Crise no Coração

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As coisas nem sempre saem como o esperado. Como já dizia o grande Cartola, "de cada amor, tu herdarás só o cinismo". E, se quiser um conselho, nunca tente um amor com o filho de seu patrão.

Vamos com calma, deixa eu contextualizar tudo. Meu nome é Antônio, mas pode me chamar de Tom. Eu trabalhava em um supermercado e ganhava um bom salário para alguém que vivia só em seu apartamento. Meu chefe era muito gentil com todos os funcionários dele.

Acontece que Guilherme, o filho dele (tinha que ser um Guilherme), frequentava o mercado de vez em quando para ver como estavam as coisas. Dizia ele que pretende continuar o império do pai depois que ele se aposentar. Ele era meio que um carrasco.

Mas ele, sempre que me via, falava que o meu uniforme caía bem em mim. Eu, que não sou burro nem nada, comecei a perceber que ele estava gostando de mim. Pra um Guilherme, ele não era tão feio. Mas era muito branquelo.

Um dia, ele me falou para ir no armazém checar alguns produtos. Chegando lá, ele fechou a porta e ficamos só nós dois. Tava começando a ficar estranho aquilo lá.

Ele falou que me achava muito atraente. Gostava de meu estilo e que gostaria de ter algo a mais comigo do que apenas empregado e chefe. Bom, eu poderia até recusar, mas a carne aqui é fraca.

Acontece que eu não sabia que ele levaria aquele lance tão a sério. No dia seguinte, falou que me apresentaria para toda a família dele como seu namorado, e que eu viraria gerente daquele lugar.

Eu logo falei que isso era loucura, já que a gente tinha ficado uma vez só. Acho que ele não gostou muito do que ouviu. E Guilherme fez o que qualquer Guilherme faria naquela situação: pediu para o pai me demitir.

Moral da história: nunca fique com um Guilherme. Ainda mais quando ele é filho do seu patrão.

De qualquer forma, me restou voltar para meu apartamento. Fiquei o resto do dia assistindo séries. Madruguei. Acordei tarde no outro dia. Resolvi que deveria encontrar outro emprego logo. Então, meio dia, fui ao restaurante ao lado do prédio para almoçar. Servi meu prato com tudo que eu tinha direito, mas sem esbanjar muito desta vez. Self service pode sair muito caro às vezes.

Enquanto comia, escutei a conversa de duas mulheres na mesa de trás. Não deu pra entender muito bem o que elas diziam por causa do barulho no restaurante. Mas eu escutei claramente que uma delas precisava de uma babá.

Uma porta se abriu na minha frente. Era a oportunidade perfeita pra eu conseguir um novo emprego. Eu não estava tão bem arrumado, mas só minha lábia já era o suficiente. Gui devagar e confiante até a mesa delas e falei:

— Olá, senhoras. Perdão, mas não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Precisam de uma babá, certo?

— Ah, sem problemas, senhor. Eu preciso de uma.

— Bom, o mercado da pedagogia não está fácil. Pelas redondezas, não é muito comum ver pessoas dispostas a cuidar de crianças.

— Que lástima. Eu preciso ainda está semana de uma.

— Mas creio eu que posso ajudar neste caso. Não é muito comum babás homens, mas eu estou disposto. Além de que aceitaria um salário mínimo. Eu vivo bem somente com o necessário. O extraordinário é demais.

— Como somente um salário mínimo?  Está muito abaixo da média que as babás cobram mensalmente. Já recebi propostas de 3.000,00 reais por mês. Eu até poderia pagar, mas aquela moça era muito insolente.

— Certamente era muito materialista também. Eu moro sozinho, um salário mínimo é mais que o suficiente para me manter. Bom, caso queira entrar em contato comigo, deixarei meu número. Tenham um bom dia.

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⏰ Última atualização: Feb 04, 2023 ⏰

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