CAPÍTULO IV

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Thalia era uma excelente guia da universidade, conhecia muito bem o campus e era extremamente detalhista, tinha um olhar apurado. Além disso, ela era muito legal.

A mexicana era a personificação do esteriótipo latino, uma pessoa extremamente alegre, falante, ama festas, espontânea e criativa. Fisicamente, também era "guapísima", uma morena, cabelos ondulados de cor castanho escuro, olhos cor de mel, devia medir em torno de 1,65 m. Ela era encantadora.

Os mexicanos e demais latinoamericanos que víamos Thalia me contava quem eram. Houve um uruguaio que senti que mexia com ela, Mathias Martínez, estudava algo relacionado a tecnologia e era um gato, ou seja, nerd e gato.

O campus também era encantador, muito bem cuidado, prédios limpos e que recebia muita atenção, muita natureza, árvores, gramas, flores. Sem contar a diversidade de pessoas, víamos muitas pessoas de diferentes nacionalidades e origens.

—Estou encantada com o campus era encantador, com muita natureza e prédios bem cuidados. - respondi.- No Brasil, há muito abandono das universidades, a ciência é desvalorizada.

- Realmente, o campus é lindo. - comentou ela.- Os europeus tem um carinho grande pelas suas universidades. - Sabe, eu estou morando aqui há quase três anos, cada vez me encanto mais, o mais complicado é a frieza deles, nada de abraços, toques ou muito sentimentalismo. Ainda bem que agora somos duas latinas.

- Siiim!!- respondo enquanto ela me abraça. -   A cultura latinoamericana é diversa, mas somos mais próximas culturalmente do que os demais.

Ela sorriu e me abraçou.

— Ops. Desculpa. Estou feliz em ter alguém pra poder abraçar, os alemães não gostam muito de abraços e de demonstrações públicas de afeto. São bem frios. —salientou Thalia.

—Eu só não sinto saudades de abraços ainda, porque ganhei muitos antes de vir.

Rimos e começamos a comentar sobre as diferenças culturais. A mexicana me  contou das confusões culturais que acontecem, e até o fato de que quando as coisas dão errado nos experimentos já aprendeu xingamentos que vão desde o croata até o alemão.

—Uma vez resolvi sair com um alemão. —Thalia contou. — Ele era bem distante, e eles não são como os estadounidense que beijou tá namorando, mas eles são mais frios, nada caliente. Poxa, eu sou mexicana.

— Nem me fale de relacionamentos. — comentei. — Tive duas experiências bem traumáticas. Uma um quase algo, que nunca foi nada, mas partiu meu coração. E um relacionamento que o cara me abandonou porque eu era chata por estudar e ser mais inteligente que ele.

—Sinto muito. — disse Thalia, enquanto me abraçava.

— Foi um livramento, ele não me apoiava, me deixava desmotivada até. —contei. — Sabe, ele dizia que eu nunca seria aprovada no exterior, que mesmo com diplomas ele receberia mais que eu. Péssimo, foi sorte, ele ir por vontade própria. Relacionamentos tóxicos só parecem tóxicos quando acaba e quem vê de fora.

— Sorte que tu se livrou dele. Sei que é extremamente difícil, muita gente não consegue. — falou a mexicana.

—Eu consegui sair, foi dois anos de namoro, não durou mais porque ele se cansou de mim e dos meus estudos. Foi por conta própria. Mas, quando ele foi, eu procurava pontos em que eu haviam errado pra mudar.   — disse.— Só que nunca fui a errada.

—Ele era ridículo.

— E muito. — comentei.

Thalia é daquelas pessoas que você se sente confortável pra conversar, foi fácil contar pra ela dos meus traumas românticos. Desde esse relacionamento decepcionante, eu estava a 3 anos solteira, meu relacionamento era com a ciência.

Voltamos ao laboratório e encontramos todos focados no seu trabalho. A Sra Krüger me chama para conversar em particular.

- Gostou do passeio? — pergunta ela.

— Amei! Encantada mais ainda com o campus e a universidade. — ela sorri com a minha resposta.

— Indo direto ao assunto da pesquisa. Por que abelhas? — indaga ela.

— São muitos motivos. — respondo. — Abelhas são fundamentais na polinização, cerca de 70% dos nossos alimentos são produzidos graças a elas. As abelhas já foram eleitas o ser vivo mais importante do planeta Terra. Elas são vítimas frequentes de inseticidas usados incorretamente, onde muitas colméias são dizimadas.

— Prossiga.

— A diversidade genética de abelhas, em especial as que sobrevivem as danos dos inseticidas, pode nos auxiliar a manter elas vivas, a preservar a diversidade de espécies nativas e fundamentais na polinização das espécies. As abelhas proporcionam frutos de melhor qualidade, menos defeituosos e mais padronizados.

— Excelente. Então, quer entender a diversidade das espécies nativas brasileiras de abelhas?

—De algumas espécies, as mais conhecidas. — acrescento e ela sorri.

Começamos a discutir como prosseguir e planejar a pesquisa, organizando os próximos passos e como faríamos as análises, porque eram dados brasileiros sendo trabalhados do outro lado do oceano.

Antes que me questionem o porquê trabalhar os dados brasileiros na Alemanha, a universidade de Bochum era uma das poucas no mundo a ter alguns equipamentos específicos para análise da diversidade genética. Equipamentos caros demais para se comprar no Brasil, por isso resolvi estudar fora do país.

 

Love & Bee 💛🐝  - Julian Brandt Onde histórias criam vida. Descubra agora