Em Busca da Ordem da Fênix

Capítulo III - O primo Sirius

Na mansão que um dia foi dos Black (hoje, só de Sirius) havia muitos cômodos, e algo em um deles despertou a curiosidade de Mel: um piano. Ela sabia tocar desde criança e gostava bastante do som que ele fazia. Ela se deu conta de que não tocava um piano há bastante tempo, e aproveitou o momento em que estava sozinha no cômodo para sanar a sua vontade. 

Ela se sentou em um dos dois banquinhos de tampo redondo e começou a tocar sua música favorita. Logo ela estava imersa na melodia e nem se deu conta que Sirius havia entrado e a observava. Quando ela terminou, ele disse:

- Você é ótima nisso.

- Ah - disse ela, surpresa. - Obrigada.

- Me lembro que sua mãe também tinha talento para música. Foi ela quem te ensinou?

- Foi... Eu sempre a vi tocando, e quando eu tinha 6 anos ela perguntou se eu queria aprender. 

- E pelo visto você quis.

- Sim, sempre achei o piano muito bonito. Meu irmão também queria aprender, mas ela e meu pai disseram que ele era menino e tocar piano era coisa de menina. Eu nunca concordei muito com isso, sabe. Não faz sentido definirem o que alguém pode fazer pelo seu gênero.

- Também acho uma grande besteira... Meus pais eram como os seus, então tive que aprender sozinho.

- Você sabe tocar piano?

- Sei - disse ele, se aproximando. - Posso? - e ela concordou com a cabeça. 

Sirius se sentou no banquinho que estava sobrando ( à direita de Mel) e começou a tocar. "Nossa, ele toca muito bem", pensou Mel. Ela conhecia a música que ele estava tocando, então começou a tocar a parte da mão esquerda enquanto Sirius tocava a parte da mão direita. Ao terminarem, eles sorriram e continuaram a conversar.

- Você parece comigo, sabe - disse Sirius. - E eu fugi de casa mais ou menos com a mesma idade que você.

Mel abaixou o olhar. Ela estava feliz por ter fugido e por estar livre, é claro, mas estava preocupada com o que seria dela dali pra frente.

- E onde você foi morar? - perguntou ela, voltando a olhar para Sirius.

- Na casa do pai do Harry. Os pais do James praticamente me adotaram como um segundo filho.

- O jantar está pronto!! - gritou a Sra. Prewett, então eles interromperam a conversa e foram comer.

Conforme as aulas se aproximavam ele começaram a organizar tudo e a comprar os materiais. Também chegaram os distintivos dos novos Monitores: Mione e Ron. Talvez Mel quisesse ser monitora, mas sua cabeça estava bem longe de tudo isso. Ela estava com medo do que seria dela depois do 5º ano.

Um dia antes de voltar à Hogwarts, Mel estava na janela do cômodo do piano, perdida nos seus pensamentos. Ela relembrava várias coisas que viveu na Mansão Malfoy e tentava imaginar  como seus pais estariam agora, se importavam-se com o fato dela ter fugido. Mas também não conseguia se ver voltando para lá no próximo verão, então como seria?

Sem que Mel percebesse, lágrimas silenciosas rolavam em suas bochechas. De repente, seus devaneios foram interrompidos por Sirius:

- Com medo do que virá?

- Ahn...? - disse ela enxugando as lágrimas. - Ah, sim. Talvez medo seja a melhor palavra.

- Eu também tive muito medo quando fugi - disse Sirius, se aproximando dela. 

- Mas era um pouco diferente, né. Tipo, você tinha pra onde ir, eu não tenho - ela estremeceu e acabou voltando a chorar. - É uma merda isso. Eu não queria que eles me odiassem! Eu não queria ter que fugir da minha própria família! -  Cuidadosamente, Sirius a abraçou. Um abraço tão protetor, sabe, diferente de todos os outros abraços que ela já tinha recebido.

Depois que Mel chorou um tempo e eles desfizeram o abraço, Sirius disse:

- Olha, depois que tudo isso acabar, o Harry vai vir morar comigo, e eu acho que essa casa é grande o suficiente pra você também... - Ele mal terminou de falar e Mel o olhou com um brilho esperançoso nos olhos. 

- Sério?? Tipo, morar com vocês?

- Sim! Bom, eu não sou seu responsável legal então seus pais poderiam vir atrás de mim e...

- Não acho que eles viriam. 

- Então, a não ser que você encontre um lugar melhor, eu vou estar te esperando aqui no próximo verão - Mel sorriu e o abraçou, agradecendo. Sirius havia se mostrado uma pessoa muito diferente do monstro pintado pela família Black e por toda a mídia bruxa, e Mel estava amando conhecê-lo.