𝟎𝟎𝟖 - "𝑿𝒆𝒓𝒊𝒇𝒆" 𝑮𝒂𝒍𝒑𝒊𝒏

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6 horas e 30 minutos, ainda é sábado.

Estou na frente da casa de Donovan Galpin, ou melhor, xerife Galpin, o carro não está lá, então imagino que o mesmo não se encontra em casa.

Checo meu bolso e noto que o saco de grãos de café se encontra lá, afinal, eu não gostaria de ter que fazer um carinho no cachorro Elvis futuramente. Escalo até o telhado pela calha, e procuro a janela que possivelmente seria de Tyler. "Gostaria que o Mãozinha pudesse ficar de tocaia agora" penso, tentando abrir a janela que se encontrava trancada, a única opção seria quebrar. Tirei meu coturno e o atirei contra a janela, vendo milhares de cacos de vidro voarem, olho em volta para ver se há alguém nas proximidades, e, logo adentro o quarto do jovem.

O mesmo encontrava-se terrivelmente bagunçado, parecia um típico quarto de um rapaz adolescente.
Havia salgadinhos espalhados na mesa do computador, meias pelo chão, cuecas em cima da cama e lenços umedecidos próximos à cama. "Por que há tantos lenços espalhados por aqui?" Me pergunto, mas logo imagino o motivo, e sinto meu estômago revirar.

Comecei a procurar coisas entre seus itens em cima da escrivaninha onde se encontrava o computador, havia muitas pastas de casos criminais que eu imaginava que o mesmo tivesse roubado de seu pai. "Que garotinho levado", penso olhando os casos que o mesmo estava lendo, muitos se tratavam de casos envolvendo excluídos.
Olhei os livros, procurei títulos suspeitos e vi que o último livro da prateleira se tratava de Jekyll e Hyde.
Tentei olhar em seu computador, o mesmo tinha uma senha que eu não saberia qual, mas no futuro eu tentaria verificar.

Levanto-me de sua cadeira na escrivaninha e vejo a sua mochila antiga da escola de padrões. Dentro da mesma encontro um caderno com anotações sobre aulas, desenhos feios e... "Henry e Tyler ♡"? Noto que há uma página no final do caderno com a seguinte escrita no meio de um grande coração.
"Só pode ser brincadeira", penso tentando decifrar o que havia em meu peito, se era ciúme ou ódio. Não poderia me surpreender mais, nada que o Tyler dissesse me faria cair em suas investidas.

Guardo o caderno e procuro mais itens, encontro uma carteira antiga em formato retangular, abro-a e encontro uma identidade falsa, uma camisinha e um pedaço de um cabelo preto amarrado. "Meu cabelo?!", examino os fios com os olhos arregalados. A situação desfilava entre o cômico e o horror, e quanto mais eu remexia suas coisas pior ficava.

De repente, ouvi passos a caminharem em direção ao quarto de Tyler, me apressei e me enfiei em baixo da cama. Donovan Galpin abre a porta e adentra o quarto, vestido em pijamas, e pelo cambalear imagino que o mesmo esteja alcoolizado. "Esse homem não estava fora? E a viatura?!" Penso, indignada e logo o mesmo sai, batendo forte a porta.

Ao sair debaixo da cama e me levantar, reparo que há um pequeno caderno embaixo do travesseiro de Tyler. Um diário, para ser mais exata, repleto de anotações, muitas delas com data e horário, creio tratar-se de um diário de terapia. "Bingo" penso, afinal, o que me ajudará a controlar um Hyde mais do que seu próprio diário?

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8 horas.

O caminho de volta foi tranquilo, meu maior problema seria para adentrar a escola e conseguir subir a casa Ofélia sem ser pega. Felizmente, o portão se encontrava aberto facilitando minha rota. 

Caminhei nos arredores, tentando não ser vista, quando de repente vejo um monitor distante, e logo, sou pega de surpresa por outra pessoa atrás. A pessoa que me pegou leva uma mão a tampar minha boca e logo reconheço os dedos, "Tyler" penso desanimada.
O monitor desaparece de nosso campo de visão e me viro para o Tyler.

— O que está fazendo aqui? — questiono-o estressada.

