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Dizer que eu me engasguei com a maçã foi pouco; eu não apenas engasguei, como engoli minha própria saliva e fiquei tossindo igual um cabrito velho e socando meu peito como se eu não tivesse costelas. Tudo isso com o celular em mãos, aberto nas mensagens, onde aquela em específico de Hatsume ainda me rondava. Sangue? Aquela droga era sangue?
Meu primeiro reflexo após recuperado da quase morte engasgada, foi pegar meu celular e respondê-la rapidamente.
Denkizin da Trovoada
Estarei aí às dez.Desligo o aparelho e o deixo de lado, apoiando meus cotovelos em meus joelhos depois de largar a maçã na mesinha. As informações ainda estão tentando se adaptar à minha mente conturbada, pensando em tudo num todo. Calma, vamos por partes Denki, se não você explode.
Surgiu uma droga no mercado do submundo das mitologias. Certo. Essa droga é capaz de transformar seres mitológicos de volta à sua humanidade, mesmo aqueles que nunca foram humanos. Beleza. A droga é limitada. Show. E ela é, na mais pura realidade, sangue.
Da hora, da hora.
Talvez isso explique o fato dela ser limitada. Mas tipo, é o sangue de quem? É de mais de um bicho? Ou talvez… um ser mitológico? Mas qual? Não me lembro de nenhum que tenha esse poder em questão. Será que mais alguém sabe disso? O grupo Kaisen sabia disso?
Dou outra mordida na maçã. Estou me sentindo obrigado a rever todo o meu conhecimento sobre o mundo mitológico para averiguar essa situação. Eu posso achar alguma coisa, sim? É.
Me levanto com a maçã em mãos, indo até meu ateliê, onde eu também guardo algumas — várias — anotações sobre esse mundo, quando eu ainda estava estudando e reportando as coisas que eu descobria. Hoje em dia eu quase não faço mais isso, porque eu já dissequei muitas coisas, mas se eu encontro algo novo, eu anoto.
Isso tudo fica num canto do meu ateliê, e todas as vezes que alguém me questionava sobre, eu dizia ser tudo invenção da minha cabeça para agregar minhas obras. E não é que ninguém nunca questionou?
Pego tudo e jogo na minha mesa, olhando com certa fissura. Deve ter alguma coisa com sangue capaz de fazer isso, né? Claro que tem!
[ . . . ]
Não tem! Não tem? Não tem!
Eu praticamente revirei todo esse lixo, e não encontrei porra nenhuma! Já são quase 19h00m da noite — sim, passei o dia todo lendo e relendo, sem comer, sem cagar e nem mijar — e eu fiquei aqui, queimando neurônios e bitucas de cigarro no cinzeiro, xingando Deus e o mundo a cada tópico que eu passo sem ter as respostas que eu procuro. Dou a última tragada e apago no cinzeiro ao meu lado, respirando fundo e passando as mãos pelos meus cabelos, jogando-os para trás. Eu tenho algumas opções de possíveis conclusões desse caso, como um bom Sherlock Holmes loiro e maconheiro.
1. Esse sangue é de algum ser mitológico que eu magicamente não conheço;
2. O sangue pode ser alguma consequência de alguma habilidade fora daquelas designadas por seja lá o que que essa porra seja;
3. Uma merda de alien.
Dou um suspiro, desistindo daquela bagunça toda e me levantando bruscamente. Pego mais um cigarro, o acendendo e perdendo a conta de quantos eu já fumei hoje. Um latejar forte me faz massagear a cabeça, e então decido sair do meu ateliê e ir até minha cozinha, com o intuito de sei lá, beber uma água e tentar relaxar. Chego até lá e bebo um copo de água gelada, e sigo até minha varanda com o cigarro na boca. Abro a porta e vou até o corrimão, me apoiando nele e vendo a paisagem. É inevitável eu não me lembrar de Shinsou.
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Purplish Vampire II
Fanfic" Overhaul foi completamente derrotado pela Liga, porém, não foi morto, trazendo novamente a paz no mundo dos humanos e das mitologias. Depois do desaparecimento de Shinsou Hitoshi, Kaminari pensou, mesmo que fosse algo triste, que poderia finalm...