Christian
.... Eu sentia que aquele era um dos momentos intensos. Anastásia guardava seus sentimentos sempre à sete chaves, não era muito de se entregar ao desespero e chorar a todo minuto. E esse era o problema. Ela guardava suas dores sem compartilhá-las, escondia seus ferimentos sem tentar sará-los e com isso uma grande masmorra de rancor, mágoa e desconfiança ia se formando, a qual era impenetrável e ninguém conseguiria passar. Quando ela resolvia que era hora de falar, tirava todo o peso de suas costas e falava coisas que você nem sequer podia imaginar. Tal desabafo estava prestes a acontecer.
— Vamos começar do começo, sim? —Perguntou ela com um entusiasmo falso, limpando as grossas lágrimas que chegavam em sua bochecha. Deus, eu queria tanto abraça-la, poupá-la de uma conversa assim. Não queria que relembrasse de tudo contra sua vontade. — Tudo começou quando a merda de um vizinho novo chegou no bairro e ele imediatamente me irritou por ter tirado sarro do meu nome. — Ela sorriu sem jeito ao lembrar e não pude deixar de acompanhá-la. Sei que a conversa não seria agradável, mas era impossível não sorrir ao lembrar desse dia. O dia que a vi pela primeira vez. — Nos odiamos mortalmente de um dia para o outro e não sei você, mas eu tinha razões para isso. Lembro da primeira vez que fiquei triste por apenas uma atitude sua. Quando você nem sequer ligou para os meus sentimentos, como de costume. Eu estava acabada por Dean ter me deixado, me trocado por uma vagabunda qualquer e só queria que me levasse para casa, porém você preferiu continuar atracado com a sua futura noiva. Naquele dia eu percebi o quão babaca você era e o quanto isso mexia comigo, mas ainda não fazia idéia de que estava totalmente apaixonada. Desde o primeiro dia que botei os olhos em você. — No momento eu não sabia se ficava extremamente feliz por tê-la confessando seus antigos sentimentos ou triste por saber que a mesma tinha e ficava remoendo todas as lembranças ruins de nosso relacionamento. Meus olhos estavam marejados e eu já não aguentava vê-la assim. — Então, depois de nos agarrarmos pelos cantos e nosso desejo um pelo outro vir à tona, decidimos ser apenas amigos. É claro que não deu certo e eu mais uma vez me decepcionei com você. Uma oportunidade apareceu e você prometeu me ajudar. Me abraçou, me aconselhou a esquecer meu ex namorado e me fez acreditar que eu merecia algo melhor, não me fez sentir uma qualquer. Estava sendo o melhor amigo do mundo, até que, obviamente, você pisou na bola comigo e errou feio novamente. Resolveu não aparecer e preferiu ir transar com sua namorada do que levar em consideração a mais nova amizade que tinha comigo. É claro que uma foda fácil supera tudo. — Suas palavras eram ressentidas e cada uma delas pronunciada com dor. Meu peito estava apertado e a cada lágrima sua que escorria, minhas mãos iam chegando cada vez mais perto dela, em busca de um abraço reconfortante. — Mas, como eu sou a maior idiota do mundo, acabei perdoando e como sinal de redenção fui para cama com você. Ótima solução! Entreguei à você algo tão precioso, te escolhi com toda a certeza para compartilhar o momento mais importante da minha vida. Minha primeira vez. Foi tão lindo e especial pra mim, fingiu tão bem que até me senti amada naquela noite. E o que você fez na manhãs eguinte? — Sua voz falhou na última frase e um soluço inesperado saiu pela sua garganta. Lágrimas já escorriam pelo meu rosto e eu nem ao menos ligava para o estado deplorável e fraco que me encontrava. Lembrar de momentos assim, lembrar de todos meus erros, me fazia refletir e no fim não me restava dúvidas de que ela não havia feito nada além de me amar e eu havia feito de tudo menos tratá-la e amá-la do jeito certo. Do jeito que merecia. — Me tratou como uma vagabunda, como uma qualquer. Me ofereceu dinheiro! ME OFERECEU A PORRA DE UM DINHEIRO COMO SE EU FOSSE A MAIS BAIXA PROSTITUTA! —Ana exaltou-se tanto que senti meu peito sendo empurrado com toda a força. Ela tremia de raiva e chorava sem nenhum pudor. — E o pior de tudo é que naquele mesmo dia percebi que estava totalmente apaixonada por você. Depois de ferida, magoada e ressentida, adivinha onde eu fui parar? Na sua cama novamente, graças à um plano de Kate e companhia, exatamente como esse agora. Nunca era o suficiente, você me partia ao meio, me deixava em pedaços e eu sempre acabava esquecendo, perdoando seus erros. Depois de suas declarações de amor, as quais eu acreditei, começamos a namorar e eu torcia todo o santo dia para que não me arrependesse de tal decisão. Você passou a desconfiar de mim e ter um ciúmes doentio. Você continou ferindo-me, mesmo quando eu não demonstrava. Cada crise de ciúmes sua era como uma facada, era a mesma coisa que dizer que nosso amor não significava nada e que você não acreditava nele. Porém, eu engoli. Fiz isso tantas vezes, superei e perdoei, segui em frente e dei todas as segundas, terceiras, quartas, quintas chances possíveis. De nada adiantou ser forte e continuar fingindo que todos aqueles ferimentos não doíam mais apenas para tentarmos de novo e de novo. Apenas porque pensei que poderíamos dar certo pra valer algum dia. — Os olhos dela mostravam profunda tristeza, pareciam perdidos recordando-se de mais momentos do passado, provavelmente mais uma das vezes que éramos tão disfuncionais. Mais uma das vezes que a destratei por pura infantilidade, falta de confiança e imprudência. Mais uma das inúmeras vezes que a machuquei... E foram muitas. E não havia uma só delas que eu não me arrependia com cada célula do meu corpo.
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Sempre foi Você
DragosteAnastásia Steele e Christian Grey passaram a ser vizinhos há pouco tempo, estudam na mesma escola e fazem o último ano da escola juntos. Eles tem uma certa implicância e "ódio" um pelo outro desde que se conheceram, mas isso muda com o passar do te...