1. Anotações Iniciais do Diário de Motten

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"Que a chama do fogo da forja real knoxiana queime em seus corações patrióticos…"

Trecho retirado de uma anotação de um prisioneiro de guerra no Império Real de Knox.

Eu queria ser igual ao meu pai, eu juro que queria. Soldado Motten, ano de mil oitocentos e vinte e dois, distinção de seu agrupamento por ter matado um contingente de bastardos na qual estava atentando contra o bem estar do Império (distinção apenas para os colegas de pelotão do meu pai. Para os oficiais e Cavaleiros, ele era mal visto. Explicarei melhor depois). Meu pai estava em um dos postos do Império, sempre muito atento com tudo que havia ao seu redor. Logo no horizonte, quando a Lua se encontrou com a sexta torre real do Império de Knox, próximo a sua passagem de posto para outro sentinela assumir seu lugar, ele viu movimentações suspeitas próximo ao pátio real de Knox e tirou suas conclusões: o Império estava sendo invadido.

Meu pai entrou em desespero, mas se lembrou de todas as instruções que havia recebido em seu período básico como soldado mínimo. Então, seu desespero exacerbado foi voltando à fase de concentração e foco, relembrando do que era pra fazer em uma situação de AVI (Alerta Vermelho Iminente) e dos três passos principais para enfrentar um inimigo: ARC (Atenção; Rapidez; Coragem). Com muita calma que havia sido recuperada, fincou a lâmina contra dois bastardos distraídos na entrada do Reino de Knox onde estavam fazendo a vigilância da invasão, eliminando-os. Restavam dez, na qual se encontravam espalhados entre a torre principal, a sala da forja e o pátio principal da Fonte dos Milagres.

Ele foi progredindo, passo por passo por todo Império.

Era para meu pai ter alertado os demais soldados da guarnição, mas ele não fez isso, pois iria chamar atenção dos bastardos que restavam, comprometendo o AVI e todos os seus protocolos e regras. A cada passo que dava no silêncio do Pátio Real Knoxiano, seu coração acelerava. Era uma adrenalina que nunca ele sentiu em seus dezenove anos de vida.

Chegou próximo a porta da sala da forja. Haviam três bastardos dentro do armazém onde eram armazenados espadas, escudos e armaduras para os soldados. Todos se apropriaram dos equipamentos de primeira que havia no armazém. Visto o que eles haviam feito, meu pai não hesitou e foi adiante com o plano de eliminar todos. Ouviu de lá de dentro: "Ei, vá fazer a contenção na porta. Qualquer coisa, grite para nós." Foi um alívio. Parecia que um ser divino observou o momento que meu pai estava e quis aplicar seus dotes milagrosos em prática.

O bastardo que saiu não era tão esperto. Ele ficou de costas vendo os seus amigos lá dentro da sala. Meu pai chegou por trás e, apunhalando-o no pescoço com uma pequena adaga na mão esquerda e, na mão direita, cobrindo a boca do bastardo, matou-o da forma mais silenciosa possível. O coitado nem se debateu, apenas aceitou seu pacato fim de vida. Seu olho logo fechou quando a lâmina atravessou sua glote, deixando uma poça enorme de sangue na entrada da sala.

Meu pai escondeu o corpo rapidamente e adentrou na sala da forja. Não dava para esconder todo aquele sangue, então pensou que era viável partir pra cima dos dois restantes, matando-os da maneira mais rápida e silenciosa, para que ninguém descobrisse onde ele estava.

- Cara, estamos ricos! Olha o tanto de espadas, iremos vender todas no mercado negro. - Dizia o bastardo lacrimejando os olhos de tanta alegria

- Essa espada vale mais de 235 moedas Knoxianas, cara!

- Pegue tudo que puder, partiremos daqui a pouco.

Ele viu os dois conversando e decidiu fazer a decisão mais estúpida da vida dele, porém, a única viável em um momento tão crítico: jogá-los no fogo da enorme forja da sala da forja. Não tinha jeito, tinha que ser dessa forma. 

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