𝐃𝐎𝐙𝐄.

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– Olha quem fala, o próprio boi. – Nikolai rebate com um sorriso, que chega a ser psicopático, em seu rosto. Não é como se Sigma realmente deixasse isso barato, Deus, mas nunca.

Era por isso que quando os poucos últimos clientes presentes no quiosque estavam indo embora poderiam ver dois adultos correndo pela areia da praia como se fossem duas crianças, se virassem para o mar. Assim como a visão dos "pais" dessas crianças sentados em cangas na areia, conversando como se olhassem para tudo aquilo e apenas murmuravam um "Estão apenas brincando" mesmo que um deles esteja com um garfo na mão. Os "pais" eram Fyodor Dostoevsky e Chuuya Nakahara.

– Vem aqui! Você não é homem não, Nikolai? Falou tanta verdade na minha cara, agora vem me encarar, filho da puta. – O albino apenas ria da situação em que se encontrava e continuava a correr. Às vezes murmuravam mais algumas provocações para o bicolor. Mas isso só fez Sigma perder os dois pares do chinelo que ele estava usando para o mar, os quais a essa hora já devem estar do outro lado da baía. Coitado dos animais que vivem lá.

– A gente não deveria começar a parar eles? – Chuuya decidiu se pronunciar sobre a situação à sua frente pela primeira vez.

– Não. Espera só um deles jogar o outro no mar e depois quem foi jogado primeiro puxar o outro também, eles vão parar logo depois. Já, já acontece.

– Mas esse mar é muito gelado. – Ele deu ênfase na palavra muito.

– É por isso mesmo que eles vão parar. – Fyodor não parecia ligar menos para a situação, como se já a tivesse presenciado milhões de vezes.

– Eles vão morrer de frio. – O moreno apenas riu com seus próprios pensamentos.

De todo jeito, foi dito e feito. Não demorou muito tempo até Sigma ser jogado nas águas frias do mar do Rio de Janeiro e logo depois Nikolai ser puxado para a água pelo bicolor.

O resultado disso foi Sigma e Nikolai tremendo até a volta para o carro. Fyodor fez os dois voltarem até lá abraçados, o que Chuuya achou genial, já que quando eles chegaram ao automóvel os dois já haviam feito as pazes e até estavam comentando sobre o cabelo de uma mulher.

Chuuya apenas voltou para a praia depois de se despedir dos três. Estava observando as estrelas no momento, ou apenas lembrando de uma pessoa que as observou com ele na noite passada. Se você perguntasse para ele se era isso que ele estava pensando você receberia um "está louco? Óbvio que não, até parece" como resposta. Agora se você fosse o Albatross, provavelmente você receberia um chute na banda e um "se toca" e apenas sairia.

– Pensando em mim, sardas? – "Sim na verdade".

– Você se acha, né. Claro que não. – O moreno sentou ao lado do ruivo, quase com seu corpo todo na areia, fazendo Chuuya se afastar mais para o lado para ele poder se sentar totalmente na canga.

– No que está pensando então?

– Nas estrelas. Talvez no mar, também.

Dazai apenas se calou e deitou sua cabeça na areia. – Seu cabelo vai ficar todo cheio de areia. – Chuuya, de novo.

– Eu não ligo. – Não foi em um tom grosso. Chuuya apenas decidiu se deitar na areia também, não que ele tenha pensado muito sobre isso antes de realmente fazer.

– Você poderia contar mais histórias sobre constelações.

– Você lembra as que te contei ontem? – Não parecia exatamente um tom de surpresa. Não que Chuuya tenha percebido.

– Eu disse que lembraria. – Ele odiava o fato de que Dazai, sempre — dê muita ênfase no muita — ficava calado do nada. Ele imaginava como seria brigar com ele e ele apenas ficar calado olhando para você, deveria ser um inferno, Chuuya ficaria ainda mais bravo.

Versos meus tão seus | Soukoku Onde histórias criam vida. Descubra agora