Fuga

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"Eu aposto em cães perdedores
Eu sei que eles estão perdendo e pago pelo meu lugar no ringue"

Nós realmente pensamos que aquele era o nosso fim. Viver um romance proibido ou algo assim só dava certo em fanfics, mas na realidade era totalmente diferente. Eu sabia que Ran não se importaria em matar o próprio irmão caso descobrisse uma traição de sua parte, e era isso que me preocupava.

Durante algumas semanas, estranhamente Mikey mandou Ran para inúmeras missões longas, o que significa que eu passei a maior parte do tempo sendo "cuidada" por Rindou. Eu tinha quase certeza de que era proposital, mas não ousaria perguntar nem questionar.

✧*:.。.Rindou pov.。.:*✧

- Ei, Rin! Pode me dar uma carona de volta pra casa? Meu carro está no conserto. - Ran me cutucou com um sorriso tranquilo enquanto caminhávamos pelo estacionamento.

- Claro, entra aí. - Entrei no carro sendo seguido por ele, que se sentou no banco do passageiro.

Por algum motivo, eu sentia meu coração disparado só de pensar em passar perto do prédio onde Ran morava. Embora morássemos a 5 minutos de distância um do outro, eu não passava por aquela rua com muita frequência. Pensar em ver Akira de novo me deixava ansioso.

- Tem um cigarro pra me dar? - Ran apoiou o braço na janela aberta enquanto sentia a brisa noturna bater em seu rosto.

- Aí no porta-luvas deve ter. - Apontei com a cabeça sem tirar os olhos da estrada à nossa frente.

O homem revirou o pequeno compartimento à procura dos cigarros. De repente ele parou em silêncio por algum tempo, e tirou algo de dentro.

- Achou? - Questionei.

- ......O que a calcinha da minha esposa está fazendo no seu carro?

- ...O quê? - Me virei sentindo meu coração disparar. Ran estava pálido e segurava uma pequena lingerie vermelha com força. Eu conhecia aquela lingerie.

... Puta merda, eu esqueci de levar para casa.

- Estou esperando uma explicação. - Disse sério.

- É-é... Não é da Akira. É de uma das garotas da Bonten. - Desviei o olhar tenso para a estrada novamente.

- Não seja mentiroso, tem o cheiro dela. - Ran aproximou a peça de seu rosto e aspirou ruidosamente. Em seguida a guardou no bolso da calça e fechou a porta do porta-luvas. Sua expressão séria se desfez quando um sorriso tranquilo surgiu em seu rosto e ele suspirou alto. - Mas não se preocupe com isso, eu não estou bravo.

- ... Não?

- Rin, você é meu irmãozinho. Eu não me importo de compartilhar se for com você. - Seu sorriso se tornou assustadoramente grande, e eu via sua mão apertar o tecido da sua calça.

Quase imediatamente eu estacionei o carro em frente ao prédio luxuoso onde ficava o apartamento de cobertura de Ran.

Ele abriu a porta e saiu do veículo, se virando para apoiar-se na janela.

- Nos vemos amanhã, irmão.

✧*:.。.Akira pov.。.:*✧

A porta se abriu violentamente e Ran entrou sem nem mesmo tirar os sapatos, avançou na minha direção e agarrou meu braço me fazendo levantar do sofá.

- SUA PUTA, VOCÊ ANDOU DANDO PRA OUTRO CARA NAS MINHAS COSTAS! - Me sacudiu enquanto gritava furiosamente.

- D-do que você tá falando?!

- NÃO SE FAÇA DE IDIOTA! - Ran me jogou no chão como se não fosse nada. Ele estava louco. - ELE É MEU IRMÃO, MEU IRMÃO!!!!

- Espera, eu posso-

- CALA A BOCA!

O Haitani tremia incontrolavelmente enquanto seu peito subia e descia rapidamente. Ele tirou o blazer azulado que usava e o jogou no chão, puxando as mangas da camisa até os cotovelos.

Ran sacudiu a cabeça e levou ambas as mãos aos seus cabelos os puxando enquanto gargalhava insanamente.

- Se você acha que eu vou te perdoar dessa vez, está muito enganada.

- R-ran... - Me encolhi ao vê-lo se abaixar na minha frente, acariciou meu rosto delicadamente traçando meus lábios com o polegar.

-... Você fica tão bonita quando está assustada... - Me deu um selinho - Vou te dar um motivo pra ficar realmente com medo.

Ran ergueu a mão e me deu um tapa forte na cara. Assim que tentei me desviar, ele agarrou meu pescoço com ambas as mãos e o apertou com toda força.

Eu me debatia tentado tirá-lo de cima de mim, obviamente em vão. Eu via o ódio brilhar em seus olhos, quando uma lágrima solitária desceu pelo seu rosto.

Estava prestes a perder a consciência quando tentei reagir. Eu sabia que morreria se não fizesse algo, então tomei coragem e levantei minha cabeça com força, chocando contra o rosto de Ran que estava a centímetros de mim.

O Haitani caiu para trás segurando o rosto enquanto gritava de dor, minha chance estava bem ali. Eu me levantei e sem pensar duas vezes corri para fora, fechando a porta atrás de mim.

Não me importei se estava de pijama e descalço, eu apenas corri para as escadas. Assim que alcancei a parte de fora do prédio, corri para a rua, sabia exatamente para onde iria.

Meus pés doíam pelo atrito constante com o asfalto, eu já estava perdendo o fôlego de tanto correr, mas ao menos estava longe de casa. Ran não me alcançaria se eu me escondesse logo.

Eu agora caminhava lentamente pelo cansaço em todo o corpo, pequenas gotas de água começaram a cair do céu molhando o meu pijama. Em poucos minutos estava caindo uma tempestade, e eu estava encharcada.

Parei em frente a porta de uma casa familiar. Algumas janelas estavam abertas e as luzes acesas, me indicando a sorte de ter alguém em casa. Pressionei o botão da campainha um pouco hesitante, dando um passo para trás. Eu tremia um pouco por conta do frio, a água pingava incessantemente das pontas do meu cabelo.

Um homem de longos cabelos escuros com mechas loiras abriu a porta, sua expressão neutra mudou para pura surpresa assim que me viu.

- Kira! - Kazutora me abraçou com força me puxando para dentro, sem se importar se eu estava molhando o chão e as suas roupas - Eu tava tão preocupado! O que aconteceu?!

- Ele tá atrás de mim, ele vai me matar! - Agarrei suas roupas enquanto chorava transtornada.

- Espera, calma! - Fechou a porta e a trancou - Não se preocupe, eu vou te proteger! Me conte tudo o que está acontecendo.

Send Me Orchids - Ran Haitani Onde histórias criam vida. Descubra agora