— Eu estava indo fazer o meu trabalho na cantina. — o mesmo para e inspira com força meu cabelo. — Café, cerveja e... Meu quarto? — pergunta, soltando um sorriso sarcástico.

— Enlouqueceu? - pergunto, visivelmente mentindo.

— A mim você não engana, Wandinha. — inspira mais uma vez. — Está com meu cheiro impregnado em você, e, muito mais forte do que se tivesse passado a noite comigo. — fala enquanto solta uma gargalhada baixa. — Como está o meu pai?

— Pensei que saberia, já que ele é o seu pai. - digo, ríspida.

— Não o vejo há meses. — ele fala, aparentando não estar tão feliz.

— Porque a viatura não está mais lá? E o Elvis nem sequer percebeu a minha presença... - questiono-o.

— Ele perdeu a licença para atuar, Wandinha. Ele me acobertou durante meses. - disse, tristonho. — Perdemos o Elvis para a polícia também, já que ele é um cão farejador.

Não sabendo o que dizer ao mesmo, ficamos em silêncio por alguns segundos. Observei o caminho e vi que o monitor ainda estava na região, para quebrar o gelo decidi soltar um comentário ácido.

— A parte mais interessante de hoje foi definitivamente invadir o teu quarto. Fico me perguntando em quanto tempo você conseguirá pagar por uma janela nova. — encaro-o seria e percebo que o mesmo nem se move. — Quem é Henry? — vi o seu rosto tornar-se surpreso e cômico, parecia não ligar muito para a pergunta, mas respondeu:

— Wow, Wandinha, você está cada dia mais louca, Haha. Investigou até as minhas anotações de matemática, hein? - sorriu energeticamente. — Houveram outras pessoas em minha vida antes de você, Wandinha.

Tyler Galpin é bissexual, e eu nem sequer imaginava, pois todas as vezes que havia uma interação entre nós eu era muito apática para me permitir conhecer mais sobre o mesmo.
Eu estive tão focada em mim e na investigação a meu redor que nem sequer percebi que ele era o Hyde durante todo o tempo, mesmo estando bem a minha frente.

— Você está com ciúmes? — ele pergunta, me lendo por inteiro. Parecia poder farejar todos os meus pensamentos.

— Tyler, eu te xingaria, mas você não vale o linguajar baixo. — saio caminhando em direção a casa Ofélia, notando que o monitor havia desaparecido.

— Hahaha, eu te adoro, barbie anjo da morte. - diz, me pentelhando.

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Chegando ao quarto, abro a porta e vejo uma loba sentada em cima de minha cama, ao lado da mesma vejo o Mãozinha.

— Posso saber onde você estava? — pergunta Enid, furiosa.

— Não posso te dizer agora. — falo, indo em direção ao meu closet.

— Você está me assustando com as suas atitude. - diz, com uma voz chorosa. — Eu não quero que se aproxime do Tyler nunca mais.

— Eu não posso prometer isso agora. — falo fria.

— Você nunca pode fazer nada por mim, Wandinha?! — ela gritar furiosa.

— Eu entendo o motivo da sua fúria, mas eu nunca mais envolvi ninguém ou coloquei alguém em perigo novamente. — digo ríspida. — O que significa que eu posso ir e vir quando eu quiser.

— Ah, então é assim que você quer, Wandinha? Então tudo bem, fique com a sua solidão. - retirou uma mochila debaixo da cama e foi até a porta. "Ela tá estava planejando ir", penso desolada. A mesma sai do quarto batendo a porta antiga de madeira.

Eu queria poder explicar, queria poder compartilhar tudo isso, mas envolvê-la seria prejudicá-la e eu não queria vê-la sofrendo por motivo algum.

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Votem bastante pessoal, vamos subir o ranking de presagio!
Quero avisá-los que o próximo capítulo promete cena hot, mas caso não haja interesse em ler, informo que ao pular a cena hot não haverá interferência na trama da fanfic. 

Abraço! 

𝙥𝙧𝙚𝙨𝙖𝙜𝙞𝙤 𝙙𝙞 𝙢𝙚𝙧𝙘𝙤𝙡𝙚𝙙𝙞́ - Tyler x Wandinha x XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora