74: Zemo

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S O L D A D O  I N V E R N A L

— Esse lugar é bonito.

A bruxa fala olhando ao redor pela janela.

Olho de relance para a morena no banco carona ao meu lado e não reajo. Não consigo reagir.

É estranho estar de volta à essa posição, de submisso, de uma arma pronta pra servir.

Ainda mais tendo que fazer atividades ilegais, voltar a esse país, a esse hemisfério, o lado leste do mundo que me subjulgou durante todo esse tempo e agora volto ao meu estado de vazio.

Eu sirvo à essa bruxa agora e não tenho mais outro objetivo.

É como um infinito estado de dormência, em que eu sei tudo que aconteceu nas minhas duas vidas, só que agora eu perco minha autonomia sem que haja qualquer grilhão ou terapia de choque que me tire de mim, é apenas essa magia me controlando.

É assustador ser eu e não ser ao mesmo tempo.

— Ei!

Miranda me alerta e apoia uma mão em meu antebraço.

Eu pisco e volto o curso do volante, me distraí por um momento em minha mente quebrada e quase subo o carro no meio fio.

Bufo diminuindo a marcha.

— Quer nos matar? — A bruxa reclama.

— Agora entendi porque quer um traje de vibranium. — Rebato manobrando o volante em uma curva acentuada. — Você tem muito medo de morrer de forma comum, não é?

Não sai com ironia mas ainda sim é uma provocação.

— Se for para morrer um dia, porque não ser de forma épica? — A morena fala. — Não que eu tenha planos de morrer. Não sobrevivi mais de 5000 mil anos pra morrer agora.

Pisco com as lembranças do início do ano e dessa bruxa entrando na vida de todos nós, dos Vingadores. De Serena entrando nas nossas vidas.

Não consigo sentir nada.

Em que furada eles e todo o mundo se meteu.

Nós chegamos à um hotel em uma área bem neutra de Berlim.

Centro e subúrbio são pontos extremos, é sempre bom se misturar pelos bairros e hotéis comuns e baratos. Porém, a bruxa bastante egocentrada ao meu lado não quis algo barato, e por isso agora nós estamos no melhor hotel quatro ou três estrelas que eu consegui com a condição de ficarmos escondidos.

— Faça seus joguinhos mentais de forma discreta, por favor. — Resmungo baixo e tirando nossas malas do carro, para dar a chave do carro alugado ao manobrista.

No aeroporto de Berlim, Miranda me fez ir às compras com ela. A bruxa recheou sacolas com roupas e mais como um soldado e um guarda-costas do que uma pessoa, eu tive que apenas acompanhar.

— Como você é chato. — Miranda reclama apertando o casaco preto de pelagem no corpo que cobriu o vestido branco que veste desde que me encontrou.

Nós entramos comigo levando minha bolsa em meu ombro comum, sua mala em minha mão, e carrego suas sacolas no braço esquerdo de metal. Quando paramos na recepção pra fazer check-in, a bruxa apenas manipulou o homem para que nos liberasse uma suíte.

Nós pegamos o elevador com nossos cartões e vejo a hora no telefone.

— O plano é o seguinte, você fica aqui escondida, e eu pego o Zemo. Depois podemos seguir com a busca pela Hydra. — Declaro sem esperar retruco olhando os números dos andares correr.

Serena: A Nova Bruxa dos VingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora