar de seu ouvido dizendo:

— no dia que eu recordar do que aconteceu nessa noite você me paga, Jude.

— com muito prazer, bonita. — sussurra. — chegamos, vamos? — eu fiquei o analisando, até lembrar que eu vim trabalhar.

— vamos.

Nós descemos e foi cada um pra o seu trabalho.

(...)

— vocês pretendem fazer uma festa em plena terça feira? — pergunto totalmente incrédula, vendo meu irmão e a Haonna na minha frente.

— não só pretendemos como já estamos fazendo. — o coiso do meu irmão responde.

Só pode ser brincadeira, primeiro ele me ri horrores por causa de um sonho, depois me mete no carro do autor do sonho e como se não bastasse ele quer dar uma festa na terça feira enquanto eu só quero dormir.

Alguém me dá uma arma pra eu dar um tiro na cara bonita dele?

— você ta brincando né? — me joguei no sofá — eu to exausta, trabalhei horrores e você quer dar uma festa? Eu só quero dormir, Lewis!

— ah ah — lá vem o barulho da Haonna — até porque essa festa é sua.

— OI? COMO ASSIM? — levanto do sofá e boto as mãos na cintura.

— é sim.

— é porque assim, princesa — meu irmão começa a explicação — você é nova aqui, e ei sei que de fazer amizade você não é a melhor....— ele não mentiu.

— aí, eu dei ele a ideia de fazermos um social com os meus amigos e os dele pra te conhecerem — Haonna termina.

Era só o que me faltava, eu sou a anfitriã de uma festa que eu nem quero participar.

— você sabe que tá chamando pra sua casa um monte de marmanjo que só vão querer comer sua irmã né? — falo olhando pro Lewis que arregala os olhos.

— ai de quem tentar. — cruza os braços.

— só pra você saber mesmo, agora pra você — olho pra Haonna — eu não vou aturar ninguém mal intencionado nem bem intencionado, ouviu?

— você vai sim — ela me responde em tom de desafio.

Foram duas horas com eles comprando coisas e escolhendo músicas pra bendita festa, pra variar, a Haonna me obrigou a usar algo "apresentável" para os meus possíveis novos amigos, vê se pode?

Assim eu tô usando um vestidinho preto com uma fendinha na perna esquerda.

Os amigos dele foram chegando — nem sei como conseguiram tanta gente EM PLENA terça feira — e eu não fui com a cara de ninguém, os homens todos só queriam dar em cima de mim e as mulheres me olhavam mal. Se elas soubessem que eu nem queria estar aqui.

Pra mim o clima não tava nada bom então eu sai de lá sem despedir ninguém.

Pensei até em subir o elevador e ir pro terraço ou pra baixo mas não o fiz. Em vez disso, eu simplesmente saí subindo as escadas até parar na porta do meu actual problema diário.

Sim, eu parei  em frente à porta do Jude.

Eu pensei algumas vezes —— lê se muitas vezes —— em bater na porta até eu parar de pensar e simplesmente o fazer.

Continua...

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⏰ Última atualização: Dec 13, 2023 ⏰

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