Capitulo 1

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como é possível contar a historia da minha vida se nem eu própria a conheço?, Entao, tudo começou quando,... oh!! que falta de educação na minha, nem me apresentei, Alexis, tenho 15 anos, vivo num centro de acolhimento, algures por East London, que por algum motivo não tem nome, mas, como eu estava a dizer... tudo começou quando....


(HÁ 9 ANOS ATRAS...)


Estou fechada num quarto do tamanho de uma banheira, o cheiro a fumo paira no ar, assim como outros odores nojentos que eu não sei de que são, ouço os meus pais a gritar na sala ao lado, sobre não terem dinheiro suficiente para comprarem nada. "temos de voltar a tirar fotografias, alguém há de querer comprar aquela coisa", fala o meu pai, com um tom de nojo na voz, ouço passos a vir na direção do meu quarto, a minha mae entra e agarra-me pelo braço puxando-me para a sla, eu não quero ir, não gosto daquilo então faço força e tento sair dali mas o meu pai bate-me na cara, e depois nas costas, e manda-me ao chão, eu sinto dores no corpo todo, sinto o sabor a sangue na boca... Quero sair daqui!... com muito esforço levanto-me e vou a correr para a rua a gritar, sinto uma mao a tapar-me a boca e, Preto, vejo tudo preto...

Quando dou por mim acordada, estou diante de uma grande porta velha de madeira castanha, então ouço a voz da minha mae no meu ouvido "Aqui vais viver melhor" e simplesmente desaparece... deixando-me ali sozinha.

Estou tao confusa, o que se esta a passar?, onde estou eu?, a minha mãe?... como foi ela capaz de me deixar aqui sozinha com estas 5 senhoras a olhar para mim e a tentar falar comigo?... mas eu não as entendo, eu nem consigo falar, eu tento, mas sinto uma força na garganta e vejo tudo a minha volta a andar a roda!. Por favor, quero uma cama para me esconder, adormecer e acordar ao lado da minha mãe.


(Atualidade!!)


Sim, foi assim que tudo começou, ou aquilo que eu me lembro de ter começado, pouco mudou desde esse dia, continuo sem falar com ninguém, a dor na garganta nunca passa, a vontade de gritar e não conseguir sufoca-me eu quero chamar pela minha mae, será que ela ainda se lembra de mim?, faz hoje 9 anos que ela me deixou na porta deste centro com as 5 irmãs a olhar por mim, será que ela chora de saudades assim como eu choro por ela?, queria tanto perguntar isto a mulher que um dia me abandonou ás mãos destas 5 senhoras, por exemplo a Irmã Laura, uma senhora já com os seus 50 e poucos anos, de olhos castanhos escuros, pesados, é uma mulher arrogante, mas eu vejo nos olhos dela um profunda tristeza, um passada doloroso, uma vida de tormento, vejo nela aquilo que vejo em mim, magoa, medo, saudade, e graças ao ser Ar de antipática nenhuma das crianças aqui dentro falar com ela, todas a evitam, já eu sou a única que a hora de almoço e jantar divido a mesa com ela, sempre sem falar, em 9 anos que aqui estou, irmã laura só tentou falar comigo nos primeiros dias, quando entendeu que eu queria silencio e então desde então que me respeita, almoça comigo e parece que ambas falamos no silencio, e quando a hora de refeição acaba, sinto-me mais leve, como se tivesse gritado aos 7 ventos tudo aquilo que eu sinto e quero dizer mas a força na garganta impede-me .

Memórias de um silêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora